RIO – Os investimentos globais em exploração de petróleo e gás natural voltarão a crescer e devem atingir uma média anual de US$ 22 bilhões nos próximos cinco anos, estima a consultoria Wood Mackenzie. Desde 2020, os gastos exploratórios têm permanecido abaixo dos US$ 20 bilhões.
O crescimento está previsto para começar em 2023: um aumento de 6,8% em relação ao ano passado. A recuperação, no entanto, não será suficiente para fazer o mercado voltar aos níveis vistos na década passada.
Entre 2006 e 2014, os investimentos exploratórios globais chegaram ao pico de US$ 79 bilhões por ano, em média, em números atualizados.
Segundo a consultoria, os novos investimentos previstos até 2027 serão feitos sobretudo pelas grandes petroleiras privadas globais (as majors) e as estatais, em águas profundas e ultraprofundas.
Petroleiras serão mais ousadas, prevê Wood Mackenzie
O maior aumento nos investimentos ocorrerá principalmente na Margem Atlântica da África e no Mediterrânio Oriental.
“Existem regiões em que os prospectos estão sendo mapeados com dados sísmicos recentes, como o Uruguai, o sul da Argentina e as águas profundas na Malásia”, destaca a diretora de pesquisa global em exploração da Wood Mackenzie, Julie Wilson.
A atual retomada nas atividades exploratórias ocorre num contexto de maior busca por segurança energética e surgimento de novas fronteiras.
“As empresas exploratórias vão se tornar mais ousadas nos próximos anos”, complementou Julie Wilson.
Outro fator que favorece o aumento nos investimentos em exploração são os altos retornos recentes, que têm permanecido a uma taxa acima de 10% desde 2018, chegando aos 20% em 2022 – resultado da maior disciplina de custos nos últimos anos e maior seletividade na escolha dos prospectos perfurados e ganhos de eficiência.
“Esses resultados positivos aumentaram a confiança na exploração”, diz.
Consultoria minimiza riscos de falta de petróleo
Ainda assim, o crescimento das atividades exploratórias não fará os investimentos retornarem aos recordes vistos no passado. Segundo a Wood Mackenzie, isso ocorre porque faltam no mercado ativos de alta qualidade que atendam às métricas econômicas e de disciplina ambiental, social e de governança (ESG) atuais, no contexto da transição energética.
Além disso, as companhias seguem focadas na disciplina de capital e têm evitado aumentos excessivos de gastos.
Apesar das preocupações com o subinvestimento em exploração e produção, o pico da demanda de óleo e gás poderá ser atendido, na década de 2030, sem a necessidade de um aumento substancial nos níveis atuais de investimentos da indústria petrolífera – da ordem de US$ 500 bilhões por ano, segundo a Wood Mackenzie.
- Para aprofundar: Vai faltar petróleo no mundo? Consultorias minimizam alertas sobre subinvestimento no setor
Os gastos atuais em exploração e produção representam um pouco mais da metade do pico de US$ 914 bilhões de 2014 – uma diferença que, segundo a consultoria, tem alimentado uma crença generalizada de que o setor está investindo pouco e que uma crise de oferta é inevitável, mais cedo ou mais tarde.
De acordo com a Wood Mackenzie, contudo, níveis de investimentos não muito superiores aos patamares atuais podem fornecer o suprimento necessário para atender à demanda até seu pico e além, devido a três razões principais:
- o desenvolvimento de gigantescas reservas de baixo custo
- a implacável disciplina de capital das petroleiras
- e uma melhoria transformacional na eficiência do investimento