O presidente do Conselho Europeu, António Costa, defendeu nesta quarta (23/7), a necessidade de a União Europeia e o Japão ampliarem a cooperação para defesa do multilateralismo e das cadeias de minerais críticos.
Em declaração de imprensa após reunião em Tóquio com representantes do governo japonês, Costa afirmou que o encontro teve o objetivo de fortalecer a parceria com ações concretas — especialmente em três áreas-chave: segurança e defesa, multilateralismo e segurança comercial e econômica.
“Segurança e defesa estão agora no centro do engajamento global da UE. A segurança da Europa está interligada à segurança no Indo-Pacífico”, observou.
A declaração ocorreu um dia após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar a conclusão de um “acordo comercial massivo” com o Japão.
A negociação resultou na imposição recíproca de uma tarifa de 15% sobre as exportações japonesas para os EUA, revertendo o que havia sido anunciado inicialmente, de 25%, que entraria em vigor em 1º de agosto caso as conversas fracassassem.
A redução de 25% para 15% inclui o setor automotivo, uma das indústrias mais sensíveis na relação comercial entre os Estados Unidos e o Japão, beneficiando montadoras como a Toyota, Honda, Nissan, Suzuki e Mitsubishi.
Durante as negociações, o Japão se comprometeu a investir US$ 500 milhões nos EUA e, segundo o presidente norte-americano, Donald Trump, o país se beneficiará de 90% dos lucros gerados por esse investimento.
O acordo prevê, ainda, a abertura do mercado japonês para diversos produtos norte-americanos, abrangendo desde automóveis e caminhões a produtos agrícolas, incluindo arroz.
Ofensiva Comercial no Sudeste Asiático
O acordo com o Japão se soma a recentes pactos comerciais firmados pelos Estados Unidos com as Filipinas e a Indonésia, sinalizando uma agenda ativa de renegociação e estabelecimento de novas relações comerciais que consolidam uma ofensiva comercial dos EUA no Sudeste Asiático.
Esta semana, Trump também confirmou um pacto comercial com a Indonésia, anunciando a eliminação de 99% das barreiras tarifárias do país asiático para produtos americanos, enquanto os EUA aplicarão uma tarifa de 19% sobre os produtos indonésios importados.
Em uma publicação na plataforma Truth Social, Trump enfatizou que “a Indonésia será um mercado aberto para produtos industriais, tecnológicos e agrícolas americanos, eliminando 99% de suas barreiras tarifárias”.
Em contrapartida, “os EUA venderão produtos fabricados na América para a Indonésia com tarifa zero, enquanto a Indonésia pagará 19% sobre todos os seus produtos que entrarem nos EUA — o melhor mercado do mundo!”.
O acordo com a Indonésia vai além das tarifas, abrangendo compromissos para reduzir barreiras regulatórias, como a aceitação de certificações americanas e a eliminação de exigências locais.
Há também avanços previstos em propriedade intelectual, regras para produtos remanufaturados e promessas nas áreas digital, ambiental e trabalhista, incluindo a liberação da transferência de dados, combate ao desmatamento ilegal e proibição de importação de bens produzidos com trabalho forçado.
Além disso, a Indonésia deverá fornecer aos EUA “minerais críticos preciosos“ e assinar “grandes contratos, no valor de dezenas de bilhões de dólares, para a compra de aeronaves Boeing, produtos agrícolas americanos e energia americana”, destacou Trump.
O ex-presidente classificou o pacto com a Indonésia como uma “vitória enorme” para fabricantes de automóveis, empresas de tecnologia, trabalhadores, agricultores, pecuaristas e fabricantes americanos, consolidando uma série de acordos que visam redefinir a dinâmica do comércio global em seu governo.
Com informações do Estadão Conteúdo e USA Today.