Efeito Trump

Thyssenkrupp abandona projetos de hidrogênio verde nos EUA após cortes de incentivos

Decisão ocorre após a extinção, pelo governo Doland Trump, de incentivos a projetos renováveis no país

Hidrogênio verde: siga os subsídios. Na imagem: Galpão com diversos eletrolisadores de grande porte da thyssenkrupp para a produção em escala de hidrogênio verde (Foto: thyssenkrupp/Divulgação)
Eletrolisadores da thyssenkrupp, que usam tecnologia alcalina (Foto: thyssenkrupp/Divulgação)

RIO — A Thyssenkrupp Nucera — braço da Thyssenkrupp para tecnologia de eletrólise — vem ajustando sua estratégia global para o hidrogênio verde diante da retirada de incentivos fiscais nos Estados Unidos e a demora no amadurecimento do mercado europeu.

Nos EUA, a empresa abandonou projetos “que têm menos chance de serem concretizados devido às novas condições estabelecidas” pelo governo Trump, segundo o CEO da companhia, Werner Ponikwar. (Reuters)

Em junho, o Congresso aprovou o pacote legislativo, chamado de One Big, Beautiful Bill, revogando ou limitando uma série de subsídios climáticos, incluindo o crédito 45V, destinado a projetos de hidrogênio limpo da administração do ex-presidente Joe Biden.

O novo pacote estabeleceu a extinção gradual de incentivos, que só poderão ser aplicados a iniciativas que iniciem a construção até o fim de 2027.

Apesar disso, Ponikwar destaca que há espaço para avançar em alguns projetos neste prazo.

“Estamos convencidos de que o mercado de eletrólise de hidrogênio continua oferecendo um potencial enorme”, disse.

Mercado europeu mais lento que o esperado

Enquanto reavalia investimentos nos EUA, a Thyssenkrupp Nucera mantém foco na Europa, onde enxerga as melhores oportunidades. 

No seu balanço trimestral, a empresa destacou que está  trabalhando em pedidos de engenharia que somam 1,5 GW de capacidade de eletrólise e que  foi contratada para um estudo de engenharia (FEED) de uma planta de 600 MW destinada a reduzir emissões de de carbono na indústria pesada — sem dar mais detalhes sobre o projeto. 

“A Europa é atualmente o mercado mais promissor. Isso mostra claramente que nosso pipeline de projetos de hidrogênio verde está amadurecendo e que os projetos industriais estão avançando. Por isso, seguimos confiantes”, afirmou Ponikwar.

No entanto, o executivo reconhece que o mercado europeu se desenvolve mais lentamente do que o esperado, com grandes projetos exigindo prazos longos para maturação.

“O hidrogênio verde continuará sendo o pilar central das estratégias de descarbonização exigidas pela indústria em todo o mundo. Embora projetos de grande escala tenham naturalmente tempos de desenvolvimento mais longos, continuamos sendo um dos parceiros mais procurados no mercado”. 

Para reduzir riscos, a empresa vem ampliando seu portfólio tecnológico. Em junho, adquiriu a solução modular de eletrólise de alta pressão da dinamarquesa Green Hydrogen Systems, focando em aplicações que demandam hidrogênio comprimido.

A companhia também mantém colaboração com o Fraunhofer IKTS no desenvolvimento de eletrólise de alta temperatura (SOEC), tecnologia que pode ser complementar a outras atualmente mais viáveis no mercado, como PEM e eletrólise alcalina. 

“Ao expandir ainda mais nosso portfólio estratégico de tecnologia, nós da thyssenkrupp nucera estamos viabilizando soluções de hidrogênio com custo nivelado de hidrogênio (LCOH) otimizado. Isso torna o hidrogênio verde mais atraente”, disse o CTO, Klaus Ohlig.

Mesmo diante da queda na entrada de novos pedidos no segmento de hidrogênio verde e de adiamentos de projetos, a empresa encerrou os primeiros nove meses do exercício 2024/2025 com crescimento de receita e fluxo de caixa livre positivo.

 O CFO, Stefan Hahn, garantiu que a companhia “ continua gerando fluxo de caixa livre positivo mesmo neste mercado desafiador para soluções de hidrogênio”. 

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