CERAWeek 2025

Petrobras fará novos poços na Colômbia e já pensa em exportação de GNL, diz Sylvia Anjos

Companhia confirmou boa produtividade de descoberta que pode triplicar reservas do país vizinho

HOUSTON – A Petrobras fará novos poços na grande reserva de gás descoberta na Colômbia e já avalia a possibilidade de exportação via GNL, afirmou Sylvia Anjos, diretora de Exploração e Produção da estatal. Ela deu entrevista ao estúdio eixos durante a CERAWeek 2025, organizada pela S&P Global. Veja a íntegra acima.

A descoberta pode garantir a autossuficiência energética da Colômbia por pelo menos uma década e abre novas perspectivas para a expansão internacional da companhia.

O projeto colombiano adota um sistema subsea to shore, dispensando plataformas de produção. Segundo Anjos, os testes de formação mostraram alta produtividade, reforçando o potencial da reserva, estimada em 6 trilhões de pés cúbicos (TCF). “Esse gás seco, puro metano, está pronto para consumo e pode abastecer a Colômbia por pelo menos 10 anos”, disse.

A Petrobras já planeja novos poços na região para ampliar a reserva e avaliar as melhores opções de exportação. 

“O LNG [sigla em inglês para gás natural liquefeito] é uma das soluções que estamos discutindo, mas queremos primeiro garantir uma reserva extra e analisar a viabilidade econômica”, explicou. Segundo ela, a estatal já conversou com a Ecopetrol sobre possíveis parcerias para viabilizar as exportações. “Aumentamos a reserva, conseguimos a licença e vamos buscar novas formas de exportação”, acrescentou.

Expansão internacional e novas fronteiras de exploração

Além da Colômbia, a Petrobras está expandindo sua atuação internacional, com novas perfurações previstas em São Tomé e Príncipe e na África do Sul. A empresa também avalia oportunidades na Namíbia, consolidando sua presença no continente africano. “Nossa prioridade é sempre o Brasil, mas não podemos restringir nossa expertise apenas ao país”, afirmou Anjos.

A estatal não descarta nem o Golfo do México, mas considera que as áreas disponíveis atualmente não são tão atrativas. “Se houver uma boa oportunidade, a gente não fecha as portas”, disse.

Margem Equatorial e a Foz do Amazonas

Sobre a Foz do Amazonas, a executiva disse que a licença recém-liberada pelo Ibama para preparação da sonda adianta em dois meses o cronograma de uma eventual perfuração — que ainda não tem autorização do órgão ambiental.

“Essa autorização nos dá um avanço de dois meses na preparação, garantindo que estejamos prontos assim que a licença final sair”, afirmou.

A perfuração na Margem Equatorial é considerada estratégica para a Petrobras na busca por novas reservas e diversificação da produção. “Estamos furando 12 poços hoje em águas profundas no Brasil, e esse será mais um. Se encontrarmos bons resultados, podemos avançar com novas perfurações”, explicou Anjos.

Revitalização da Bacia de Campos e projetos offshore no Brasil

Sylvia Anjos destacou ainda os investimentos na revitalização da Bacia de Campos, com a reativação de três plataformas que estavam paradas – a P-37, P-35 e a FSO P-47. O objetivo é aumentar a produção na região e atingir a meta de 1 milhão de barris/dia. 

“Queremos, em menos de 10 anos, recuperar essa produção. Isso exige mais investimentos em revitalizações e novos poços”, afirmou Anjos.

O processo de revitalização inclui reformas nas plataformas para reduzir custos e manter a competitividade. “Estamos optando por reativar unidades existentes, em vez de construir novas do zero, o que garante menores custos e geração de empregos no Brasil”, explicou.

Sergipe Águas Profundas e o impacto no mercado de gás

Sobre o gás natural brasileiro, a executiva se mostrou otimista com a contratação dos dois FPSOs previstos no projeto Sergipe Águas Profundas (SEAP). A contratação dos navios-plataformas tem enfrentado problemas há vários anos. O projeto prevê a produção de até 18 milhões de metros cúbicos de gás por dia, reforçando a infraestrutura de abastecimento do Nordeste.

“Esse é um projeto espetacular para Sergipe e para toda a região Nordeste. Temos um potencial enorme, e destravar esse investimento será fundamental para o abastecimento de gás no Brasil”, afirmou Anjos.

A diretora indicou que as dificuldades contratuais enfrentadas pelo projeto estão próximas de uma solução. “Agora vai. Nós tivemos várias conversas com fornecedores e simplificamos detalhes. Antes pensávamos no ideal, agora focamos no funcional. Acreditamos que esse ano teremos uma resposta e vamos destravar o SEAP”, disse.

A produção de gás no país é vista como essencial para reduzir custos e fortalecer setores como a indústria de fertilizantes. “Se encontrarmos gás em terra, ele será ainda mais barato. Mas, enquanto isso, temos esse potencial enorme no offshore”, ressaltou.

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, destacou recentemente a necessidade de reduzir o preço do gás no Brasil, e Anjos reforçou que a estatal está comprometida com essa agenda. “Se o gás chega a um preço mais competitivo, viabilizamos toda a cadeia produtiva, incluindo a indústria de fertilizantes, que ainda importa 85% do que consome”, afirmou.

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