RIO — O Ministério Alemão de Assuntos Económicos e Ação Climática (BMWK) anunciou a aprovação, nesta terça (22/10), da construção da maior rede de hidrogênio da Europa. O projeto, apresentado em julho, deve investir 18,9 bilhões de euros até 2032, em 9.040 quilômetros de dutos capazes de transportar até 278 TWh de hidrogênio.
Segundo o ministro Robert Habeck, a construção será realizada de forma escalonada até 2032 com as primeiras linhas de hidrogênio entrando em operação já no ano que vem. O foco será a descarbonização de setores industriais cruciais como siderurgia e química.
“A rede central de hidrogênio envia um sinal decisivo para a futura viabilidade da Alemanha como local de negócios. Porque é um requisito básico para o sucesso do arranque do hidrogênio e, portanto, para a descarbonização e competitividade da indústria na Alemanha”, disse Habeck.
A rede utilizará cerca de 60% de gasodutos existentes, que serão convertidos para transportar hidrogênio. Os 40% restantes consistirão em novas construções, conectando importantes centros industriais, portos e locais de produção de energia em todo o país.
Características regionais e integração europeia
A estrutura também facilitará a cooperação com outros países europeus, reforçando o sistema energético do continente, como os projetos H2Med – que conecta Espanha à Alemanha – e o SoutH2 Corridor, que pretende conectar o Norte da África à Europa, com uma rede ligando a Argélia à Itália.
“A aprovação é uma notícia muito boa porque dá segurança aos potenciais produtores, compradores e comerciantes de planejamento de hidrogênio”, disse Barbara Fischer, diretora geral da FNB Gas eV – a associação das empresas alemãs de transporte de gás.
O noroeste da Alemanha será a região que vai concentrar as redes de hidrogênio, devido à instalação de projetos de eletrolisadores e à criação de pontos de importação de hidrogênio de países vizinhos.
A estratégia alemã para o hidrogênio estima que entre 50% e 70% da demanda doméstica será coberta por importações até 2030. O objetivo é garantir capacidade de transporte suficiente para que o hidrogênio produzido e importado no noroeste possa ser distribuído para outras partes da Alemanha.
Investimentos para o “gás da transição”
Para possibilitar a conversão dos gasodutos de gás natural para o transporte de hidrogênio, os operadores de rede irão adaptar cerca de cinco mil quilômetros de infraestrutura.
No entanto, apesar da diminuição prevista na demanda de gás natural até 2045, será necessário construir novos trechos curtos de gasodutos (alguns com menos de um quilômetro) para atender às necessidades de abastecimento de gás natural em áreas específicas durante a transição.