Diálogos da Transição

Investidores sugerem restringir novos negócios em upstream

Aliança de instituições financeiras desaconselha investimento em ativos de longa duração de combustíveis fósseis

Investidores sugerem restringir novos negócios em upstream. Na imagem: Plataformas para exploração offshore de petróleo e gás (Foto: Elliott Day/Pixabay)
Net-Zero Asset Owner Alliance pede que seus membros não façam novas alocações diretas em projetos de infraestrutura de petróleo e gás upstream (Foto: Elliott Day/Pixabay)

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Editada por Nayara Machado
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Um grupo de investidores com mais de US$ 11 trilhões em ativos sob sua administração propôs, nesta quarta (29/3), limites aos gastos com combustíveis fósseis. A orientação da Net-Zero Asset Owner Alliance é que seus membros não façam novas alocações diretas em projetos de infraestrutura de petróleo e gás upstream.

“No investimento em ativos privados em novas infraestruturas inabaláveis ​​de petróleo e gás, os investidores devem se alinhar com cenários críveis de 1,5°C. Isso não pode ser alcançado se houver novos aportes em infraestrutura upstream em novos campos de petróleo e gás”, diz a aliança em comunicado.

Os 85 membros da aliança convocada pela ONU foram os primeiros investidores institucionais a definir metas intermediárias para cumprir o cronograma do Acordo de Paris.

O grupo também pede aos consumidores e fornecedores de O&G que definam metas de emissão de gases de efeito estufa (GEE) nos escopos 1, 2 e 3 enquanto alinham suas atividades operacionais, incluindo gastos de capital, com caminhos compatíveis com 1,5°C.

Este é o limite de temperatura que cientistas defendem que deve ser perseguido até o final do século para evitar eventos climáticos cada vez mais frequentes e extremos, como secas prolongadas ou tempestades arrasadoras.

O documento é sugestivo. E deixa várias janelas abertas.

Os investidores que optarem por continuar a investir em novas infraestruturas de petróleo e gás, poderão fazê-lo em “circunstâncias excepcionais”, onde “alternativas acessíveis e confiáveis ​​ainda não são viáveis” ​​ou políticas de governo e especificidades regionais influenciam as decisões de portfólio.

Podem escolher “não financiar a produção de petróleo e gás com maior intensidade de carbono”, optar por “alocar intencionalmente” mais capital para as empresas “mais prontas para a transição” e são “incentivados a investir em projetos e tecnologias” para expansão da energia de baixo ou zero carbono.

“Em todos os casos, a aliança desaconselha fortemente o investimento em ativos de longa duração que provavelmente ficarão presos em uma transição alinhada a 1,5°C”, observa. Veja o posicionamento na íntegra (.pdf)

‘Salto para trás’

Para a Reclaim Finance, ONG ambiental francesa que acompanha as ações do setor financeiro, o relatório “não exige nenhuma ação de seus membros que exerça pressão significativa” sobre produtores ou consumidores.

A organização chamou o posicionamento de “um grande salto para trás”, observando que um documento preliminar, de 2022, incluía uma linguagem clara sobre a cessação de investimentos em novas infraestruturas de petróleo e gás upstream, midstream e downstream.

“Em vez disso, o novo resumo executivo contém uma solicitação simples para as empresas de petróleo e gás: ‘praticar a disciplina em todas as decisões de financiamento de infraestrutura em alinhamento com as metas de emissões e os cenários de 1,5°C’”.

Na visão dos ambientalistas, faltam requisitos capazes de alterar os planos de negócios.

Além disso, observam que muitas das recomendações são direcionadas a governos, empresas e investidores em geral, tirando o foco das responsabilidades de seus próprios membros.

Rastreador de Políticas de Petróleo e Gás (OGPT, na sigla em inglês) da ONG mostra que 2/3 das 369 maiores instituições financeiras mapeadas não têm uma política para óleo e gás. E 96 não rastreia a expansão do O&G.

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Curtas

Biodiesel 1

O governo publicou nesta quarta (29/3) a resolução do CNPE que oficializa a decisão de aumentar a mistura de biodiesel ao diesel nos próximos anos. O percentual, hoje em 10% (B10), deve subir para 12% a partir de 1° de abril deste ano, e evoluir 1 ponto percentual anualmente, sempre em abril, até alcançar 15% em 2026.

Biodiesel 2

Entidades do setor de biodiesel defenderam, nesta terça (28/3), a rastreabilidade do biocombustível na cadeia produtiva para rebater as acusações sobre os problemas técnicos causados pela parcela renovável no óleo diesel. A ANP prepara novas regras de especificação para os combustíveis do ciclo diesel.

Agenda da indústria

Setor elétrico e créditos de carbono são prioridades da indústria no Legislativo. A agenda setorial foi apresentada pelo presidente da CNI, Robson de Andrade, na terça. A reforma tributária é outro ponto da lista.

Isenção para solar

O governo publicou nesta quarta (29/3) decreto editado pelo presidente Lula (PT) que expande o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (PADIS) à indústria de painéis solares fotovoltaicos. Criado em 2007, o PADIS oferece reduções a 0% de alíquotas de Imposto de Importação, IPI e PIS-COFINS, entre outros benefícios.