Combustíveis e Bioenergia

Joe Biden anuncia liberação de 60 milhões de barris de reservas estratégicas

Os contratos do Brent no mercado internacional são negociados acima dos US$ 110

Vice-presidente dos EUA, Kamala Harris; presidente dos EUA, Joe Biden e a presidente da Câmara, Nancy Pelosi (reprodução C-SPAN)
Vice-presidente dos EUA, Kamala Harris; presidente dos EUA, Joe Biden e a presidente da Câmara, Nancy Pelosi (reprodução C-SPAN)

O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou na noite desta terça (1º) que os EUA e 30 outros países chegaram a um acordo para liberação de 60 milhões de barris de reservas estratégicas de óleo, para compensar os efeitos da invasão russa à Ucrânia.

“Nesta noite, posso anunciar que os EUA trabalhou com 30 outros países para liberar 60 milhões de barris de reservas ao redor do mundo. Os EUA vão liderar esse esforço”, disse.

Metade do volume virá de reservas controladas pelo governo dos EUA.

Os contratos do Brent no mercado internacional são negociados acima dos US$ 110, um patamar que não era visto desde antes da crise de 2015, quando a cotação da commodity despencou.

Isso provoca uma nova pressão inflacionária global, que vai além da energia e afeta minérios e produtos agrícolas, enquanto países ainda lidam com os efeitos da recuperação e estímulos econômicos criados após o início da pandemia de covid-19.

Empresas globais prometem deixar negócios na Rússia

Segundo informações da Reuters, comercializadoras globais já evitam fazer negócios com óleo da Rússia, mesmo sem a imposição de sanções diretas sobre as exportações da commodity do país.

Ao mesmo tempo que o conflito é intensificado na Ucrânia, petroleiras, companhias de energia, gás, transporte marítimo e de outros setores têm anunciado que deixarão negócios no país.

Equinor, bp, Shell e, mais recentemente, a ExxonMobil anunciaram que deixaram os negócios bilionários no país.

A China contudo, grande importadora de commodities, contudo, rechaça as sanções à economia da Rússia.

Fósseis x renováveis na política americana

A crise de suprimento de petróleo, por sua vez, movimenta a política americana.

O American Petroleum Institute (API), principal associação global da indústria, que atua nos EUA, cobra a retomada da expansão de oferta de áreas e ações do governo para acelerar a produção doméstica e a expansão de infraestrutura.

Biden foi eleito, contudo, sob uma plataforma de ‘reconstrução verde’.

Nesta terça (1º), Biden defendeu concessões de créditos tributários para investimentos em eficiência energética, elevar a produção de energia solar e eólica e a redução dos preços dos carros elétricos.

“Vamos cortar os custos de energia para as famílias”, disse.

A estratégia, no discurso, foi a de enquadrar os combustíveis fósseis como uma fonte mais cara, sujeita a volatilidade internacional.

Por mais que a Casa Branca venha atuando para pressionar a OPEP+ para aumentar a oferta de óleo e ajudar a inflação, internamente, segue defendendo que a economia americana precisa reduzir a dependência da commodity fazendo a transição para novas fontes.

A perda de poder de compra dos consumidores americanos atinge duramente a popularidade de Biden, que assumiu um país fragmentado após as eleições de 2020, que terminaram com a invasão do capitólio por manifestantes instigados por Donald Trump.

“Vamos usar todas as ferramentas à nossa disposição para proteger negócios e consumidores americanos”, disse Biden, após anunciar novas sanções.

Discurso no Congresso dos EUA mira Putin e sanções

Biden fez o discurso anual perante a sessão conjunta do Congresso dos EUA – o State of The Union. Diante da crise no leste europeu, a mensagem foi direcionada a Vladimir Putin, presidente da Rússia.

O evento contou com a presença de membros da diplomacia ucraniana no plenário do Senado dos EUA; alguns parlamentares usavam adereços e bandeiras com as cores da Ucrânia, que enfrenta os avanços de tropas russas sobre a capital Kiev e outras regiões.

Segundo o presidente Democrata, a mobilização de tropas americanas ficará restrita aos aos membros da OTAN, sem o envio de soldados para combater os russos em territórios ucraniano.

O foco, diz, serão ações para atingir a economia russa e a capacidade de Moscou de financiar a guerra.

Sob aplausos de Democratas e opositores Republicanos, Biden anunciou que os EUA vão mirar ativos e negócios dos oligarcas russos, impedir os esforços do Banco Central da Rússia em preservar o valor do rublo e bloquear o país do sistema financeiro internacional.

“Vamos confiscar seus iates, seus jatos particulares”, disse Biden.

Os “oligarcas” são como ficaram conhecidos o grupo de empresários que assumiu o controle de setores-chave da economia russa, após o fim da União Soviética, incluindo energia, petróleo e gás, durante as duas décadas de poder de Putin.