BELO HORIZONTE — O governo brasileiro negocia prioridade na compra da produção restante de semicondutores chineses em meio à crise geopolítica, afirmou, nesta terça-feira (28/10), o secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Uallace Moreira.
“O pedido do setor produtivo é uma tentativa de diálogo por parte do governo brasileiro com o governo chinês para deixar bem claro que o Brasil está fora desse conflito de natureza geopolítica”, disse Moreira.
O vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin (PSB), se reuniu nesta terça com representantes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), da Bosch e com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges Júnior, para ouvir as demandas do setor.
Caso não haja uma solução rápida, algumas montadoras podem paralisar em duas ou três semanas, devido a falta do componente.
Segundo Moreira, Alckmin já ligou para o embaixador chinês no Brasil e para o embaixador brasileiro na China.
A crise dos semicondutores foi causada após o governo holandês assumir o controle de uma subsidiária de um grupo chinês com sede na Holanda, sob argumento de riscos à segurança nacional (g1). Em resposta, a China restringiu a exportação dos chips.
“Você tem uma segmentação com uma empresa ou outra que produz [cada tipo de] chip. E nesse setor, esses contratos são feitos entre médio e longo prazo. Você não consegue substituir um fornecedor de um dia para o outro”, afirmou o secretário do MDIC.
“Dependendo do nanômetro, do tamanho desse chip, da função desse chip, nenhum outro país no mundo vai produzir isso num prazo extremamente curto para você resolver o problema de uma demanda de um país como o nosso. Então isso é muito difícil”, completou.
