Aço verde

Vale e Green Energy Park firmam parceria para mega hub de hidrogênio e aço verdes no Brasil

A ideia é que essa commodity verde produzida no Brasil seja adquirida por empresas siderúrgicas de todo o mundo

Vale e europeia Green Energy Park fecham acordo para mega hub de hidrogênio e aço verdes no Brasil. Na imagem: Ludmilla Nascimento, diretora de Energia e Descarbonização da Vale (Foto Zé Palma/Vale)
Ludmilla Nascimento, diretora de Energia e Descarbonização da Vale | Foto Zé Palma/Vale

RIO – A Vale e a Green Energy Park (GEP), empresa europeia que desenvolve uma planta de hidrogênio verde no Piauí, anunciaram nesta terça (1/10) que vão estudar a construção de um mega hub de hot-briquetted iron (HBI ou ferro-esponja) no Brasil, alimentado por hidrogênio renovável.

Ludmila Nascimento, diretora de energia e descarbonização da Vale, destaca que essa colaboração aproveita as vantagens competitivas do país, como a abundância de energia renovável e o minério de ferro de alta qualidade.

“Estamos aproveitando as vantagens competitivas do Brasil, como minério de ferro de alta qualidade e energia renovável abundante, para potencialmente desenvolver o fornecimento de hidrogênio verde, o que permitirá a oferta de um HBI ‘verde’, com alto valor agregado às siderúrgicas europeias”.

A tecnologia de produção de HBI verde envolve a utilização de hidrogênio renovável, obtido através da eletrólise da água usando eletricidade de fontes como solar e eólica, ao invés do gás natural e do carvão, tradicionalmente usados no processo.

O HBI é uma commodity intermediária, sendo uma forma aglomerada de minério de ferro, antes de ser enviada à produção de aço.

A ideia é que essa commodity verde produzida no Brasil seja adquirida por empresas siderúrgicas de todo o mundo, que buscam um aço com menor pegada de carbono.

O setor siderúrgico é responsável por aproximadamente 8% das emissões globais de carbono.

Atualmente, a produção em altos-fornos emite cerca de duas toneladas de CO2 por cada tonelada de aço produzido. 

A tecnologia de redução direta, que utiliza o hidrogênio verde como agente redutor, pode diminuir essas emissões para 0,4 tonelada de CO2, resultando em 80% menos carbono, segundo a Vale.

“Esta é uma parceria ganha-ganha para o Brasil e a Europa”, diz Nascimento.

A parceria também espera colaborar em outros elos da cadeia de valor do hidrogênio, como a implantação de eletrolisadores, o desenho de plantas industriais para hidrogênio verde e seus derivados, como amônia e metanol. 

“A colaboração entre nossas empresas tem como objetivo levar nossa tecnologia líder de hidrogênio verde para o núcleo dos setores de difícil abatimento, oferecendo uma plataforma altamente competitiva para a produção de aço verde na Europa e em todo o mundo”, comenta Bart Biebuyck, CEO da GEP. 

“Juntos, estamos ansiosos para acelerar o setor de hidrogênio verde no Brasil”.

Mega hubs de aço verde

A Vale espera desenvolver no Brasil o modelo dos mega hubs, complexos industriais voltados à fabricação de produtos siderúrgicos de baixo carbono, que estão sendo implantados pela empresa em três países do Oriente Médio (Arábia Saudita, Emirados Árabes e Omã).

No Brasil, um dos impeditivos para a implementação dos projetos é o preço do gás natural, em média a US$ 13 por milhão de BTU, enquanto na Arábia Saudita, a oferta pode ser de US$ 1,5 por milhão de BTU.

A expectativa de um hidrogênio verde no Brasil competitivo no futuro, levou a mineradora a estudar a implantação desses hubs no país. 

A empresa já assinou acordos com a Petrobras e o Porto do Açu para estudo de projetos de hidrogênio e HBI verde.

Já a Green Energy Park desenvolve um dos maiores projetos de hidrogênio verde do mundo, no Piauí.

No ano passado, a presidente da Comissão Europeia confirmou o aporte de 2 bilhões de euros para financiar a produção de hidrogênio verde no Brasil. Parte dos recursos serão destinados ao projeto da GEP.

O projeto terá capacidade de produzir 10 GW de hidrogênio limpo e amônia que, a princípio, seriam enviados para a ilha de Krk, na Croácia. 

A partir daí, o hidrogênio poderia abastecer consumidores industriais no Sudeste da Europa.