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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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A União Europeia aprovou hoje (28/3) a lei que proíbe vendas de carros novos que emitem CO2 em 2035, mantendo os motores a combustão, desde que utilizem os eletrocombustíveis (derivados de hidrogênio de baixo carbono).
O regulamento exige que todos os carros novos vendidos emitam 55% menos CO2 a partir de 2030, em comparação com os níveis de 2021, e sejam carbono zero a partir de 2035.
Vale apenas para os veículos leves. Há uma outra proposta em discussão para ônibus e caminhões seguindo a mesma linha, com metas até 2040.
A medida aprovada hoje atende uma pressão da Alemanha. O país está subsidiando produção de hidrogênio ao redor do mundo e liderou um movimento pela prorrogação da vida dos veículos a combustão, ante a proposta original que mirava uma frota totalmente elétrica.
Há quem diga, no entanto, que o debate é irrelevante, dada a baixa probabilidade de a capacidade de produção de e-combustíveis chegar perto de torná-los uma alternativa viável para o setor automotivo. The Post e The Guardian.
Infraestrutura de abastecimento
Paralelamente, a UE divulgou nesta terça um acordo provisório entre o Parlamento e o Conselho sobre metas para aumentar o número de postos de carregamento e de abastecimento a hidrogênio nos principais corredores de transporte do bloco.
Para os carros elétricos, prevê pontos de carregamento com potência de pelo menos 400 kW a cada 60 km ao longo da rede transeuropeia (uma das principais vias de tráfego entre os países europeus) até 2026.
A potência da rede poderá aumentar para 600 kW em 2028.
No caso de ônibus e caminhões, o requisito é ter uma estação a cada 120 km em metade das principais estradas da UE até 2028 e com uma potência de 1400 kW a 2800 kW, dependendo da estrada.
Os negociadores também concordaram em ter estações de abastecimento de hidrogênio a cada 200 km até 2031, ao longo da rede transeuropeia.
Além disso, o preço dos energéticos terá de ser fixado por kWh, por minuto/sessão ou por kg, ser “razoável, fácil e claramente comparável, transparente e não discriminatório”, refere o acordo.
A Comissão Europeia criará um banco de dados sobre combustíveis alternativos até 2027, com informações sobre disponibilidade, tempo de espera e preço em diferentes estações.
Cobrimos por aqui:
- Consórcio global lança primeiros modelos de passaporte de bateria
- Combustíveis marítimos de baixo carbono ganham incentivo na Europa
- União Europeia avança em gasoduto para hidrogênio
No Brasil, descarbonização com etanol…
A indústria brasileira de etanol quer provar que o biocombustível de cana pode ir além dos veículos de passeio, e fazer parte da transição de ônibus, caminhões, aviões e navios.
“A cana de açúcar dá para o Brasil um potencial de protagonismo na jornada de descarbonização local e global, porque tem uma solução para hoje (etanol na frota leve e bioeletricidade, através da cogeração), para o curto prazo (com etanol de segunda geração e biogás), e de médio e longo prazo, que é o uso completo do potencial energético da cana”, defende Paula Kovarsky, vice-presidente de Estratégia da Raízen.
Em workshop promovido pela ANP na segunda, a executiva listou combustível sustentável de aviação (SAF, em inglês), biometanol e biobunker (para navegação) e extração de hidrogênio como possibilidades de ampliação do portfólio de renováveis da cana.
Isso tudo depende, no entanto, de incentivos. Atualmente, a política brasileira que remunera a eficiência ambiental dos biocombustíveis é o Renovabio, por meio dos créditos de descarbonização (Cbios).
Nesta segunda, o ativo estava cotado ao preço médio de R$ 95,37 a tonelada de carbono.
Paula avalia que, atualmente, o valor que o mercado brasileiro está disposto a pagar pelo atributo ambiental é muito baixo quando comparado com o preço do carbono em economias como Europa e EUA.
Além disso, o setor enfrenta dificuldades para participar do mercado internacional, que “muitas vezes, não reconhece as particularidades do etanol de cana”, explica Kovarsky.
Ela defende avanço nas exigências regulatórias para valorizar o atributo sustentável e de redução de carbono do biocombustível. “Para que o mercado entenda a importância dessa jornada e que esteja disposto a pagar por isso também”, completa.
…e biometano
Mesmo com a inserção dos elétricos, montadoras no Brasil veem espaço para o gás natural na matriz de transportes. Na mira, o potencial de produção do biometano.
A Scania, por exemplo, está aumentando a oferta brasileira de veículos movidos a gás natural veicular (GNV), gás natural liquefeito (GNL) e/ou biometano.
Em 2023, a meta é vender cerca de 600 caminhões a gás e chegar a um volume total de 1.200 unidades comercializadas, conta o gerente de sustentabilidade da montadora no Brasil, Paulo Genezini.
À agência epbr, ele afirma que há um cenário promissor para a tecnologia nos próximos anos. Leia a entrevista na epbr
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Curtas
Acima de 50°C
A Índia, a caminho de se tornar o país mais populoso do mundo, corre o risco de se aproximar do limite da sobrevivência humana à medida que experimenta ondas de calor mais intensas e frequentes.
Depois de experimentar seu fevereiro mais quente desde 1901, novas ondas de calor devem atingir o país nas próximas semanas, alimentando as preocupações de que haverá uma repetição dos recordes de temperatura do ano passado – com prejuízos para o agro e blecautes de horas. Bloomberg
Usinas flutuantes
A Cemig está desenvolvendo três usinas solares flutuantes em reservatórios de suas hidrelétricas Três Marias e Emborcação e na pequena central hidrelétrica (PCH) Cajuru, disse na segunda o diretor de geração e transmissão da companhia, Thadeu Carneiro da Silva.
Em reunião com investidores, ele explicou que esses empreendimentos flutuantes já têm outorgas para implantação e começarão a entrar em operação a partir do início de 2024. A energia será comercializada pela Cemig SIM, unidade dedicada à geração distribuída. Reuters
Eólica
Parceria entre a Enel e a Equinox Gold vai levar energia gerada por usinas eólicas no Rio Grande do Norte para duas fazendas no interior da Bahia. Com fornecimento de energia eólica assegurado pela Enel Brasil, a Equinox Gold espera uma redução de até 70% em encargos setoriais e custos de energia para as duas unidades, economia de, aproximadamente, R$ 40 milhões por ano. O contrato no mercado livre segue o modelo de autoprodução.