Biocombustíveis

Maersk fecha sete parcerias para metanol verde no transporte marítimo

São projetos de bio e e-metanol que, uma vez totalmente desenvolvidos, permitirão à transportadora obter o combustível em escala em várias regiões do mundo

Maersk fecha sete parcerias para metanol verde no transporte marítimo. Na imagem, navio de contêineres da Maersk em alto mar (Foto: Günter/Pixabay)
Para a Maersk, o metanol verde é a única solução pronta para o mercado (Foto: Günter/Pixabay)

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Diálogos da Transição

Editada por Nayara Machado
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A série de debates dos Diálogos da Transição está de volta, de 29/8 a 2/9
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A transportadora global Maersk anunciou na última sexta (19/8) uma parceria com a empresa chinesa de bioenergia Debo para fornecimento de 200 mil toneladas por ano de biometanol feito a partir de resíduos agrícolas.

A operação comercial está prevista para 2024 e é a sétima da companhia de logística, que vem fechando parcerias no mundo inteiro para aumentar o fornecimento global de combustível limpo para o transporte marítimo.

Com meta de atingir emissões líquidas zero em todas as suas operações até 2040 — bem antes do previsto para a navegação — a Maersk está apostando no metanol verde para transição da frota.

Um dos obstáculos, no entanto, é a disponibilidade em escala e a viabilidade econômica. Segundo a companhia, as parcerias entre ecossistemas e geografias são essenciais para avançar nesta agenda já nesta década.

E ela não está sozinha. No final de junho, mais de 100 CEOs e representantes de governos concordaram por unanimidade no desenvolvimento de hubs de abastecimento de combustíveis sustentáveis para navios e corredores marítimos verdes.

Enquanto um consórcio formado pelo Fórum Marítimo Global, BHP, Rio Tinto, Oldendorff Carriers e Star Bulk Carriers avalia a criação de um corredor verde de minério de ferro entre a Austrália e o Leste da Ásia, de olho na amônia verde.

Para a Maersk, o metanol limpo é a solução de curto e médio prazo.

“O metanol verde é a única solução pronta para o mercado e escalável disponível hoje para envio”, afirma Henriette Hallberg Thygesen, CEO de Fleet & Strategic Brands da AP Moller – Maersk.

Em março, a companhia já havia firmado outras seis parcerias com a Cimc Enric, European Energy, Green Technology Bank, Orsted, Proman e WasteFuel somando 730 mil toneladas/ano de metanol verde até o final de 2025.

O volume é superior ao necessário para os primeiros 12 navios porta-container verdes encomendados pela transportadora. A quantidade a mais de combustível será vendida, inclusive todo o volume produzido em parceria com a Debo.

São projetos de bio e e-metanol que, uma vez totalmente desenvolvidos, permitirão à Maersk obter o combustível marítimo em escala em várias regiões do mundo — as parcerias incluem empresas na China, América do Norte e América do Sul.

O biometanol é obtido a partir de biomassa, como resíduos agrícolas, enquanto o e-metanol é obtido a partir de um processo que usa hidrogênio de eletrólise e captura de CO₂.

“A produção deve ser aumentada por meio da colaboração em todo o ecossistema e em todo o mundo. É por isso que essas parcerias representam um marco importante para iniciar a transição para a energia verde”, completa Henriette.

Cobrimos por aqui:

Menos atrativo

O Brasil é o 13ª país no ranking global de atratividade de investimentos em energia renovável, após cair quatro posições no último ano, mostra um estudo da empresa de consultoria EY.

A 59ª edição do Índice de Atratividade de Países em Energia Renovável aponta que apesar da queda no ranking geral, o Brasil segue como líder na América Latina no que diz respeito à capacidade de geração de energia renovável, tendo produzido em 2021 um total 158 gigawatts.

O estudo alerta, ainda, para a dependência em hidrelétricas deixa o Brasil vulnerável a secas, como aconteceu em 2021. A fonte, sozinha, representa 58% de toda a energia gerada no país.

Na América Latina, destaque também para Chile e México que vêm avançando em novas regulamentações, infraestruturas e buscando fontes de financiamento.

Chile, por exemplo, vem se modernizando para ser capaz de produzir hidrogênio verde a US$ 1,05/kg até 2030, como forma de reduzir a dependência em combustíveis fósseis.

Já o México possui um dos maiores potenciais energéticos solares do mundo e um alto potencial para captar energia eólica.

  • O relatório da EY, aponta, entretanto, que o governo vem promovendo reformas para restabelecer o controle estatal do setor, o que representaria uma ameaça à indústria energética renovável no país. Vale dizer: A França também está seguindo nesta direção, enquanto enfrenta uma crise de energia que se espalha em todo o continente europeu.

Para a agenda

25/8 — Webinar O Papel do Hidrogênio Verde Brasileiro na Nova Geopolítica Global da Energia, com general Araújo Lima, superintendente da Sudene; Marcelo Schmitt, gerente geral da Stolthaven Terminals Brazil e Carlos Padilla, analista de Investimentos da Apex-Brasil. A moderação será de Mauro Nucci de Toledo, diretor da Strategy& – Energy, Utilities & Natural Resources (PwC Network).

O seminário marca o lançamento da Hydrogen Dialogue Latam, plataforma dedicada exclusivamente ao tema. O evento é gratuito e a inscrição pode ser feita no link.

29/8 — Maior evento sobre energia da Europa, a ONS ocorrerá entre 29 de agosto e 1º de setembro em Stavanger, na Noruega. O Brasil participará do evento em diferentes momentos: em uma sessão especial sobre seu mercado de energia no dia 29 de agosto; em uma sessão sobre energia eólica offshore, no dia 30; e nas sessões sobre captura e armazenamento de carbono e hidrogênio. Informações no site do evento.

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