RIO — A oferta permanente de áreas do pré-sal deve atrair o interesse das petroleiras, mas a concorrência pelos ativos tende a ser moderada, na avaliação de consultores.
Relembre: O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou a inclusão de 12 blocos do pré-sal no mecanismo de oferta permanente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Conforme antecipado pela agência epbr, a intenção da ANP é começar a licitar os ativos no segundo semestre, a depender do interesse do mercado.
Veja na íntegra o painel O que esperar do pré-sal na oferta permanente?, apresentado na Offshore Week — evento promovido pela agência epbr:
Na avaliação do diretor de pesquisa em exploração e produção da Wood Mackenzie, Marcelo de Assis, os ativos localizados na Bacia de Campos tendem a ter uma atratividade maior. Embora não haja perspectivas de descobertas gigantescas nos blocos em oferta na bacia, segundo o consultor, a presença de uma infraestrutura existente – e ociosa – na região é um bom atrativo. Além, claro, do fato de os ativos terem uma probabilidade maior de sucesso exploratório.
Não à toa, a Petrobras já manifestou, em fevereiro, interesse em exercer o direito de preferência pelas áreas Água Marinha e Norte de Brava – ambos na Bacia de Campos.
“Vai ter interesse [pela oferta permanente do pré-sal]? Provavelmente, sim. Ainda mais com os preços [do petróleo] elevados. Vai haver uma disputa grande, como tivemos no passado? Deve ser uma coisa mais limitada. Deve ter sua atração, mas dificilmente vai atrair bids [ofertas de lucro em óleo] elevados como vimos no passado. Vai ser algo como vimos no leilão passado, um interesse e uma disputa limitada entre duas e três empresas no máximo, mas nada exagerado”, afirmou.
Fruto, segundo Assis, dos resultados decepcionantes das perfurações nas áreas do pré-sal licitadas nos últimos anos e os altos bônus de assinatura pagos nos leilões desde 2017.
Tupinambá, Bumerangue e Cruzeiro do Sul, na Bacia de Santos, por outro lado, são áreas consideradas de maior risco geológico, cita o líder de exploração e produção da S&P Global Commodity Insights para América Latina e Fronteira da América do Norte, Ricardo Bedegral.
Segundo ele, existe um risco de presença elevada de CO2 nessas áreas.
“Não espero um embate forte nesse leilão”, afirmou. “O prá-sal brasileiro ainda é play [lugar] que atrai muito interesse, mas os resultados [das campanhas exploratórias recentes] não foram satisfatórios”, completou.
A epbr cobriu ao vivo o leilão
O fim dos grandes leilões
Sócia da Petres Energia e ex-secretária de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Renata Isfer, por sua vez, disse que o ciclo de grandes leilões do pré-sal não faz mais sentido, já que as áreas envolvidas possuem atratividades mais baixas.
Com a inclusão de áreas de partilha do pré-sal na oferta permanente, o governo consolidou a modalidade de contratação sob demanda como principal forma de licitação de blocos exploratórios no país.
O último leilão do pré-sal, a 6ª Rodada de partilha, em 2019, negociou apenas Aram, uma das cinco áreas oferecidas — numa licitação marcada pela ausência das petroleiras internacionais.
Após o baixo índice de contratação de áreas na 17ª Rodada de concessões, que negociou cinco dos 92 blocos ofertados, em outubro de 2021, o governo decidiu então adotar a oferta permanente como o modelo único para contratação de áreas de exploração.
Os ativos que seriam oferecidos nas 7ª e 8ª Rodadas de partilha foram, assim, transferidos para o cardápio de áreas da oferta permanente.