Diante da alta do petróleo provocada pelo Oriente Médio, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que seguirá sua política de “movimentos graduais” nos preços de gasolina e diesel, sem sucumbir a oscilações de curto prazo.
Diante da recente disparada dos preços do petróleo no mercado internacional, acionada pelos desdobramentos do conflito no Oriente Médio, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, reforçou nesta quarta (18/6) que a estatal manterá sua política de “movimentos graduais” nos preços dos combustíveis, sem ajustes bruscos
“Todos os nossos movimentos em termos de aumento ou redução de preço de combustível são sempre muito delicados e vocês são testemunha disso”, disse a jornalistas no Rio de Janeiro, durante um balanço de um ano da gestão à frente da Petrobras.
“A gente olha tendências, só faz movimento quando a gente enxerga uma tendência”, disse. “Com cinco dias de volatilidade, não faremos nada. A sociedade brasileira não precisa sofrer a instabilidade das bolsas de petróleo”.
Ao definir o preço nas refinarias, a estatal não se baseia apenas na cotação do petróleo tipo Brent ou na paridade de exportação, mas também na evolução do câmbio e na participação do mercado, em que a companhia concorre com importadores de combustíveis.
Segundo seus concorrentes, as janelas de importação de diesel e gasolina estão fechadas há dez e sete dias, respectivamente. Isto é, a Petrobras vende combustível abaixo do preço de importação, segundo cálculos da StoneX feitos para Abicom (importadores).
“Não queremos perder o nosso mercado. Então, essa flutuação de preço adotada pela Petrobras já leva em conta tudo isso, não leva em conta pura e simplesmente o preço de mercado fixo publicado em alguma revista [especializada]”, disse.
A companhia também considera que os fluxos de petróleo no Estreito de Ormuz estão estáveis, dado que o novo capítulo da guerra deflagrado pelos ataques de Israel ao Irã mantiveram a rota aberta.
Um fechamento do Ormuz provocaria uma disparada nos preços do óleo e dos combustíveis, escoado da região para atender mercados asiáticos e ocidentais. A própria Petrobras traz cargas de óleo leve produzido no Golfo Pérsico para o mix de refino no Brasil.
Além de não estar exposta a choques de curto prazo, dado cargas já importadas, considera que existem alternativas logísticas para o suprimento no Brasil.
Magda Chambriard destacou que a Petrobras deve equilibrar o retorno aos acionistas, incluindo aí os privados e a União. “A nossa estratégia é sólida, ela está confirmada, ela dá resultado, nossos acionistas, sejam eles governamentais ou privados, estão satisfeitos”.
No balanço da gestão (veja a íntegra, .pdf), a companhia destacou a manutenção dos preços do diesel por 420 dias, na seção “preços abrasileirados”, apelido dado pela companhia na gestão anterior, de Jean Paul Prates, e que abraçado pelo presidente Lula.
“Mantivemos os preços de diesel para as distribuidoras inalterados durante todo o ano de 2024. No total, foram 402 dias de estabilidade de preços, mesmo com diversos eventos geopolíticos deflagrados e um mercado internacional bastante volátil”, diz o documento.
Petróleo fecha em alto
Os contratos futuros de petróleo fecharam em nível alto nesta quarta-feira (18/6), em um dia volátil, após um forte avanço na sessão anterior, quando foram impulsionados pelas perspectivas de um envolvimento dos Estados Unidos no conflito entre Israel e Irã.
Uma escalada regional é o grande ponto de observação para analistas, já que poderia afetar a passagem de navios pelo Estreito de Ormuz, por onde o tráfego é parte relevante do fornecimento mundial de hidrocarbonetos.
Além das dificuldades no Oriente Médio, esteve em foco nesta quarta-feira (17) a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que manteve os juros inalterados, mas ofereceu perspectivas para cortes ao longo deste ano.