Agendas da COP

Investidores cobram políticas climáticas mais consistentes de governos

Documento assinado por mais de 500 investidores pede planos obrigatórios de transição climática

Investidores cobram políticas climáticas mais consistentes de governos. Na imagem, chaminé de fábrica liberando gases poluentes (Foto: Pixabay)
Declaração de investidores pede aos governos que atuem no combate ao aumento da temperatura global, implementando estratégias de médio e longo prazo, como a transição energética (Foto: Pixabay)

BRASÍLIA — O Institutional Investors Group on Climate Change (IIGCC, sigla em inglês) lançou esta semana um documento cobrando dos governos a execução de políticas climáticas mais consistentes e ambiciosas.

Assinada por mais de 500 investidores, a Declaração Global de Investidores de 2022 pede planos obrigatórios de transição climática e a regulamentação das empresas.

Ao todo, os signatários representam US$ 39 trilhões em ativos para alavancar as ações governamentais de enfrentamento à crise climática. Outros interessados podem se juntar ao grupo até a realização da COP27, em novembro, no Egito. Veja a declaração íntegra.

O documento pede aos governos que atuem para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 °C até 2100, implementando estratégias de médio e longo prazo como a transição energética, o fim do desmatamento, o reforço do fomento climático e o fortalecimento de divulgações climáticas no sistema financeiro. 

A expectativa é que o apelo aos governantes estimule uma transição “rápida, ordenada e justa” e a “estabilidade econômica que investidores, cidadãos e governos desejam ver”, diz Rebecca Mikula-Wright, CEO do Grupo de Investidores sobre Mudanças Climáticas. 

“Estamos encorajados pela força desta declaração coletiva dos investidores e esperamos que os governos de todo o mundo respondam ao seu apelo”, comenta Pratima Divgi, membro do Comitê Gestor da Agenda de Investidores.

Faltam estratégias

Marcada para novembro, em em Sharm El Sheikh, no Egito, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27) terá como desafio destravar recursos para financiar a transição para uma economia mais sustentável.

Desde a COP26, em novembro passado, países e empresas vêm anunciando metas de emissões líquidas zero — muitas até 2050 –, mas desacompanhadas de estratégias para alcançá-las.

Uma análise da Climate Action 100+ sobre o progresso de 166 empresas em relação ao alinhamento dos negócios com os objetivos do Acordo de Paris descobriu que apenas 17% delas possuem estratégias robustas e quantificadas para reduzir emissões de carbono em linha com o limite de aquecimento do planeta em 1,5°C.

O dado acende um alerta, já que essas 166 empresas respondem por até 80% das emissões de gases de efeito estufa industriais.

Financiamento abaixo dos US$ 100 bi

Políticas públicas para o clima adotadas no mundo até o final de 2020 levarão a Terra a um aquecimento de 3,2 ºC no fim do século, mais do que o dobro do limite do Acordo de Paris, mostra relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Os subsídios públicos ainda são um problema. Há pouco incentivo por parte das nações no que diz respeito às emissões de gases poluentes em suas regiões, além de serem escassos os programas de mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável. 

Os países ricos, por exemplo, têm falhado em entregar os US$ 100 bilhões anuais prometidos, em 2009, para auxiliar as economias emergentes e mais vulneráveis à mudança do clima.

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), houve um crescimento de 4% em comparação a 2019, mas não foi suficiente para sustentar a promessa da assistência, que deveria ser mantida até 2025.

Em 2020, foram mobilizados US$ 83,3 bilhões em financiamento climático para países emergentes ou vulneráveis fazerem sua transição e adaptação.