Guerra contra a Rússia

Ucrânia ataca oleoduto russo conectado à Hungria, Eslováquia, membros da UE e da Otan

Oleoduto fornece combustível também para Belarus e Eslováquia; ataque é o segundo à essa infraestrutura na semana

Estação de bombeamento do oleoduto Kropotkinskaya, no sul da Rússia, do Caspian Pipeline Consortium (Foto Divulgação CPC)
Estação de bombeamento do oleoduto Kropotkinskaya, no sul da Rússia, do Caspian Pipeline Consortium (Foto Divulgação CPC)

A Ucrânia atacou, nesta sexta-feira (22/8), a infraestrutura de um oleoduto que transporta petróleo da Rússia para a Hungria e a Eslováquia, em uma ofensiva para causar danos a Moscou enquanto as negociações para um cessar-fogo continuam.

É o segundo ataque contra o oleoduto, chamado Druzhba, esta semana. O primeiro ocorreu na segunda-feira (18/8), informou a agência de notícias Reuters.

O ataque interrompeu o fluxo de petróleo para os países do Leste Europeu por cinco dias. Além de Eslováquia e Hungria, que são membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da União Europeia, o oleoduto também fornece combustível para Belarus e outras nações. O fornecimento já havia sido paralisado entre segunda e terça (18 e 19/8).

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, publicou uma carta que escreveu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em que afirma que a Ucrânia atacou Druzhba poucos dias antes de o americano se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin no Alasca em 15 de agosto. Orban chamou o ataque de “um movimento muito infeliz”.

Uma foto da carta publicada por Orban no Facebook mostra o que parecia ser um bilhete escrito à mão por Trump onde se lê “Viktor, não gosto de ouvir isso, estou muito irritado com isso”. A Casa Branca não deu declarações oficiais sobre os ataques.

A União Europeia reduziu o fornecimento de energia da Rússia após a invasão à Ucrânia em 2022 e busca eliminar gradualmente o petróleo e o gás russo até o fim de 2027. A Eslováquia e a Hungria, no entanto, mantiveram laços com o Kremlin.

A UE diz que investiu em infraestrutura energética na Croácia que poderia fornecer aos dois países suprimentos alternativos.

As autoridades da Hungria criticaram a Ucrânia pelo ataque e afirmaram que os países prejudicados por ele são os europeus, não a Rússia.

“O oleoduto Druzhba é indispensável para o nosso abastecimento energético. Sem ele, o fornecimento de petróleo aos nossos países é fisicamente impossível”, escreveu o ministro de Relações Exteriores da Hungria, Péter Szijjártó, no X.

Na mesma declaração, Szijjártó afirmou que enviou, junto com o chefe da diplomacia da Eslováquia, Juraj Blanár, uma carta a vice-presidente da Comissão Europeia, Kaja Kallas, e ao comissário de Energia europeu, Dan Jørgensen, pedindo que ajam contra os ataques ucranianos à infraestrutura.

Segundo Szijjártó, a Comissão Europeia já havia prometeu por escrito agir contra tais ataques. “No entanto, após os três ataques, permaneceu em silêncio, sem tomar nenhuma medida para defender o fornecimento de energia dos Estados-membros. Bruxelas precisa entender: eles são a Comissão EUROPEIA, não a Comissão Ucraniana!”, acrescentou.

Os ataques contra infraestruturas russas fazem parte da estratégia da Ucrânia de tentar atingir o país para ter melhores condições de negociar o fim da guerra.

Moscou também realiza ataques frequentes contra a infraestrutura de energia ucraniana, o que prejudica o aquecimento de civis durante o inverno e combustível para a indústria.

A Ucrânia também causou dano a diversas refinarias russas, com o objetivo de parar as exportações de energia e criar escassez de combustível em diversas regiões russas.

Por Estado de S. Paulo

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