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Diálogos da Transição
eixos.com.br | 29/04/22
Editada por Nayara Machado
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A trade agrícola Louis Dreyfus anunciou hoje (29/4) a conclusão de um teste de mistura de biocombustível com combustível naval. Foi a primeira vez que a companhia navegou usando 30% de biocombustível (B30). O teste foi feito em colaboração com a fabricante de navios Wisby Tanke, da Suécia.
Segundo a Louis Dreyfus, a viagem durou 55 dias, partindo do terminal em Ghent, Bélgica, até outro terminal da companhia em Santos, Brasil, e voltando com uma carga completa de sucos de laranja.
O percurso serviu para medir o impacto da mistura B30 no sistema de combustível do navio e no desempenho geral.
“Os resultados mostraram que o B30 é um substituto mais limpo e prático para o VLSFO (Óleo combustível com teor de enxofre ultrabaixo), reduzindo as emissões dos gases de efeito estufa (GEE) em cerca de 24%; ou seja, equivalente a 723 toneladas de CO2 (tCO2e)”, diz a empresa em nota.
Os 76% das emissões de GEE restantes da viagem foram compensados com créditos de carbono — o que fez deste transporte marítimo de suco de laranja também o primeiro com emissões de carbono neutralizadas em nível mundial.
Foram utilizados 2.262 tCO2e de créditos de carbono certificados por terceiros do Projeto Kariba REDD+, que protege florestas no Zimbábue e oferece suporte a comunidades locais.
Outras tecnologias também estão no radar da companhia, como propulsão a vento, solar, baterias e sistemas de lubrificação de ar.
O transporte marítimo está entre os que terão maior dificuldade de cortar emissões e chegar a 2050 com carbono zero.
Em fevereiro, mais de 100 países assinaram o Compromisso Brest para os Oceanos, que traz alguns acordos na área de transporte marítimo:
- 22 armadores europeus se comprometeram com o novo rótulo Green Marine Europe, que envolve medidas de redução de ruído subaquático e emissões de gases de efeito estufa, de descarga de óleo e de reciclagem de navios.
- 35 atores, incluindo 18 grandes portos europeus e globais, se comprometeram a acelerar o fornecimento de eletricidade aos navios atracados para limitar as GEE e reduzir a poluição atmosférica em cidades portuárias.
- Todos os países mediterrânicos, juntamente com a União Europeia, se comprometeram a pedir à Organização Marítima Internacional (IMO, em inglês) que crie uma zona de baixas emissões de enxofre em todo o Mediterrâneo a partir de 1 de janeiro de 2025.
Cobrimos por aqui:
- Mineradoras estudam corredor verde marítimo Austrália-Leste Asiático
- Yara vai lançar rede de abastecimento de amônia verde
- Transporte marítimo avança em projetos de descarbonização
Créditos de carbono e biodiesel. A Bunker One Brasil, fornecedora de combustíveis marítimos, anunciou hoje que neutralizou 300 toneladas de carbono emitidas em 2020 e 2021 com a compra de créditos de carbono.
Segundo a companhia, o inventário de emissões foi elaborado por auditoria independente e calculado com metodologia do Programa Brasileiro GHG Protocol.
No final do ano passado, a multinacional firmou uma parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) para estudar a viabilidade de adição de 7% de biodiesel ao óleo diesel marítimo.
A expectativa é que os resultados fiquem prontos em meados deste ano.
Hidrogênio e amônia verde. Para o Fórum Marítimo Global (GMF, na sigla em inglês), o uso de combustíveis de emissão zero no transporte marítimo será construído, em parte, com base nas novas cadeias globais de fornecimento de hidrogênio.
Mas como o hidrogênio se moverá ao redor do mundo é incerto. Além de opções como hidrogênio comprimido ou líquido, as mais prováveis são amônia e metanol, que têm densidades de energia muito mais altas.
“Todas as três opções apresentam oportunidades para que essa carga seja usada como combustível de navegação. Para que isso aconteça, a infraestrutura certa precisaria estar instalada”, diz o GMF em estudo.
A estimativa é que, globalmente, até 2050, cerca de 500-800 milhões de toneladas de hidrogênio de emissão zero serão necessárias para alcançar as metas de emissões líquidas zero.
“Os custos da cadeia de suprimentos variam dependendo da forma em que o hidrogênio será transportado (hidrogênio ou um vetor como a amônia) e o modo, por exemplo, por dutos, caminhões ou navios. O modo de transporte de hidrogênio ideal varia de acordo com a distância, terreno e uso final: não existe uma solução universal”.
Além disso, o grupo indica que o cronograma para implantação do hidrogênio como carga será altamente influenciado pelo aprendizado inicial de pilotos e demonstrações.
Prêmios para amônia azul. A S&P Global Commodity Insights lançou na última semana avaliações de preços de amônia com baixo teor de carbono.
A fornecedora de análises e preços de referência para os mercados de commodities e energia começará a publicar valores diários para amônia azul e prêmios em relação à convencional (feita com hidrogênio fóssil).
Os prêmios serão publicados para locais com alto potencial de se tornarem centros de amônia de baixo carbono à medida que os mercados globais surgirem — Extremo Oriente da Ásia, Oriente Médio, Noroeste da Europa e Costa do Golfo dos EUA, onde já existem mercados convencionais.
“Além de seu uso potencial na descarbonização de combustível para geração de energia e combustível de bunker, a amônia azul é reconhecida como um transportador de hidrogênio dentro do espaço de transição de energia”, explica Anton Ferkov, especialista em preços de hidrogênio e amônia na Ásia-Pacífico e Oriente Médio da S&P Global.
“Essas novas avaliações de preços de amônia azul da Platts trarão maior transparência a um mercado em desenvolvimento e construirão a cadeia de valor de hidrogênio e amônia de baixo carbono”, completa.
Artigos da semana
— Dez anos após criação da geração distribuída, ICMS ainda preocupa, escrevem os advogados João Paulo M. Cavinatto, Rafaela Canito e Gabriela Cavalcanti do escritório Lefosse.
Em artigo, eles contam que consumidores precisam avaliar a possibilidade de negociar regimes especiais com fiscos estaduais ou mesmo ponderar a conveniência de ingressar com medidas judiciais para afastar a incidência do imposto sobre suas operações.
— No artigo Gás natural: uma saída para o Brasil crescer e ser mais competitivo, Juliana Rodrigues, da Abrace, escreve como a evolução do mercado passa por olhar amplo do regulador para o setor de energia.
— Um ano após a nova lei, um pouco mais de gás para o novo mercado: Hugo Repsold, diretor da 3R Petroleum, reflete que estados devem definir com clareza a formação de tarifas no mercado de gás natural para dar segurança aos investidores.
— A capital da nova energia: o executivo do setor de petróleo, gás e energia Marcos Cintra destaca o potencial da Região Amazônica para produzir e consumir mais gás, biogás e energia.
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