NESTA EDIÇÃO. Tarifas dos EUA isentam petróleo e combustíveis, mas vão incidir sobre etanol e outros produtos agrícolas.
Brasil encaminha pedido formal para entrar na Agência Internacional de Energia.
Sede da COP30, Pará é o estado mais caro para instalação de energia solar fotovoltaica em residências do país.
Governo antecipa alíquota 35% sobre importação de carros elétricos desmontados.
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Isenção do petróleo no tarifaço dos EUA é recebida com alívio no mercado
A exclusão de petróleo e combustíveis das tarifas de 50% impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros foi recebida com alívio no mercado.
- Na quarta-feira (30/7), a Casa Branca divulgou a ordem executiva que confirmou a tarifa e a lista de isenções, que deixou quase 700 produtos de fora das taxas. Veja a lista completa.
- Por mais que especialistas do setor viessem indicando que o petróleo brasileiro conseguiria outros destinos caso fosse taxado pelos EUA, havia receio sobretudo em relação a eventuais retaliações nesse segmento por parte do Brasil — que, por sua vez, poderiam afetar as importações do diesel produzido nas refinarias norte-americanas e encarecer o produto para o consumidor brasileiro.
- As isenções, entretanto, não incluem alguns produtos da agroindústria, como biocombustíveis. Trump acaba prejudicando, assim, São Paulo e demais estados exportadores de commodities agrícolas.
Para o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), a decisão foi “um reconhecimento da especificidade do mercado de petróleo e seus derivados e da sua importância estratégica no comércio bilateral”.
- A entidade lembrou que há um fluxo relevante não apenas de exportações de petróleo brasileiro, que somaram US$ 2,37 bilhões no primeiro semestre de 2025, mas também de importações de derivados essenciais para o mercado nacional.
- “A manutenção da competitividade do setor junto ao mercado norte-americano contribui para preservar os fluxos comerciais e os investimentos, mitigando impactos imediatos”, disse o IBP em nota.
Já a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) lembrou que a indústria de petróleo e gás responde por cerca de 60% das exportações do estado do Rio de Janeiro para os EUA, sendo o principal item na pauta exportadora e representando 40 mil empregos diretos no estado.
- A Firjan também ressaltou preocupação com as tarifas aplicadas sobre produtos de aço e alumínio, insumos também usados na indústria de energia.
Vale ressaltar que, além da ampla lista de isenções, as principais razões mencionadas por Trump para justificar o tarifaço na ordem divulgada pela Casa Branca estão ligadas a medidas da Justiça brasileira na regulação das redes sociais e nos processos que investigam o ex-presidente Jair Bolsonaro — o que evidencia, assim, o caráter político das taxas.
- Foi, inclusive, o tom evidenciado pelo presidente Lula (PT) na nota divulgada à imprensa na noite de ontem, em que afirma ser “inaceitável a interferência do governo norte-americano na Justiça brasileira”.
- “O governo brasileiro considera injustificável o uso de argumentos políticos para validar as medidas comerciais anunciadas pelo governo norte-americano contra as exportações brasileiras”, afirmou o presidente do Brasil.
Nem todos podem respirar aliviados…. Ficou de fora da lista de isenções o etanol, alvo de reclamações de Trump nas relações comerciais com o Brasil praticamente desde o início do atual mandato. Assim, o produto está sujeito às tarifas que passam a valer em 6 de agosto.
- O acesso ao mercado brasileiro de etanol está entre os principais alvos da investigação aberta pelos Estados Unidos em 15 de julho, para apurar práticas que supostamente prejudicam o comércio internacional norte-americano.
- Atualmente, o Brasil cobra 18% de tarifa sobre o etanol importado, enquanto os EUA aplicam 2,5% sobre o etanol brasileiro. Assim, as cotas tarifárias devem ser agora alvo da negociação entre os países.
Para entender melhor: Por que o mercado brasileiro de etanol está na mira do tarifaço de Trump?
Ainda sobre tarifas… A senadora Tereza Cristina (PP), integrante da comitiva de senadores que está em Washington (EUA) para debater as tarifas, afirmou na quarta-feira (30/7), que os parlamentares americanos ouvidos pelo grupo manifestaram preocupação com as compras de petróleo e fertilizantes russos feitas pelo Brasil. “É um assunto sensível”, disse a senadora.
- A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), indicou que um viés complicador nas conversas entre Brasil e EUA é a mistura da questão econômica com a política e ideológica.
