Energia

Reino Unido decide avançar com planos de injeção de hidrogênio em gasodutos

Proposta passou por consulta pública; governo estuda segurança da mistura em redes de distribuição antes de decisão final

Reino Unido decide avançar com planos de injeção de hidrogênio em malha de gasodutos, mas estuda segurança da mistura com gás natural antes de decisão final. Na imagem: Duto de hidrogênio (Foto: Divulgação DNV GL)
Duto de hidrogênio (Foto: Divulgação DNV GL)

RIO – O Reino Unido anunciou, na última quinta (14/12), que está disposto a avançar com os planos de injeção de até 20% de hidrogênio de baixo carbono, via eletrólise ou gás natural com captura de carbono (CCS), na malha de gasodutos da Grã-Bretanha, que inclui Inglaterra, País de Gales e Escócia e Irlanda do Norte.

A decisão foi comunicada após uma consulta pública que recebeu contribuições (.pdf em inglês) até o final de outubro.

“O governo tomou uma decisão política estratégica para apoiar a mistura de até 20% de hidrogénio em volume nas redes de distribuição de gás da Grã-Bretanha”, diz o Departamento para Segurança Energética e Net Zero em nota.

Contudo, o governo reconhece que ainda estão em curso estudos que demonstram se a mistura pode ser utilizada com segurança nas redes de distribuição.

“Esta evidência precisa de ser avaliada pelo governo antes de serem tomadas quaisquer medidas para implementar a mistura. Esta decisão considerará quaisquer implicações da avaliação de segurança na viabilidade econômica da mistura”.

10 GW de capacidade doméstica

Segundo a atualização do plano estratégico para hidrogênio (.pdf em inglês), publicado também na última quinta, o Reino Unido espera alcançar até 10 GW de capacidade doméstica de produção de hidrogênio de baixo carbono até 2030, sendo 6 GW de hidrogênio verde (via eletrólise com energia renovável).

Além disso, determina a meta de curto prazo em até 1 GW de hidrogênio verde e até 1 GW de hidrogênio azul (com captura, uso e armazenamento de carbono – CCUS), em construção ou operação até 2025.

Importação

O governo britânico também olha para a necessidade de importação de hidrogênio no longo prazo, vislumbrando o aumento acelerado da demanda pelo energético.

“Reconhecemos o papel que as importações poderiam desempenhar no apoio à segurança energética como parte de uma combinação diversificada de fornecimento”, diz o documento.

O Reino Unido, ao lado do Brasil, foi um dos mais de 30 países que assinaram a Declaração de Intenções da COP28 para o reconhecimento mútuo de regras de certificação para hidrogênio renovável e de baixo carbono, bem como derivados de hidrogênio.

“Temos tomado medidas para facilitar o comércio de hidrogênio, incluindo o nosso compromisso de estabelecer um esquema de certificação a partir de 2025, baseado em nosso Programa de Baixo Carbono Padrão de Hidrogênio. Esperamos que este regime evolua para facilitar as exportações e proporcionar uma maneira robusta de avaliar as importações”.

Minerais críticos

Outro ponto de destaque na estratégia do Reino Unido é a preocupação com minerais críticos para fabricação de eletrolisadores.

“É provável que as nossas ambições de produção de hidrogênio necessitam de quantidades significativas de minerais críticos, especialmente para eletrolisadores de membrana de troca de prótons (PEM), que usam platina e irídio para cátodos e ânodos”, diz o documento.

Diante do aumento da procura global destes minerais, o governo vê com atenção a alta concentração desses minerais em regiões específicas do planeta e os potenciais riscos na cadeia de abastecimento e de volatilidade dos preços.

“O governo está tomando várias medidas para mitigar esses riscos, como por meio de parcerias estratégicas com importantes nações produtoras para diversificar e proteger cadeias de abastecimento, colaborações com a indústria e através do desenvolvimento de estratégias de cadeia de suprimentos”.

As parcerias internacionais incluem antigas colônias, como África do Sul, Canadá e Austrália, reconhecidas potências minerais.

No final do ano passado, o Reino Unido anunciou a criação da Parceria sobre Minerais para Futuras Tecnologias de Energia Limpa com a África do Sul para promover aumento da exploração, produção e processamento responsável de minerais no país africano.