RIO – A produção nacional de eletrolisadores e a formação de uma cadeia de suprimentos diversificada são essenciais para o Brasil se posicionar na liderança da economia do hidrogênio de baixo carbono, avalia Marcelo Veneroso, diretor-presidente do grupo Neuman & Esser no Brasil.
O grupo alemão inaugurou recentemente a ampliação da unidade de produção de geradores de hidrogênio de baixo carbono, em Belo Horizonte (MG), que incluem eletrolisadores e reformadores de etanol e biometano, além de compressores de gases.
Com um investimento de R$ 70 milhões, a nova estrutura quadruplicou a capacidade de produção, permitindo à empresa atender demandas de diferentes regiões do mundo. Já em Campinas (SP), a subsidiária de tecnologia Hytron está concentrada em pesquisa e desenvolvimento.
Segundo Veneroso, a expectativa é que nos próximos dois anos a demanda por geradores de hidrogênio no país se consolide, devido à previsão de anúncios de decisão final de investimentos das empresas em 2025.
“Hoje, temos um cenário em que o mercado está em transição. As empresas estão saindo de projetos-pilotos de P&D (pesquisa e desenvolvimento) para pilotos comerciais. As empresas já vão consolidar os seus processos e vão começar a investir em plantas reais com produção total, com capacidades maiores”, diz o executivo em entrevista à agência eixos.
Segundo ele, a unidade da NEA em Belo Horizonte foi projetada para atender tanto o mercado brasileiro quanto o internacional, com foco na América do Sul, Central e, se necessário, mercados como Europa, Estados Unidos e Ásia.
“Estamos prontos para isso”, afirma.
Segurança energética e diversificação da cadeia de suprimentos
O executivo chama a atenção para a necessidade de diversificar as cadeias de suprimento, reduzindo a dependência de um só país como fornecedor de equipamentos.
“Não dá, hoje, para depender de um único fornecedor. Com essas crises que tivemos, tanto de covid com a paralisação dos portos, como da guerra da Rússia, há uma estratégia mundial que é fabricar perto de casa, com países estrategicamente amigos”.
Para Veneroso, a produção nacional de eletrolisadores e reformadores também contribui para a segurança energética e para a soberania tecnológica do país.
“É estratégico em todos os sentidos. Por uma questão de soberania, desenvolvimento de tecnologias e de pessoal qualificado, e aproveitamento dessa onda de investimento, para evitar mandar recurso para fora e fazer o recurso girar aqui dentro, criar riquezas aqui dentro”.
O presidente do grupo NEA ressaltou que o Brasil está em um momento estratégico para fazer parte da vanguarda das tecnologias mundiais.
“Para quem vive nesse mercado do hidrogênio, está todo mundo no mesmo nível. Não tem ninguém mais avançado ou menos avançado do que o outro nessa tecnologia. Então, é um ótimo momento para o Brasil estar liderando”.
Necessidade de subsídios e demanda doméstica
Para acelerar o desenvolvimento da cadeia produtiva do hidrogênio no Brasil, Veneroso defende a adoção de subsídios voltados para o Capex, ou seja, para os investimentos nos projetos.
“Os subsídios têm um momento necessário para serem dados, que é o momento atual de mercado em formação […] O investidor precisa de competitividade e um ambiente para fazer seus investimentos”.
“O investidor vai produzir a riqueza e vai gerar emprego, vai gerar receita. Então, no investimento, precisa de ter desoneração total de impostos, precisa de ter incentivos, Porque aquilo ali vai ser uma ferramenta social e de arrecadação para o próprio governo”, completa.
Segundo ele, é necessário garantir a competitividade desses investimentos para que se crie um mercado doméstico.
“Precisamos criar demanda, gerar maior escala e competitividade. Desonerar o Capex, criar incentivos para o início de operação dessas empresas que vão gerar mercado, desenvolver mercado. Na hora que essas empresas estiverem estabilizadas, você corta os incentivos”, defende.