Petróleo mantém alta. Os contratos futuros do Brent, para outubro, fecharam a sessão de quarta (30/7) com valorização de 1,1%, a US$ 72,47 o barril, em meio às perspectivas de sanções à Rússia e a países que comercializem com Moscou.
- Os estoques de petróleo nos EUA subiram 7,698 milhões de barris, na semana passada, informou o Departamento de Energia. Os números vieram na direção contrária das expectativas de mercado, de queda nos estoques, e também ajudaram a puxar a cotação da commodity para cima.
Parada no refino. A Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão (SP), iniciou em julho uma parada programada de manutenção, com previsão de duração de cerca de 30 dias e orçamento de R$ 490 milhões. A Petrobras informou que organizou previamente os estoques e a logística para não prejudicar o fornecimento de combustíveis.
Opinião: Você sabe como serão as refinarias do futuro? Renovar o parque de refino brasileiro para atender internamente à demanda é essencial para a segurança energética no Brasil, escrevem o vice-presidente executivo de Operações da Acelen, Celso Ferreira, junto com o diretor industrial, João Baptista Emiliano, e o gerente de Automação, Danilo Cruz.
Foz do Amazonas. O Ibama aprovou, na terça-feira (29/7), as seis embarcações propostas pela Petrobras para fazerem parte do Plano de Emergência Individual (PEI) da perfuração marítima do bloco FZA-M-59. A petroleira ainda aguarda a licença ambiental para começar a fase exploratória.
Leilão de gás da União. Preços mais competitivos têm potencial para destravar demanda nova no setor industrial. Para isso, contudo, o certame precisa ser aberto às indústrias como um todo – e ter cuidado para não onerar o gás, se confirmada a Petrobras como agente comercializadora.
Esse foi um dos assuntos da estreia do videocast gas week, com Vinícius Oliveira (CSN) e Cláudio Lindenmeyer (Braskem). Assista na íntegra.
Naturgy vai às compras. CEG e CEG Rio abriram chamada pública para compra de gás natural. Distribuidoras do Rio de Janeiro buscam até 600 mil m³/dia, no total.
Brasil na IEA. O governo brasileiro encaminhou nesta semana à Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) o pedido formal para iniciar sua adesão como membro pleno da organização.
Inadimplência entre distribuidoras. A Justiça Federal pediu para a Aneel explicar porque decidiu facilitar a renovação das concessões das distribuidoras de energia elétrica sem que elas paguem as multas aplicadas pela própria agência. Juntas, 15 empresas acumulam R$ 1,18 bilhão em multas e são responsáveis pela distribuição de energia elétrica em 12 estados.
Operação do sistema elétrico. O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) decidiu manter em 2026 os mesmos parâmetros de aversão ao risco utilizados na operação do sistema elétrico em 2025. A definição foi tomada na quarta-feira (30/7) durante reunião extraordinária no Ministério de Minas e Energia..
Sede da COP30, o Pará tem o maior custo para instalação de energia solar fotovoltaica em residências do Brasil, com preço médio de R$ 2,94/Wp no segundo trimestre de 2025, de acordo com o levantamento da Solfácil. O cenário contribui para que a região Norte tenha os preços mais altos para a instalação de energia solar residencial do Brasil.
Fórum Nacional de Transição Energética. O Ministério de Minas e Energia a lista das instituições selecionadas para integrar o plenário do Fórum, parte da Política Nacional de Transição Energética (PNTE) e que funcionará como órgão consultivo e permanente.
- a sociedade civil será representada por, dentre outras instituições, a WWF Brasil, Instituto Arayara, FNP e FUP (sindicato dos petroleiros);
- já o setor produtivo será representado pelo IBP e Abpip (produtores), Abegás (distribuidoras), Unica (indústria sucroacooleira) e o Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase), dentre outros.
Licenciamento ambiental em xeque. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), disse que o presidente Lula (PT) pediu um trabalho minucioso para preservar as bases do licenciamento, após a Câmara dos Deputados aprovar projeto de lei que altera o modelo atual. Governo estuda alternativas legislativas e recomenda veto a projeto recém-aprovado.
Disputa no setor automotivo. O Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior decidiu antecipar em um ano e meio o fim do cronograma de elevação tarifária para veículos elétricos e híbridos importados. Com isso, passa a valer a partir de janeiro de 2027 o imposto de importação de 35%.
- A medida atende, em parte, a uma pressão da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e afeta montadoras chinesas.
- A BYD vinha pedindo o corte temporário no imposto para elétricos desmontados, enquanto rivais (Toyota, General Motors, Volkswagem e Stellantis) eram contra.