Energia

União Europeia investirá R$ 10 bilhões em hidrogênio verde do Brasil

Líder da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, se reuniu nesta segunda (12/6) com o presidente Lula

União Europeia investirá R$ 10 bilhões em hidrogênio verde do Brasil; e cerca de R$ 100 milhões para o Fundo Amazônia. Na imagem: Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, durante reunião com a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, seguida de declaração à imprensa, em 12/6/23 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, durante reunião com a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, seguida de declaração à imprensa (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

BRASÍLIA – A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que a União Europeia (UE) vai investir € 2 bilhões (cerca de R$ 10,4 bilhões) na produção de hidrogênio verde no Brasil, com foco na eficiência energética da indústria. A líder se reuniu com o presidente Lula (PT), no Palácio do Planalto, nesta segunda (12/6).

“87% da eletricidade brasileira é gerada por fontes renováveis. É realmente impressionante e podemos aprender muito com o Brasil […] A Europa vai investir 2 bilhões de euros para apoiar a produção brasileira de hidrogênio verde”, anunciou von der Leyen.

A iniciativa faz parte de um dos projetos do Global Gateway. Os detalhes, no entanto, não foram divulgados.

R$ 100 milhões para o Fundo Amazônia

Durante o encontro, von der Leyen anunciou que a UE vai contribuir com € 20 milhões (cerca de R$ 104,6 milhões) para o Fundo Amazônia.

“A floresta amazônica é o pulmão verde de nosso planeta e é uma aliada fundamental contra o aquecimento global. Queremos contribuir com 20 milhões de euros para o Fundo Amazônia. Os estados-membros também deverão contribuir”, disse von der Leyen, no pronunciamento.

Criado em 2008, durante o segundo mandato de Lula, o Fundo Amazônia capta doações internacionais destinadas à preservação do bioma. A iniciativa ficou congelada durante todo o governo de Jair Bolsonaro (PL).

Em novembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou que o fundo fosse retomado no período de 60 dias. Desde então, a reativação do programa, já no governo Lula, recuperou grandes doadores internacionais, como a Alemanha e Noruega.

“Temos um projeto de 480 milhões de euros para lutar contra o desmatamento e promover o uso sustentável da terra na Amazônia”, comunicou.

O bloco pretende aumentar os investimentos na América Latina e no Caribe por meio do Global Gateway. O pacto visa atender as demandas por subsídios em todo o mundo.

“A União Europeia já é o principal investidor na região e é um grande prazer anunciar que vamos aumentar esse investimento através do Global Gateway […] Vamos investir 10 milhões de euros na América Latina e no Caribe. Isso é só o começo”.

Retomada da agenda ambiental

Durante o encontro, o presidente Lula garantiu que o Brasil vai reforçar o vínculo com cada um dos 27 países-membros do bloco econômico e alertou que “o planeta não suporta mais as pressões de uma globalização predatória do ponto de vista ambiental, social e econômico”.

Como parte da retomada das políticas ambientais do país, o governo relançou o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) na última semana. Com foco em zerar o desmatamento ilegal até 2030, o programa possui mais de 130 metas e prevê a proteção e defesa das florestas.

A presidente da Comissão Europeia, por sua vez, elogiou o programa brasileiro: “Pôr fim ao desmatamento até 2030 é uma ótima notícia para o mundo e a Europa também é parceira nesta luta”, ponderou.

Acordo Mercosul-UE

Nesta segunda (12/6), Lula voltou a expressar preocupações em relação às condições apresentadas pela UE para o acordo comercial com o Mercosul.

“A premissa que deve existir entre parceiros estratégicos é a da confiança mútua e não de desconfiança e sanções”, disse o presidente.

O governo está tentando retomar as negociações do pacto bilateral sem ceder as compras públicas para não prejudicar as indústrias brasileiras.

“Essas iniciativas representam restrições potenciais às exportações agrícolas e industriais do Brasil. Reiterei o desejo do meu governo de construir uma agenda bilateral positiva. Com uma cooperação ativa, podemos abrir horizontes benéficos em diversas áreas”, completou.

De acordo com a chefe da Comissão Europeia, o pacto deve ser concluído até o fim deste ano. “Ambos concordamos que é chegada a hora de concluir o acordo da União Europeia e Mercosul. Temos a ambição de terminá-lo o quanto antes, o mais tardar até o final do ano”, declarou.