Preços do petróleo

Petróleo tem leve queda em dia de corte de juros nos EUA

Banco Central dos EUA fez o primeiro corte de juros desde a pandemia, com redução de 0,5%

Jerome Powell em coletiva de imprensa após anúncio de corte na taxa de juros dos EUA
Jerome Powell em coletiva de imprensa após anúncio de corte na taxa de juros dos EUA | FED/Divulgação

Os preços do petróleo caíram nesta quarta (18/9), após o Banco Central dos Estados Unidos (FED, na sigla em inglês) cortar a taxa de juros em 0,5%. O corte foi maior do que as expectativas do mercado, que previam uma redução de 0,25%. O barril tipo Brent fechou o dia negociado a US$ 73,65, uma queda de 0,06% e de US$ 0,05 por barril. O WTI fechou em US$ 70,91, com perdas de 0,39% e de US$ 0,28.

Conforme análise do Goldman Sachs, contribuem para a queda nas cotações o aumento da produção na Rússia e maior acúmulo de estoques de petróleo bruto pelo país, além da queda na demanda e na produção industrial na China, assim como os dados de vendas no varejo chinês abaixo das expectativas.

Outros fatores que influenciam os preços são a desaceleração da demanda de petróleo nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o enfraquecimento da demanda na Europa, com refinarias na Espanha e Itália reduzindo atividades.

“O sentimento pessimista em torno do crescimento da demanda de petróleo da China continua sendo um fator importante que contribui para a pressão sobre os preços globais do petróleo”, apontou a analista da Rystad Energy, Svetlana Tretyakova.

Ela afirma que a fraqueza dos combustíveis fósseis ocorre frente a desafios econômicos no país e ao ritmo acelerado da transição energética, com o maior uso de veículos pesados movidos a gás natural, o que tem efeitos no consumo de gasolina e diesel.

Perspectivas para o Brasil

No mercado nacional, a queda do barril pode ter reflexos nos preços dos combustíveis, que são influenciados principalmente pelas cotações definidas pela Petrobras.

Para o analista de energia e macroeconomia da Hedgepoint Global Markets, Victor Arduin, os preços da Petrobras estão defasados e deverá haver algum ajuste até o fim do ano.

“Já faz umas semanas que esse mercado de preço de paridade internacional (PPI) está aberto, e a Petrobras tem mais incentivo para baixar o preço”, disse Arduin.

O especialista lembra que o eventual enfraquecimento do dólar e consequente valorização do real, junto com a tendência de baixa para o petróleo, podem comprometer resultados das empresas que atuam nesse setor no mercado nacional.

“O que a gente sabe pela política da Petrobras é que ela busca ser mais competitiva e que, dentro da estratégia, ela vai praticar o preço que entender que é bom pra empresa”, afirmou Arduin.

A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) calcula que os preços praticados pela estatal estão acima da paridade para os dois combustíveis. A diferença na quarta-feira (18/9) é de 4% no óleo diesel e 3% na gasolina, num cenário de relativa estabilidade no câmbio.

O mercado internacional e o câmbio pressionam os preços domésticos. A Abicom calcula espaço para uma redução de R$ 0,12 por litro no diesel vendido pela Petrobras para diesel e R$ 0,09 por litro na gasolina.

“Efeitos do corte de juros ainda não está claro”

Para a analista de inteligência de mercado da StoneX, Isabela Garcia, o corte na taxa de juros dos EUA cria um ambiente favorável ao risco, inclusive para as commodities energéticas.

“Para o petróleo há um impacto positivo quando se pensa em fundamentos, porque cortes de juros acabam levando a estímulos para a atividade econômica americana. Cabe ressaltar que a política monetária dos EUA não fica restrita apenas ao país, mas os juros baixos tendem a enriquecer a economia como um todo e isso é bastante favorável ao petróleo”, disse a analista da StoneX.