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Shell testa hidrogênio em motores diesel de sondas de perfuração

Investimento em PD&I estuda tecnologia para descarbonizar operações offshore

Mercado de petróleo e gás continuará tumultuado em 2023, diz Wood Mackenzie. Na imagem: FPSO Espírito Santo, no Parque das Conchas, operado pela Shell na Bacia de Campos (Foto: Roberto Rosa/Shell)
FPSO Espírito Santo, no Parque das Conchas, operado pela Shell na Bacia de Campos (Foto: Roberto Rosa/Shell)

BRASÍLIA — A Shell vai investir R$17,7 milhões, por meio da cláusula em PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) da Agência Nacional de Petróleo (ANP), em uma iniciativa para explorar o potencial do hidrogênio adicionado em motores de combustão interna de embarcações marítimas, como navio-sonda e navio-tanque.

O projeto é desenvolvido em parceria com a Ocyan e a LZ Energia (unidade de negócios Protium Dynamics), que tem a patente da tecnologia. Objetivo é descarbonizar operações offshore reduzindo o consumo de diesel.

“Estamos otimistas com os resultados do projeto H2R (Hidrogênio para reduzir emissões e consumo). A tecnologia em desenvolvimento visa permitir a redução de consumo de combustível e de emissões de gases de efeito estufa, além de contribuir para a descarbonização da indústria de óleo e gás offshore”, destaca Eli Gomes, gerente de projetos de Tecnologia da Shell.

Segundo a petroleira, manter uma embarcação offshore funcionando em posicionamento dinâmico ou navegando pelo mar requer um consumo alto de diesel, impactando no meio ambiente e elevando os custos em operações marítimas.

Com a injeção do hidrogênio, a expectativa é reduzir em até 10% as emissões de gases de efeito estufa, além de uma queda nos custos operacionais.

Integração com diesel

Caso o projeto evolua e a tecnologia se mostre viável para aplicação em motores de sonda e navios-tanque, a Shell estima que as emissões de CO2 podem ter uma queda de 4,5 toneladas por ano.

Um dos desafios em estudo é como armazenar e transportar hidrogênio em operações offshore.

O projeto propõe um sistema inteligente de produção do hidrogênio embarcado sob demanda, que, a partir da coleta e interpretação contínua de  dados dos motores, calcula a quantidade de energético a ser produzida e injetada.

A ideia é integrar o hidrogênio com motores diesel existentes, para que não seja preciso fazer modificações significativas na embarcação.

Igor Zornitta Zanella, diretor da LZ Energia, explica que o hidrogênio age como se fosse um catalisador. A eficiência cresce, e com ela, a conversão de combustível em trabalho.

“A melhoria se dá pela otimização da queima do combustível. Adicionando pequenas doses de hidrogênio, a queima ocorre com menor atraso de ignição e de maneira mais homogênea, resultando em uma queima mais completa e abrangente. Aquelas frações, que costumavam escapar durante o processo em forma de emissões poluentes, passam a ser aproveitadas, fazendo com que seja necessário menos combustível para realizar o mesmo trabalho”.

Teste em caminhões

Desde 2015, a LZ Energia estuda a tecnologia aplicada a motores de caminhões. Foram vários testes em campo, pistas de provas e laboratórios com motores de pequeno porte. O resultado obtido até agora é de redução de até 10% no consumo de diesel e nas emissões.

A companhia conta que mais testes em laboratórios serão conduzidos em motor de grande porte para amadurecer a tecnologia até avaliação em operação offshore.