BRASÍLIA – O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta quinta (19/12) a atualização da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) ao Acordo de Paris, com a promessa de cortar entre 61% e 66% as emissões de CO2 em toda a economia do país até 2035.
A estratégia de redução de emissões inclui alavancar investimentos da Lei de Redução da Inflação e da Lei Bipartidária de Infraestrutura, complementados por padrões federais, coordenação com governos locais e mobilização de capital privado, diz o comunicado da Casa Branca.
Em novembro de 2025, durante a COP30, no Brasil, os 192 signatários do Acordo de Paris deverão apresentar suas NDCs com metas até 2035 alinhadas com o objetivo de zerar emissões líquidas até 2050 e limitar o aquecimento do planeta em 1,5°C até 2100.
O anúncio de hoje chega em um contexto de incertezas sobre os rumos, nos próximos quatro anos, das políticas de transição energética e descarbonização do segundo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo.
Biden deixa a presidência dos EUA no próximo mês e será sucedido pelo republicano Donald Trump, que promete retirar o país do acordo climático internacional, como fez em 2017.
Metas para toda a economia
Em 2021, ao reassumir o Acordo de Paris, Biden apresentou uma NDC com meta de reduzir as emissões de gases de efeito estufa dos EUA em 50-52% até 2030, tendo como base 2005.
Com a atualização até 2035 – também considerando 2005 como base – a administração democrata acredita estar entrando em uma trajetória alinhada com o objetivo de atingir emissões líquidas zero de gases de efeito estufa, em toda a economia, até 2050, no máximo.
“Para desenvolver o NDC 2035 dos EUA, a Administração Biden-Harris analisou como cada setor econômico – geração de energia, edifícios, transporte, indústria, agricultura e silvicultura – pode estimular a inovação, liberar novas oportunidades, impulsionar a competitividade e reduzir a poluição”, explica a Casa Branca.
Também foram antecipadas, como parte do cumprimento da NDC, reduções de metano de pelo menos 35% dos níveis de 2005 em 2035.
“Cortar as emissões de metano está entre as maneiras mais rápidas de reduzir o aquecimento de curto prazo e é um complemento essencial para a mitigação de CO2”, completa a nota.
Governadores pelo clima
Apesar de chegar no final de um governo e início de outro que promete enfraquecer políticas climática e ambientais e fortalecer a indústria de combustíveis fósseis, a nova meta veio acompanhada do apoio de governadores de ambos os partidos, organizados em torno da US Climate Alliance.
A coalizão foi criada em 2017, quando Trump retirou os EUA do Acordo de Paris pela primeira vez, para preencher o vazio deixado pela administração federal.
Fundado pelos governadores de Washington, Nova York e Califórnia, o grupo hoje reúne 24 estados, representando quase 60% do PIB e 55% da população norteamericana.
O grupo cita uma análise do Centro de Sustentabilidade Global da Universidade de Maryland apontando que a ação contínua de estados, cidades, empresas e outros – incluindo os membros da Aliança – pode “neutralizar muitos dos impactos de inações ou retrocessos federais” que podem ocorrer nos próximos quatro anos.
A estimativa é que os EUA poderiam alcançar uma redução de 54-62% nas emissões de gases de efeito estufa até 2035 com forte ação climática de atores não federais, e 65-67% com o contínuo esforço federal.
“A única coisa mais clara do que a ciência e os impactos das mudanças climáticas é o benefício de tomar medidas – e não estamos diminuindo o ritmo”, disse a governadora do Novo México e copresidente da US Climate Alliance, Michelle Lujan Grisham nesta quinta.
“Ao continuar a eliminar a poluição climática juntos, estamos salvaguardando a saúde pública, protegendo o meio ambiente, fazendo a economia crescer e criando bons empregos nos EUA”, completou.