Mercado de gás

IBP: não há motivos técnicos ou ambientais para proibição do fraturamento no Brasil

Estados discutem proibir técnica, usada para da viabilização de projetos de gás natural; ambientalistas e agronegócio teme efeito sobre aquíferos e o uso de recursos hídricos

Para presidente do IBP, não há razões técnicas ou ambientais para proibição do fraturamento hidráulico (fracking) no Brasil. Na imagem: Roberto Ardenghy, presidente do IBP, fala durante inauguração da Usina Termoelétrica Porto de Sergipe I, em Aracaju, em 17/8/2020 (Foto: Alan Santos/PR)
O maior potencial para aproveitamento da técnica está nas bacias do Amazonas, São Francisco e Paraná, mencionou Ardenghy (Foto: Alan Santos/PR)

RIO – O presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo e do Gás (IBP), Roberto Ardenghy, disse que não há motivos técnicos ou ambientais para proibir o uso da técnica de fraturamento hidráulico (fracking) na exploração e produção de petróleo e gás não convencional no Brasil.

Para ele, a atividade pode ser liberada mesmo depois da aprovação de leis que proíbem o fraturamento em diversos estados, pois a exploração e produção de petróleo e gás é de competência da regulação federal.

Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso já têm leis estaduais com a proibição ao uso da técnica, tema que também está em debate na Assembleia Legislativa da Bahia.

“A atividade de exploração de petróleo é uma atividade federal”, disse Ardenghy a jornalistas, nesta segunda-feira (17/6), após evento do Grupo de Líderes Empresariais (Lide) no Rio de Janeiro.

O maior potencial para aproveitamento da técnica está nas bacias do Amazonas, São Francisco e Paraná, mencionou Ardenghy.

Para o executivo, a discussão sobre o fraturamento é similar ao debate sobre a abertura de uma nova fronteira exploratória na Margem Equatorial, no Norte e Nordeste do país, pois está relacionada à segurança ambiental das atividades de exploração e produção.

“Que seja uma atividade tomada com cautela, com atenção, não tenho dúvida, a indústria está preparada para isso”, disse.

Petroleiras preparam estudo sobre fracking 

O IBP pretende fazer um seminário técnico sobre o assunto, com participação de autoridades ambientais.

A ideia é elaborar um relatório técnico para ser entregue ao Ministério de Minas e Energia (MME). A entidade também apoia a realização de uma audiência pública no Congresso sobre o tema. “Vamos discutir isso de maneira aberta e racional”, defendeu.

O fraturamento usa a injeção em alta pressão de uma mistura de água, areia e produtos químicos para liberar os fluidos de petróleo e gás em rochas.

É uma técnica usada em larga escala para viabilizar a produção em reservatórios não-convencionais, que do contrário não são econômicos. Uma das principais críticas à atividade é o temor de contaminação de lençóis freáticos.

O presidente do IBP afirma, no entanto, que na maioria dos casos os lençóis de água estão localizados em profundidades menores do que os reservatórios de petróleo.

Ele lembrou que a técnica já é usada em quase todos os poços que são perfurados.

“Você sempre vai jogar um pouco de pressão para permitir a maior porosidade dos reservatórios. Então, o fracking já é uma tecnologia usada no mundo inteiro”, afirmou.

Ardenghy citou ainda o exemplo dos Estados Unidos, que triplicaram a extração e hoje são o maior produtor de petróleo e gás do mundo devido ao uso do fraturamento hidráulico, sem grandes registros de desastres ambientais ou contaminação de reservatórios.

O potencial da produção não-convencional no Brasil, no entanto, é menor do que a dos EUA. “A impressão que nós temos é que as reservas são menores”, disse Ardenghy.