Energia

White Martins assina acordo para hidrogênio verde no RS

O Porto de Rio Grande, que deverá receber o projeto, está próximo a parques eólicos offshore em licenciamento

White Martins assina acordo para hidrogênio verde no RS
“Temos as condições para que esse memorando possa chegar a sua efetividade, com o que temos de estrutura já instalada e capacidade para ampliação dessa estrutura", Eduardo leite / PSDB-RS (foto: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini)

O Rio Grande do Sul e a White Martins assinaram, nesta terça (14/12), um memorando de entendimento para construção e operação de uma planta industrial de hidrogênio verde (H2V) e amônia verde no estado, e implementação do programa gaúcho Hidrogênio Verde – Construir e desenvolver energias renováveis no RS.

Desde agosto, o governo estuda oportunidades para produção de H2V no estado. 

De acordo com o governador Eduardo Leite, o RS já opera com 80% da energia renovável, sendo cerca de 20% de energia eólica. Ele acredita que o hidrogênio verde será essencial para que o estado alcance sua meta de neutralizar as emissões de carbono em 50% até 2030.

“Temos as condições para que esse memorando possa chegar a sua efetividade, com o que temos de estrutura já instalada e capacidade para ampliação dessa estrutura. Estamos alinhados com os valores que movem cada vez mais a sociedade moderna, e entendemos que temos com o hidrogênio verde, além da responsabilidade ambiental, uma grande oportunidade do ponto de vista do desenvolvimento econômico”, afirmou o governador durante a cerimônia de assinatura.

Em novembro deste ano, Eduardo Leite esteve na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), em Glasgow, na Escócia, onde apontou o H2V como possível solução para a transição justa dos trabalhadores que hoje atuam no setor de carvão mineral – o Rio Grande do Sul concentra 88% das reservas de carvão mineral do Brasil.

Porto com eólica offshore

Cotado para receber o projeto de H2V da White Martins, o porto do Rio Grande, em Rio Grande, está próximo a parques eólicos offshore atualmente em licenciamento, além de ser o maior distrito portuário e industrial do estado.

Assim como projetos anunciados em outros estados, esses complexos portuários combinam uma série de fatores estratégicos para o desenvolvimento da nova cadeia do H2V, como logística para exportação, proximidade de pólos industriais e de fontes de energia renovável — utilizada na eletrólise para sintetização do H2V.

Com destaque para os novos parques eólicos offshore que, assim como no caso do hidrogênio verde, estão em fase embrionária no país e aguardam definições regulatórias.

Parques offshore

Com 6,5 GW de potência, o parque Ventos do Sul, da Ventos do Atlântico, é o maior do tipo em licenciamento do Rio Grande do Sul e do país.

Outros quatro parques estão previstos no estado: Águas Claras (Força Eólica do Brasil), com 3 GW; Ventos Litorâneos (Bosford Participações) 1,2 GW; Bravo Vento (João Amílcar Roehrs) 1,1GW e Tramandaí Offshore (Ventos do Atlântico), 702 MW.

Além desses, o governo também vem estudando a viabilidade de parques eólicos offshore na Lagoa dos Patos. Segundo dados divulgados pelo governador Eduardo Leite, o potencial eólico offshore do estado pode chegar a até 80 GW no mar, e a até 34 GW nas lagoas.

White Martins também planeja investir no Ceará

Este é o terceiro memorando assinado este ano pela White Martins, empresa que representa a alemã Linde na América do Sul.

Em abril, a companhia foi a primeira a assinar um acordo com o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), no Ceará, para oficializar seu interesse em participar do projeto HUB de Hidrogênio Verde na região.

Já no final de outubro foi assinado, na Alemanha, um MoU da Linde com o Governo do Ceará, que irá apoiar no estudo de viabilidade para implantação de uma planta de hidrogênio no estado.

Para Gilney Bastos, presidente da White Martins, o fato de a Linde já dominar tecnologias em todas as etapas da cadeia produtiva do hidrogênio verde coloca a companhia em uma posição estratégica para este tipo de empreendimento.

“A Linde tem uma joint venture com a empresa inglesa ITM para fabricação de eletrolisadores, com unidades já em funcionamento. Um deles opera em Wesseling, na Alemanha. Em 2022, deveremos iniciar outro no mesmo país. Mas também operamos reformadores, que produzem hidrogênio a partir do gás natural; e plantas de amônia, utilizada como transporte do hidrogênio”, explica Gilney.

Além disso, a White Martins também investe em soluções para produção de hidrogênio implementada na própria operação dos clientes, uma espécie de geração distribuída de H2V.