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Cummins anuncia US$ 1 bi para atualizar produção nos EUA para tecnologias de energia limpa

De olho em incentivos federais, empresa vai investir na adaptação de motores para combustíveis de baixo carbono e na produção de eletrolisadores para hidrogênio verde a partir deste mês

Cummins anuncia US$ 1 bi para atualizar produção nos EUA para tecnologias de energia limpa
Instalações fabris das cidades de Indiana, Carolina do Norte e Nova Iorque serão atualizadas para oferecer suporte às primeiras plataformas de motores capazes de operar com vários tipos de combustíveis (Foto: Divulgação/Cummins)

BRASÍLIA – A Cummins, multinacional em tecnologia de energia, anunciou o investimento de mais de US$ 1 bilhão para a produção de motores movidos a energia limpa nos Estados Unidos nesta terça (3/4). 

A iniciativa, que visa tornar mais sustentáveis as frotas pesadas do país, é impulsionada pela Lei de Redução da Inflação (IRA), do governo Biden. A política prevê o fomento à adoção de renováveis para reduzir as emissões de carbono.

Segundo a empresa, as instalações fabris das cidades de Indiana, Carolina do Norte e Nova Iorque serão atualizadas para oferecer suporte às primeiras plataformas de motores capazes de operar com vários tipos de combustíveis, tais como gás natural, diesel e hidrogênio.

Para esse investimento, o conglomerado divulgou o aporte de US$ 452 milhões na planta de motores de Jamestown (EUA) para atualizar suas instalações de 93 mil metros quadrados (m2) no oeste de Nova Iorque. 

A presidente e CEO da Cummins, Jennifer Rumsey, afirmou que a companhia também deve avançar, em breve, na produção de eletrolisadores nas instalações na planta de Fridley, cidade de Minnesota, para o desenvolvimento de hidrogênio verde.

“Em apenas algumas semanas, começaremos a fabricar um dos nossos principais sistemas de tecnologia para a produção de hidrogênio verde que ajudará a descarbonizar nossa economia e impulsionar a transição para energia limpa: o eletrolisador”, informou. 

O eletrolisador é uma tecnologia que permite produzir hidrogênio verde a partir da quebra das moléculas de água em hidrogênio e oxigênio, usando eletricidade. 

O hidrogênio pode ser utilizado como combustível em veículos movidos a células a hidrogênio, ou substituindo carvão e gás natural em processos industriais, como na produção de aço.

A Cummins planeja dedicar 8,3 mil m2 da estrutura existente da fábrica para a geração de eletrolisadores a partir deste mês. O investimento será de US$ 10 milhões.

A filial de Fridley (EUA) recebeu a visita do presidente Joe Biden nesta segunda (3/4). O governo tem uma agenda de incentivo à manufatura, inovação e economia verde por meio do programa federal Investing in America. A ação deve apoiar a criação de novos empregos em manufatura e engenharia em cidades estadunidenses. 

“Os investimentos históricos incluídos nessas leis desempenharam um papel fundamental em nossa decisão de fabricar produtos aqui nos EUA, criando mais empregos que fomentam tecnologia limpa e impactando positivamente nossas comunidades”, disse Rumsey. 

De acordo com a Cummins, mais da metade dos motores de caminhões médios e pesados nos EUA são produzidos pela empresa. A investida vai aumentar a inovação no processo de fabricação, além de acelerar os esforços de descarbonização da companhia. 

Foco na transição

Em março, a Cummins lançou a marca Accelera, um um portfólio diversificado de soluções de emissão zero para uma variedade de indústrias, desde o transporte comercial até a produção química. 

O objetivo é focar na oferta de células a combustível de hidrogênio, baterias, eixos elétricos, sistemas de tração e eletrolisadores para descarbonizar ônibus, caminhões, trens, equipamentos de construção, entre outros. 

Nos últimos anos, foram investidos mais de US$ 1,5 bilhão para desenvolver as capacidades tecnológicas da Accelera. 

“Construímos a mais ampla combinação de tecnologias sustentáveis dedicadas à indústria de veículos comerciais, como soluções de trem de força elétrico a bateria e célula de combustível e eletrolisadores para produção de hidrogênio verde”, contou a CEO, Jennifer Rumsey.

Incentivo para energia limpa

Sancionada em agosto de 2022, Lei de Redução da Inflação do governo Biden inclui um investimento de US$ 369 bilhões em políticas climáticas e energéticas, US$ 64 bilhões para reduzir os custos de seguro de saúde, e um imposto corporativo mínimo de 15% destinado a empresas que ganham mais de US$ 1 bilhão por ano.

Os incentivos buscam alavancar a indústria nacional para competir com a China, que hoje concentra cerca de 80% dos suprimentos para painéis fotovoltaicos, por exemplo.

Além de aumentar a oferta de combustíveis líquidos de baixo carbono para mercados de difícil descarbonização, como os veículos pesados e os transportes ferroviário, marítimo e aviação. 

A Clean Fuels America Alliance (associação de produtores de biocombustíveis dos EUA) projeta que a produção nacional e anual de biodiesel, diesel renovável e SAF pode alcançar 22,8 bilhões de litros até 2030. 

No caso dos combustíveis sustentáveis de aviação, o governo dos EUA planeja ter 3 bilhões de galões com custo competitivo disponível para os operadores de aeronaves até o final da década.