Trump exige sanções adicionais contra o Irã

Donald Trump
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Com informações de agências internacionais

O presidente dos EUA, Donald Trump, publicou em seu Twitter que instruiu o secretário do Tesouro a impor novas sanções contra o Irã, em retaliação ao ataque à duas unidades de processamento de petróleo da Arábia Saudita. O Irã é acusado de estar por trás da ação, que teve sua autoria assumida por rebeldes Houthi, que combatem os sauditas no Iêmen.

“Acabei de instruir o secretário do Tesouro a aumentar substancialmente as sanções do país [contra] o Irã!”, publicou Trump, na manhã desta quarta (18).

A declaração de Trump reforçou a queda nos preços do petróleo, registrada desde ontem, após a Saudi Aramco afirmar que em poucas semanas será capaz de retomar a normalidade da produção de petróleo, sem maiores impactos no mercado — a paralisação das unidades a longo prazo comprometeria cerca de 5% da oferta global de óleo.

Ao recorrer à novas sanções, Trump sinalizou, na visão de analistas, que uma solução militar está cada vez mais distante. A Arábia Saudita e os EUA acusam o Irã de patrocinar os ataques, o que o governo de Teerã nega.

Logo após a ameaça de Trump, a Agência Internacional de Energia (AIE) minimizou os riscos de desabastecimento. “Por enquanto, os mercados continuam bem abastecidos com amplos estoques disponíveis”, afirmou, em nota.

A organização informou que seus países-membros têm 1,6 bilhão de barris de estoques de emergência, sob controle governamental, o que equivale a 15 dias da demanda mundial por petróleo. na segunda (17) a S&P Platts informou que os estoques sauditas seriam capazes de compensar por cerca de 30 dias o corte de produção.

Inicialmente estimado em 5,7 milhões de barris/dia, o impacto já é menor de acordo com a Saudi Aramco. A empresa afirma que já retomou a operação de um das unidades, repondo 2 milhões de barris/dia e até o fim de setembro será capaz de normalizar as operações.

O temor de um conflito direto entre os países rivais no Golfo Pérsico joga as cotações do petróleo para cima, pelo risco de uma interrupção da produção e também de fechamento do Estreito de Ormuz, vital para as exportações da região.

Os futuros do Brent abriram em queda nesta quarta (18), cotados a R$ 64,31. Ontem, recuaram 6,48%, para US$ 64,55, desfazendo parte da valorização de 14,61% da segunda.

Reação saudita pode reacender a crise
“Evidentemente, é preciso mostrar aos inimigos do reino [saudita], principalmente ao Irã e aos rebeldes Houthi do Iêmen – embora não se saiba ainda qual desses dois tenha planejado e executado os ataques –, que a dignidade e a força da Arábia Saudita não foram impactadas”, alertou nesta quarta (18), Barani Krishnan, especialista de commodities da Investing.com.

Em crise desde a Primavera Árabe, de 2011, a guerra no Iêmen mudou de patamar com a ofensiva de uma coalização liderada pela ditadura saudita, com apoio dos Estados Unidos, da França e do Reino Unido, com o objetivo de restabelecer o governo de Abdrabbuh Mansour Hadi, que foi forçado ao exílio por pressões e conflitos internos coordenados por rebeldes Houthi.

Em 2018, cerca de 7 mil civis foram mortos devido ao conflito no Iêmen, de acordo com dados do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos. Mais de 14 milhões de iemenitas estão sob risco de morte por fome e doenças que se espalham no país dada a destruição de infraestruturas básicas.

Desde o início do conflito, forças iranianas são acusado de apoiar os rebeldes iemenitas, alimentando o conflito indireto entre as teocracias xiita, do Irã, e sunita, da Arábia Saudita, que disputam o poder na região do Golfo Pérsico.