RIO – Uma nova versão dos requisitos para o hidrogênio verde (H2V) da Organização do Hidrogênio Verde (GHO, na sigla em inglês) – iniciativa privada que busca harmonizar globalmente critérios para o energético – incluiu a biomassa como fonte de eletricidade renovável apta para produção de H2V.
A atualização das regras, apresentada nesta segunda (4/12), durante a COP28, também inclui requisitos de metanol verde e metano sintético, derivados do hidrogênio.
“Devemos ser claros sobre quais caminhos de produção de hidrogênio estão alinhados em 1,5°C e quais não estão. Normas sem limiares legitimam projetos de hidrogênio que não são sustentáveis”, defendeu o presidente da GHO, Malcolm Turnbull.
“O Padrão de Hidrogênio Verde 2.0 atualizado, que agora se estende a novos derivados de hidrogênio, garantirá que o hidrogênio verde seja verdadeiramente limpo e tenha um impacto positivo no desenvolvimento”, completou.
A nova norma passa a abordar o uso de biomassa na produção de eletricidade renovável e na produção de derivados de hidrogênio verde, desde que a origem da matéria-prima não esteja relacionada à alteração direta ou indireta do uso do solo.
“É uma atualização importante para o Brasil”, avalia Rosana Santos, diretora executiva do Instituto E+ Transição Energética, em entrevista à agência epbr.
“Eles chegaram à conclusão que só com as outras fontes, eólica e solar, por exemplo, não seria possível produzir hidrogênio na escala e velocidade necessárias”, completa.
A inclusão é, em parte, fruto do trabalho de algumas instituições brasileiras, como a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) que vem atuando internacionalmente nas discussões de um regramento global para certificação do hidrogênio verde.
Biomassa na eletrólise
Rosana destaca, no entanto, que a biomassa foi incluída apenas na rota da eletrólise. Não sendo considerada, ainda, a produção de hidrogênio renovável a partir de reforma do biometano.
“Não faz sentido não incluir a reforma do biometano. Uma biomassa, biometano, ou biogás certificados, sustentáveis, podem dar origem ao hidrogênio verde (…) Em um padrão global é necessário que se reconheça a potencialidade dessa rota”, diz a diretora.
Segundo ela, o governo brasileiro precisa ser mais atuante nas discussões para inclusão da biomassa, em especial do resíduo agroindustrial, como matéria-prima aceita para produção do hidrogênio renovável.
“Tem que haver um posicionamento mais forte nosso para tentar mudar o rumo das coisas. O resíduo agrícola jogado na natureza tem altas emissões de metano na decomposição, e nós transformaremos esse passivo em um produto verde”.
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Desafio temporal
Há um desafio em relação ao tempo, ressalta Rosana. O mundo precisa acelerar a harmonização dessas regras para dar segurança aos desenvolvedores de projetos de o hidrogênio renovável.
“É uma equação complicada. Enquanto não há uma certificação aceita no mundo, o risco do investimento é maior. Essa linguagem global é importante até mesmo para diminuir o custo do financiamento”.
Segundo ela, já existem sinalização de convergência entre os países, em especial dos Estados Unidos e Europa, com o abandono do conceito das cores, e a adoção do sistema de contabilidade das emissões de carbono por quilo de hidrogênio.
“Quem vai dar o padrão de certificação. Talvez seja uma ISO (sigla em inglês para Organização Internacional de Padronização.) que dá a metodologia, e então todos os certificadores acreditados deverão seguir essa regra comum para todos”.
A ISO tem como objetivo criar normas que facilitem o comércio entre os países.