BRASÍLIA — A TÜV Rheinland avaliou e certificou a produção de hidrogênio verde (H2V) e neutro em carbono dentro da cadeia de fornecimento do gás da White Martins em Pernambuco, informou a companhia nesta quinta (8/12). É o primeiro H2V produzido na América do Sul.
Segundo a White Martins, empresa fornecedora de gases industriais e medicinais, a elaboração, implementação do sistema de gestão e certificação do hidrogênio verde levou cerca de três meses. Ao todo, 156 toneladas de H2V serão produzidas por ano em escala industrial.
“Nossa expectativa é que esta seja a primeira certificação de muitas que pretendemos ter em nossa região nos próximos anos”, conta Gilney Bastos, presidente da White Martins e da Linde na América do Sul.
Para ser classificado como verde, uma das premissas é que o hidrogênio seja produzido a partir do uso de fontes renováveis. Em Pernambuco, a White Martins poderá receber até 1.6 MW de energia solar que será utilizada no processo de eletrólise da água.
O combustível produzido neste primeiro momento vai atender o mercado pernambucano. Mas o plano é ampliar a produção e fornecimento.
A companhia, do grupo alemão Linde, é uma das maiores produtoras no Brasil de hidrogênio cinza — feito a partir de gás natural — e já possui memorandos de entendimento para produção de hidrogênio de eletrólise no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Ceará.
No início de julho, anunciou junto com a Toyota Brasil o projeto piloto para estudo da viabilidade de um carro movido a célula a combustível hidrogênio no Brasil.
CCEE lança certificação de hidrogênio renovável
Também esta semana, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) lançou a versão inicial de um documento que atestará a origem de produção do hidrogênio brasileiro. O objetivo é atender a demanda de projetos piloto para fabricação do produto a partir de fontes de baixa emissão de carbono.
“Nosso papel será garantir os atributos de sustentabilidade do hidrogênio, assegurar o benefício ambiental do insumo e ampliar a confiança dos investidores na indústria brasileira. Temos condições de sermos líderes nesse setor e a certificação chega no momento certo para alavancar negócios”, explica Rui Altieri, presidente do Conselho de Administração da CCEE.
Segundo o Banco Mundial, hoje são produzidas cerca de 600 milhões de toneladas de hidrogênio por ano no mundo, mas apenas 1% deste volume é considerado hidrogênio com baixa emissão de carbono. A expectativa é de que pelo menos dois terços desse montante seja renovável no futuro.
A certificação da CCEE foi desenvolvida a partir de uma série de reuniões e workshops com mais de 200 representantes da cadeia produtiva. A versão lançada nesta quarta-feira (7/12) leva em consideração particularidades do país, como a relevância das hidrelétricas, e exigências do mercado europeu, considerando o continente como um dos potenciais clientes.
Neste primeiro momento o produto será certificado gratuitamente e o documento terá dois tipos de classificação. Uma para o insumo 100% renovável, fabricado a partir de energia eólica, solar ou de hidrelétricas, e outra para os parcialmente renováveis, que contam com o complemento de alguma outra fonte, de empreendimentos termelétricos.