Painel Moldando o Futuro da Energia, no Fórum Econômico Mundial Foto: World Economic Forum/ Greg Beadle
O presidente da Iberdrola, Ignácio Galan, afirmou nesta terça (21) que a burocracia estatal e as escolhas erradas sobre tributação no setor de energia são atualmente os grandes obstáculos para a transição energética. É necessário, alerta, conscientizar os tomadores de decisão nos governos sobre os custos que envolvem a opção de manter incentivos a combustíveis fósseis.
Galan participou de um painel para discutir o futuro da energia durante o Fórum Econômico Mundial, que acontece até a próxima sexta (24).
“Há países que ainda seguem dando subsídios e incentivos diretos para certas tecnologias, enquanto seguem penalizando outras”, criticou em uma referência a esses incentivos.
Acredita que é necessário que governos tenham a consciência de que ou se paga corretamente pela adoção de tecnologias limpas ou pagamos todos pelas escolhas erradas com custos recaindo sobre saúde, meio ambiente e perda de competitividade.
“Eles precisam saber que isso [essa opção por subsídios] tem um custo que alguém tem que pagar. E quem tem que pagar são eles e não todos nós. É preciso colocar isso na cabeça de todos, especialmente daqueles que são os responsáveis por tomar a decisão de regulação tributária”, disse.
Galan avalia, contudo, que o ambiente hoje é muito mais positivo e receptivo para a produção de energia renovável do que o encontrado há 20 anos, quando não havia um consenso quanto à necessidade de ação para mitigar as mudanças climáticas. “Hoje todos concordam que o problema existe. A transição energética já é um trabalho comum”.
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Brasil estuda subsídios
O governo brasileiro pretende definir dentro de dois meses a criação de uma “reserva” para amortecer os impactos da variação dos preços de combustíveis. A proposta reaviva um plano já levantado no governo de Michel Temer, quando se pretendia criar uma “política de amortecimento de preços” como mecanismo para proteger consumidores da volatilidade dos preços do barril do petróleo.
Na época, o governo abandonou a proposta em favor do subsídio ao diesel, que acabou custando ao Tesouro Nacional mais de R$ 6,8 bilhões, editando duas Medidas Provisórias.
35 GW de capacidade instalada
O CEO da Ibedrola afirma que a evolução das tecnologias de produção com renováveis permitiu que o investimento em uma planta para geração solar fotovoltaica ou geração eólica seja até mesmo inferior ao necessário para a construção de usinas a carvão ou a gás. A empresa possui atualmente 35 GW de potência instalada em todo o mundo e investiu mais de US$ 100 bilhões nos últimos anos.
“O custo é inferior em muitos casos e hoje vemos os benefícios dessas indústrias não apenas em termos dos benefícios para o planeta, mas em termos de oportunidade de negócio”, disse.
Galan acredita que a janela de oportunidade para os investimentos em renováveis está aberta e não se pode perder a oportunidade. “Estamos em uma autoestrada e precisamos nos mover rapidamente, todos precisam se mover rapidamente. E o ponto agora é que já há dinheiro disponível, tecnologia disponível, tecnologia barata, mas a tomada de decisão política em muitos países teria que ser rápida também”, concluiu.
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