Internacional

Trump sinaliza abertura para diálogo sobre tarifas com Brasil

Presidente dos EUA anunciou que as tarifas de 50% começam a valer em 6 de agosto, com a exceção de quase 700 produtos

Donald Trump fala durante o 'AI Summit' da Casa Branca, no Andrew W. Mellon Auditorium, em Washington/DC, em 23 de julho de 2025 (Foto Joyce N. Boghosian/Oficial Casa Branca)
Donald Trump assina decretos durante o 'AI Summit' da Casa Branca, em Washington/DC, em 23 de julho de 2025 (Foto Joyce N. Boghosian/Oficial Casa Branca)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse à reportagem da TV Globo, após entrevista coletiva nesta sexta-feira (1º/8), que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ligar para ele “à hora que quiser” para tratar sobre tarifas.

A declaração ocorre após um pequeno adiamento da vigência das tarifas e a desidratação do pacote de sanções comerciais. Quando o presidente norte-americano anunciou as tarifas de 50%, em 9 de julho, afirmou que a sobretaxa atingiria todas as exportações brasileiras.

“Ele pode falar comigo a qualquer hora que ele queira sobre tarifas. Vamos ver o que acontece, mas eu amo o povo do Brasil”, disse.

A motivação para as tarifas é política, sem fundamentos comerciais, já que o Brasil é deficitário na relação comercial com os EUA.

Um total de 694 produtos ficaram de fora da Ordem Executiva assinada na quarta-feira (30), elevando o valor da tarifa de importação de produtos brasileiros para 50%.

Entre as exceções estão produtos como petróleo e derivados, suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios,  fertilizantes e aeronaves civis, incluindo seus motores, peças e componentes. Também ficaram de fora do tarifaço produtos como polpa de madeira, celulose, metais preciosos, energia e produtos energéticos e fertilizantes.

Não há menção a etanol ou açúcar entre as isenções. Portanto, a princípio, esses produtos estão sujeitos às taxas.

O petróleo bruto é, atualmente, um dos principais produtos exportados pelo Brasil aos EUA. Dados da Petrobras divulgados na noite de terça (29/7) mostraram que as vendas para as refinarias norte-americanas aumentaram no segundo trimestre de 2025. 

O Instituto Brasileiro do Petróleo e do Gás (IBP) vinha defendendo uma flexibilização das taxas para o petróleo, por ser uma commodity global. 

Entretanto, analistas apontavam que o Brasil conseguiria encontrar outros mercados para o petróleo, caso os EUA aplicassem as tarifas sobre o produto. 

Etanol é alvo de tensões

A primeira rodada de tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros ocorreu em abril, com uma taxa de 10%. Na ocasião, a tarifa era menor do que a aplicada a outras regiões, como China e União Europeia. 

Entretanto, em fevereiro a Casa Branca já havia citado o etanol brasileiro como um dos exemplos de políticas tarifárias consideradas “injustas” pelos estadunidenses.

Os EUA aplicam uma taxa de 2,5% sobre o etanol brasileiro, enquanto o Brasil cobra 18% sobre o produto estadunidense.

No Nordeste, produtores de açúcar e etanol da Paraíba calculam perdas de R$ 40 milhões na cadeia produtiva com tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros.

Segundo estimativas do Sindialcool da Paraíba, o impacto será maior para o açúcar, onde empresas e trabalhadores já foram contratados, já que o produto responde por cerca de 49% do total das exportações do estado.

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