BRASÍLIA – O setor cervejeiro está apostando na diversificação da matriz energética para alcançar as metas de descarbonização em suas operações. Com foco na geração limpa, as indústrias desejam avançar na implementação da economia de baixo carbono desde a produção até o varejo.
Segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), as empresas estão buscando adotar processos produtivos mais eficientes para a transição no setor, como o uso de energia solar e eólica.
Pelo menos quatro grandes cervejarias brasileiras já estão sendo abastecidas com energia totalmente renovável.
A fabricante brasileira de bebidas Ambev, por exemplo, terá sua produção 100% proveniente de fontes renováveis até 2025. Além disso, quer zerar as emissões de carbono de toda cadeia de valor até 2030.
A companhia anunciou que pretende utilizar energia eólica em todas as suas fábricas até 2024. Ao todo, a estrutura industrial da empresa inclui 28 cervejarias nacionais.
Por isso, a Ambev firmou parcerias com três empresas para garantir eletricidade oriunda dos parques eólicos no Nordeste.
- O Complexo Eólico Kairós, administrado pela 2W Energia, será um dos provedores. Localizado em Icapuí, no Ceará, possui 261 MW de potência instalada, e tem previsão para operar ainda no primeiro semestre deste ano.
- A Neoenergia também fechou acordo para fornecer energia renovável do Complexo Eólico de Oitis, com 12 parques distribuídos entre os estados do Piauí e da Bahia, e capacidade instalada de 566,5 MW. O projeto tem previsão de conclusão para 2023.
- Já a Engie Brasil abastecerá as fábricas da Ambev por meio da geração de energia no Conjunto Eólico Trairi, com parques localizados no litoral do Ceará.
No total, o potencial de geração de energia eólica para a indústria cervejeira deve atingir 202 mil MWh por ano, segundo o Sindicerv.
“Apenas com essas iniciativas haverá uma redução de 32 mil toneladas na emissão de CO2 por ano, proporcional à retirada de mais de 50 mil veículos de circulação das ruas do país”, calcula a instituição.
Além da produção eólica, a Ambev também está investindo em energia fotovoltaica. Desde 2020, a marca tem convênio com a Lemon Energia para o fornecimento de usinas solares. A startup tem o objetivo de levar energia limpa para 250 mil pontos de venda da Ambev.
Logística zero carbono
Outra mudança adotada para reduzir a pegada de carbono nas indústrias de cerveja é o abastecimento das frotas de caminhões com combustíveis renováveis. O processo pode auxiliar na descarbonização das linhas de produção das empresas.
A Ambev é uma das principais clientes da Gás Verde, produtora de biometano. Por ter características semelhantes ao diesel, o biocombustível pode atuar como substituto do fóssil.
A eletrificação dos transportes também é uma das apostas do setor cervejeiro. A meta é aumentar a frota de caminhões elétricos, de 2.200 para 2.600 até 2025, estima o Sindicerv.
“Essas e tantas outras ações que estão em desenvolvimento e implantação irão contribuir para a redução da emissão de gases de efeito estufa com o objetivo de atingir a meta de neutralidade em toda nossa cadeia de valor até 2040”, comentou o presidente-executivo do Sindicerv, Márcio Maciel.
Outdoor solar
Os impactos da transição sustentável chegam também aos consumidores. Em 2022, a holandesa Heineken instalou painéis solares em um outdoor conectado a um bar localizado no Rio de Janeiro. A energia gerada é utilizada na refrigeração da bebida.
A ação faz parte do programa Heineken Energia Verde, que busca conscientizar o público para a utilização de fontes renováveis de energia pelo país.
Hoje, a empresa utiliza 100% de energia limpa em todo seu processo de produção nas fábricas de Alagoinhas (BA), Araraquara (SP) e Ponta Grossa (PR).
De acordo com o planejamento da empresa, a iniciativa será expandida para o varejo. O objetivo é que 50% dos pontos de venda em 19 capitais brasileiras tenham energia renovável até 2030.