Diálogos da Transição

Roterdã quer fornecer 4,6 mi de toneladas de hidrogênio para Europa; maior parte será importada

Volume representa pouco mais de um quinto dos 20 Mt previstos no REPowerEU para reduzir a dependência do gás russo

Vista aérea do Porto de Roterdã, que quer fornecer 4,6 mi de toneladas de hidrogênio para Europa
O Porto de Roterdã é o maior da Europa, e deve ser porta de entrada do hidrogênio e amônia verdes produzidos no Brasil, por exemplo (Foto: Divulgação)

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Diálogos da Transição

eixos.com.br | 10/05/22

Editada por Nayara Machado
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O porto de Roterdã, na Holanda, disse nesta terça (10/5) que pode fornecer 4,6 milhões de toneladas/ano de hidrogênio para o noroeste da Europa até 2030. A maior parte desse volume deve vir de outros continentes.

Cerca de 70 empresas e países exportadores endossaram a oferta ao vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, com base em “projetos específicos e planos realistas, nos quais empresas e países exportadores estão trabalhando agora”, disse a Autoridade do Porto de Roterdã.

A estimativa de 4,6 milhões de toneladas de hidrogênio verde representa pouco mais de um quinto dos 20 Mt previstos no REPowerEU para reduzir a dependência do gás natural, especialmente da Rússia.

O foco da iniciativa está nas importações.

O porto é o maior da Europa, e deve ser porta de entrada do hidrogênio e amônia verdes produzidos no Brasil, por exemplo.

“Países de todo o mundo estão se preparando para esses novos fluxos de energia. O hidrogênio produzido na América Latina ou na Austrália, por exemplo, pode ser enviado para Roterdã com eficiência e em larga escala, processado aqui e depois transportado para o interior”, disse o porto em nota.

O custo de produção de hidrogênio verde (eletrólise com energia renovável) na Europa foi avaliado pela Platts a US$ 11,48/kg em 9 de maio. Em comparação, na Austrália, o valor fica em US$ 2,91/kg, de acordo com a S&P Global Commodity Insights.

A localização também é estratégica para as empresas que estão investindo em parcerias no Mar do Norte para produção em larga escala de hidrogênio a partir de eólica offshore. Muitos previstos para começar a abastecer o mercado entre 2024 e 2026.

Juntos, esses projetos forneceriam 2,5 GW de energia até 2030 e produziriam 0,25 Mt de hidrogênio verde.

Segundo o documento divulgado hoje pelo porto, um projeto para produzir hidrogênio de baixo carbono a partir de gás natural com captura de carbono também está em andamento. Isso significaria um total de 0,6 Mt de hidrogênio produzido localmente até 2030.

Cobrimos por aqui:

Em busca de independência… A União Europeia deve divulgar na próxima semana um pacote de medidas para aumentar o uso de energias renováveis e as importações de gás de outros lugares, também em uma tentativa de reduzir sua dependência de combustíveis russos.

Como parte disso, a Comissão Europeia vai propor regras exigindo que os países designem “áreas de acesso” de terra ou mar adequadas para energia renovável, onde tais projetos teriam um baixo impacto ambiental. Reuters

…e eficiência. Pesquisa da Johnson Controls divulgada nesta terça (10/5) mostra que 62% das organizações esperam aumentar os investimentos em eficiência energética, energia renovável ou tecnologia de edifícios inteligentes em 2022 — um retorno aos níveis pré-pandemia.

O levantamento também constatou que as organizações ainda enfrentam desafios na hora de avançar com iniciativas de sustentabilidade em áreas-chave. Quase dois terços dos mil entrevistados afirmam que têm dificuldades em escalar sustentabilidade em edifícios, regiões geográficas ou unidades de negócios.

O investimento planejado na geração ou armazenamento de energia cresceu significativamente em cinco anos, provavelmente em resposta à meta global de descarbonização e, como parte desse esforço, à eletrificação.

A Europa teve o maior número de entrevistados que planejam obter a certificação de edifício verde, enquanto o Reino Unido lidera na quantidade de organizações que estabeleceram metas públicas de redução de energia/carbono — com 46% de metas estabelecidas.

Já o Brasil ficou em 7º lugar no ranking geral, com 53% das empresas interessadas em direcionar mais recursos para eficiência energética nos próximos 12 meses.

Cogeração no Brasil chega a 19,78 GW. A cogeração em operação comercial no Brasil acumulou incremento de 205 MW no ano de 2022. Considerando a evolução de janeiro a abril deste ano, foram adicionados 50MW em usinas já existentes e 155 MW em novas usinas. As informações são compiladas pela Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen).

Nos meses de março e abril, a Cogen registrou a adição de 50 MW de bagaço de cana, com a ampliação da usina Da Mata (Valparaíso/SP); 6,78 MW de óleos vegetais das novas usinas 3 Tentos Ijuí (Ijuí/RS), BBF Izidolândia (Alta Floresta D’Oeste/RO) e BBF Urucumacuã (Chupinguaia /RO).

Outros 13,44 MW vieram de resíduos de madeira, das novas usinas Bonfim (Cantá/RR) e Pau Rainha (Boa Vista/RR).

Em janeiro, a cogeração havia registrado 19,57 GW.

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