O governo do Rio Grande do Sul assinou, na última sexta (30/8), um memorando de entendimento com a Mitsubishi Power e outro com a consultoria Arpoador Energia para o desenvolvimento de projetos de geração de energia renovável e produção de hidrogênio verde.
O estado já possui outros memorandos com empresas de diferentes setores, incluindo geração de energia eólica e fabricantes de equipamentos, com o objetivo de catalisar a cadeia dessa nova indústria.
Segundo estudo da McKinsey contratado pelo governo gaúcho, o preço do hidrogênio renovável produzido localmente pode custar entre US$ 2,1/kg e US$ 3,4/kg até o final da década – patamar considerado competitivo pelo mercado europeu.
“Esta é uma iniciativa do nosso governo que não trará resultados imediatos, pois é uma aposta de longo prazo do Estado. Estamos desenvolvendo a cadeia do hidrogênio verde, ainda emergente no mundo, mas que terá impacto positivo e transformador na nossa realidade econômica”, afirmou o governador Eduardo Leite (PSDB).
Memorandos já assinados para o fomento da cadeia de hidrogênio verde no RS
- White Martins (dez/21)
- Enerfin (mar/22)
- Ocean Winds (jun/22)
- Neoenergia (ago/22)
- Prefeitura de Rio Grande (fev/23)
- Green EN.IT e Ventos do Atlântico En. Eólica (mai/23)
- CMPC (set/23)
- Equinor-Portos RS (set/23)
- CPFL Energia (set/23)
Eletrólise com eólicas
O potencial eólico do Rio Grande do Sul, considerado estratégico para a produção de hidrogênio verde, é expressivo.
De acordo com o Atlas Eólico gaúcho, o potencial chega a 102,8 GW em terra firme (onshore) e 114,2 GW em áreas offshore.
Atualmente, o estado conta com 63 projetos em 31 municípios, totalizando 18,3 GW em capacidade instalada e prevendo investimentos de R$ 110 bilhões, e lidera, em termos de capacidade, o ranking de projetos de eólicas offshore em licenciamento junto ao Ibama. São 27 projetos de parques em alto mar, somando mais de 70GW, boa parte deles nas proximidades do porto de Rio Grande.
Hidrogênio para térmicas
Já a Mitsubishi Power vem se dedicando ao desenvolvimento de turbinas movidas a hidrogênio para geração térmica.
Nos Estados Unidos, a empresa é sócia da Chevron na construção de uma planta de produção de hidrogênio verde em Utah. As empresas esperam estocar o hidrogênio em cavernas de sal, para produção de eletricidade em uma térmica hoje movida a carvão.
O projeto, previsto para operar em 2025, é tocado por uma joint venture entre as duas empresas, a Aces Delta, e está concebido para converter e armazenar até 100 toneladas por dia de hidrogênio verde, produzido via eletrólise.
A ideia é que o hidrogênio estocado possa funcionar como uma bateria e, ao ser usado na térmica, possa compensar a intermitência das energias renováveis, que não podem despachar energia 100% do tempo.