Em dia repleto de catalisadores, os contratos futuros do petróleo voltaram nesta quarta-feira (15/1) a fechar em alta forte com previsão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de aumento da demanda, redução dos estoques americanos e ainda sob o efeito de sanções dos EUA à Rússia. Esses fatores se sobrepuseram ao anúncio de cessar-fogo entre Israel e Hamas em Gaza.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para março fechou em alta de 3,06% (US$ 2,34), a US$ 78,71 o barril, enquanto o Brent para mesmo mês, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), avançou 2,64% (US$ 2,11), a US$ 82,03 o barril.
Pouco antes do fechamento, os mediadores das negociações entre Israel e o Hamas (Israel, Catar e Egito) confirmaram o fechamento do acordo para cessar-fogo na Faixa de Gaza. A trégua começa oficialmente no próximo domingo (19/1).
Israel pode aliviar a pressão em Gaza para fortalecer seus laços com os EUA e aumentar a pressão sobre o Irã – que é um grande exportador de petróleo. Dessa forma, as tensões geopolíticas permanecem altas nas frentes da Rússia e do Oriente Médio, diz Ipek Ozkardeskaya, analista sênior do Swissquote Bank.
O anúncio chegou a desacelerar levemente os ganhos do petróleo, mas longo o ritmo de ganhos voltou a ganhar fôlego. As tensões entre EUA e Rússia seguem fazendo preço.
Nesta quarta, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, sugeriu que a Rússia pode adotar ações retaliatórias em resposta às recentes sanções americanas direcionadas ao seu setor de energia. No radar, a BP e o governo do Iraque concordaram com a maioria dos termos comerciais necessários para revitalizar o campo de petróleo de Kirkuk.
Oferta em alta
Também em foco, a Opep manteve a previsão para o crescimento da demanda e oferta global para a commodity este ano.
O cartel manteve previsão para o aumento da oferta de petróleo entre os países fora da Opep+ em 2025, em 1,11 milhão de bpd, segundo relatório mensal publicado nesta quarta-feira (15/1). De acordo com a projeção, as maiores contribuições serão dos Estados Unidos, Brasil e Canadá.
Com isso, a organização espera que a produção fora da Opep+ some 54,28 milhões de bpd neste ano, antes de avançar mais 1,1 milhão de bpd no próximo, a 55,38 milhões de bpd em 2026.
Ainda no relatório, a Opep informa que a produção da Opep+ caiu 14 mil bpd em dezembro ante novembro, para uma média de 40,65 milhões de bpd, de acordo com fontes secundárias.
A Opep+ engloba a Rússia e outros produtores de petróleo que não integram a Opep.
Demanda global
Além disso, a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) ainda espera crescimento forte da demanda de petróleo em 2025 devido aos preços mais baixos e a uma perspectiva econômica melhor nos países desenvolvidos.
A IEA reduziu nesta quarta-feira (15/1) levemente a perspectiva global de demanda por petróleo deste ano. A organização agora prevê que a demanda global cresça em 1,05 milhão de barris por dia em 2025, de 1,1 milhão de barris por dia anteriormente, atingindo um total de 104 milhões de barris por dia em média.
A instituição estima que a demanda por petróleo aumentou no quarto trimestre de 2024, em 1,5 milhão de barris por dia – o avanço mais forte desde o quarto trimestre de 2023. O crescimento da demanda em 2024 foi avaliado em 940 mil barris por dia, maior do que a estimativa anterior da agência de 840 mil barris por dia.
“Uma combinação de preços mais baixos de combustível, clima mais frio em regiões centrais do Hemisfério Norte e atividade petroquímica crescente nos EUA sustentaram essas entregas mais fortes”, pontuou a IEA.
A oferta global de petróleo aumentou em 20 mil barris por dia em dezembro, liderada pela Nigéria e Líbia, com adições da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) compensando declínios não-Opep+.
Espera-se que a oferta aumente em 1,8 milhão de barris por dia em 2025, atingindo um total de 104,7 milhões de barris por dia em média, mesmo que a Opep+ não desfaça os cortes voluntários de produção, com crescimento liderado pelos EUA, Brasil, Guiana, Canadá e Argentina. Fonte: Dow Jones Newswires
Estoques americanos
Os estoques de petróleo nos Estados Unidos tiveram queda de 1,962 milhão de barris, a 412,68 milhões de barris na semana passada, informou o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês).
Analistas consultados pelo The Wall Street Journal previam queda menor, de 1,1 milhão de barris. De qualquer forma, a Capital Economics continua com a sua previsão abaixo do consenso de que o Brent cairá para US$ 70 no final de 2025 e US$ 60 no final de 2026.
A taxa de utilização da capacidade das refinarias caiu de 93,3% para 91,7%, ante a previsão de 92,6%.
Os estoques de petróleo no centro de distribuição de Cushing tiveram alta de 765 mil de barris, a 20,803 milhões de barris. A produção média diária de petróleo caiu a 13,481 milhões de barris na semana. Fonte: Dow Jones Newswires
Brent a US$ 74
O DoE manteve sua previsão do preço médio do petróleo Brent em 2025 de US$ 74 o barril, no relatório mensal de Perspectivas de Energias no Curto Prazo (Steo, em inglês), divulgado nesta terça-feira (14/1).
Para 2026, o departamento americano prevê o Brent caindo para US$ 66 o barril.
A instituição também manteve previsões para o WTI, na média de US$ 70 o barril em 2025, e espera que os preços caíam para US$ 62 o barril em 2026.
Conforme o relatório, a reversão dos cortes de produção da Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) e o forte crescimento da produção de petróleo fora da organização resultam no crescimento da produção global, com expectativa de 1,8 milhão de barris por dia (b/d) em 2025 e 1,5 milhão de b/d em 2026.
“Esperamos que o grupo produza menos petróleo bruto do que o declarado em sua meta de produção mais recente, em um esforço para evitar o aumento significativo dos estoques. Essa previsão foi concluída antes de os EUA emitirem sanções adicionais contra o setor petrolífero da Rússia em 10 de janeiro, que têm o potencial de reduzir as exportações da commodity da Rússia para o mercado global”, explica.