RIO – O desenvolvimento de hubs de baixo carbono da indústria siderúrgica no Brasil deve ocorrer a partir do uso do hidrogênio, afirma a diretora de Energia e Descarbonização da Vale, Ludmilla Nascimento.
A mineradora avalia a formação de clusters para viabilizar a fabricação de produtos da cadeia siderúrgica de baixo carbono, como “hot briquetted iron” (HBI, também conhecido em português como ferro-esponja).
A Vale vai entrar nesses projetos com a construção e operação de plantas de briquete, que vão alimentar reatores de produção de HBI e outros produtos metálicos das empresas parceiras.
“O Brasil não vai começar com gás natural, vai começar já com hidrogênio, é uma possibilidade pela competitividade da energia. A ideia é justamente criar esses hubs para produzir esse produto de baixo ou quase zero carbono e exportar como um adensamento”, disse a diretora a jornalistas no Fórum Brasil-União Europeia no Rio de Janeiro, nesta terça-feira (23/7).
Além do Brasil, também são considerados projetos nos Estados Unidos e no Oriente Médio.
Aço de baixo carbono
A companhia já assinou 50 memorandos de entendimento para levar as iniciativas adiante em diversos países.
“A gente imagina que esses projetos vão avançar nos próximos seis meses a um ano”, disse Nascimento.
As negociações mais adiantadas são para projetos na Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Omã. Esses primeiros hubs, no entanto, devem começar com o uso do gás natural, que depois deve ser substituído por fontes renováveis.
A rota convencional de produção de aço utiliza minério de ferro e coque com base em carvão. Nesse modelo, a emissão é de 2 toneladas de carbono para cada tonelada de aço produzido.
Com o uso de energia elétrica, as emissões podem cair pela metade, podendo ficar próximas a zero com a substituição do gás natural pelo hidrogênio verde.
No Brasil, uma das parcerias anunciadas é com a produtora de aço verde H2 Green Steel. O memorando assinado com a companhia sueca também prevê estudos para o desenvolvimento de hubs na América do Norte.
Nascimento destacou que os Estados Unidos têm alta atratividade para esses projetos devido ao grande potencial de geração renovável e aos incentivos dados pelo país para iniciativas de descarbonização.