Diálogos da Transição

Investimento em eficiência precisa triplicar até 2030

Investimento em eficiência precisa triplicar até 2030. Na imagem: Torres de transmissão de energia elétrica, com pôr do sol ao fundo e céu nas cores amarela e laranja (Foto: Pixabay)
Torres de transmissão de energia elétrica (Foto: Pixabay)

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Diálogos da Transição

eixos.com.br | 19/11/21
Apresentada por

Editada por Nayara Machado
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Políticas governamentais devem ajudar a aumentar o investimento em eficiência energética em 10% em 2021, para quase US$ 300 bilhões. No entanto, para ser consistente com os níveis previstos no cenário de emissões líquidas zero até 2050 da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês), o investimento anual geral precisaria triplicar até 2030.

O alerta faz parte de relatório lançado esta semana pela agência, logo após a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26).

Ganhos em eficiência estão retornando aos níveis pré-pandêmicos, mas permanecem bem abaixo do ritmo necessário para descarbonização do setor de energia.

Em 2021, estima-se que a intensidade energética global — uma medida fundamental da eficiência energética da economia — melhore (ou seja, caia) em 1,9%, depois de queda de apenas 0,5% em 2020.

Falta política. A IEA diz que os governos precisam liderar a mobilização desse investimento, como programas centrais para financiar (ou subsidiar) renováveis. O ideal é que a média fosse de 4% ao ano entre 2020-2030.

“Consideramos a eficiência energética o ‘primeiro combustível’, pois ainda representa a forma mais limpa e, na maioria dos casos, a mais barata de atender às nossas necessidades de energia”, comenta Fatih Birol, diretor executivo da IEA.

O relatório observa que os governos aumentaram os programas existentes de eficiência, mas há ainda um potencial substancial inexplorado em economias emergentes. Os países ricos investem mais, mas os pobres têm mais a ganhar.

A agência propõe que países em desenvolvimento usem os pacotes de recuperação pós-covid para impulsionar investimentos na área, o que criaria empregos e promoveria o crescimento econômico.

  • Em 2015, o governo mexicano trabalhou com o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Fundo de Tecnologia Limpa para lançar o Seguro de Poupança de Energia (ESI, em inglês), o primeiro programa a usar mecanismos de seguro para lidar com os riscos de projetos de eficiência energética. 

  • O ESI está sendo demonstrado em sete outros países latino-americanos, incluindo Brasil, Colômbia e Peru. Se totalmente implementado nesses sete países, poderia gerar até US$ 100 bilhões em investimentos e reduzir as emissões em até 234 MtCO2 por ano até 2030.

Além de políticas de eficiência energética bem desenvolvidas, como padrões de eletrodomésticos — que em alguns países têm evitado o uso de eletricidade equivalente à geração total de energia eólica e solar — o relatório também destaca o papel cada vez mais importante das tecnologias digitais no futuro da eficiência energética.

No Brasil, a crise. Durante a COP26, o presidente do BNDES, Gustavo Montezano. anunciou que a instituição de fomento usará R$ 40 milhões do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) para criar o FGEnergia — um fundo garantidor para empréstimos voltados para projetos de eficiência energética.

Com estes recursos, o banco prevê que pode garantir empréstimos de até R$ 330 milhões, já que cada real em garantia impulsiona até oito vezes o valor emprestado.

Funcionará nos moldes do Programa Emergencial de Acesso ao Crédito (Peac), criado como medida para mitigar a crise causada pela covid-19.

Um estudo do Instituto Clima e Sociedade mostra que o Brasil é o único entre as economias emergentes cujo consumo de energia cresceu, nos últimos vinte anos, a taxas acima da produção econômica.

Ou seja, usamos mais energia para produzir o mesmo montante de riqueza em comparação com outros países — um sinal de baixa eficiência.

O país também figura em 20º lugar no ranking dos países que mais avançaram em políticas de eficiência, ficando atrás do México, Indonésia, Índia e China. Veja o documento na íntegra (.pdf)

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Vale um destaque: A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) abriu ontem (18) inscrições para a Chamada Pública de Projetos de Eficiência Energética 2021, no valor total de R$ 140 milhões.

As propostas devem ser voltadas à melhoria das instalações, com substituição de equipamentos ineficientes, e instalação de fontes de geração incentivadas.

O prazo para o envio de projetos termina no dia 20/12/2021. Veja regras

Plataforma para economizar energia. Ambev, Gebras, Schneider Electric e Pacto Global da ONU estão expandindo a plataforma de eficiência energética SaveE para ajudar bares e restaurantes espalhados pelo Brasil a reduzirem o consumo de energia elétrica.

Inicialmente voltada para indústrias, a plataforma analisa e traça um diagnóstico de consumo dos estabelecimentos, gerando um plano de ação imediato na economia da conta de luz.

Aquecedor de água. A Abrasol (Associação Brasileira de Energia Solar Térmica) quer ampliar o uso de aquecedores solares de água como alternativa para reduzir o consumo nacional de eletricidade nos horários de ponta.

De acordo com a associação, os aparelhos são cerca de quatro vezes mais eficientes do que os painéis fotovoltaicos para o aquecimento de água e atendem a aplicações residenciais de baixa até alta renda, comerciais, industriais e serviços.

Banco de dados fósseis. Carbon Tracker e Global Energy Monitor (GEM) construíram um protótipo do primeiro banco de dados de fonte aberta, independente e acessível de combustíveis fósseis.

Registro Global de Combustíveis Fósseis pretende ser uma ferramenta para formadores de políticas, com dados sobre o nível de atividade , emissões associadas e como elas se relacionam com um caminho compatível com a meta de 1,5 °C.

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