Motor a hidrogênio

Karpowership testa hidrogênio em térmicas flutuantes

Tecnologia pode reduzir o consumo de combustível fóssil e cortar emissões de gases de efeito estufa

Karpowership testa hidrogênio em térmicas flutuantes

RIO — Os navios-usina da Karpowership no Brasil podem, em breve, operar com motores que utilizam hidrogênio misturado ao gás natural para gerar energia. 

A tecnologia está em desenvolvimento pela companhia em parceria com o Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (IATI), com potencial para reduzir o consumo de combustível e cortar emissões de gases de efeito estufa, sem necessidade de adaptações nos motores dos navios.

“O hidrogênio foi escolhido após um experimento bem-sucedido em que foi misturado a um motor diesel”, explica João Vieira, gerente de projetos da Karpowership no Brasil, em entrevista à agência eixos.

A princípio, é estudada a injeção de 0,8% de hidrogênio de origem fóssil, com possibilidade de utilização no futuro de hidrogênio verde (via eletrólise) ou azul (reforma de gás natural com captura e armazenamento de carbono).

Estudos similares com óleo diesel indicam que a tecnologia pode reduzir por volta de 15% o consumo de combustível e cortar por volta de 24% as emissões de gases de efeito estufa, dependendo da quantidade de hidrogênio cinza utilizada.

A companhia turca opera no Brasil desde 2022 com quatro térmicas flutuantes, ou powerships, e uma unidade flutuante de armazenamento e regaseificação (FSRU), na Baía de Sepetiba, no Rio de Janeiro, responsáveis por gerar 560 MW — energia suficiente para abastecer cerca de 2 milhões de pessoas. 

Os navios foram instalados depois de 2021, quando a empresa negociou quatro térmicas a gás no Procedimento de Contratação Simplificado (PCS) — o leilão emergencial realizado pelo governo Jair Bolsonaro (PL) no auge da crise hídrica daquele ano.

O desenvolvimento do projeto com hidrogênio vem de uma necessidade da companhia de para que as powerships tenham uma infraestrutura mais comprometida com a redução de emissões.

O projeto piloto está em fase de testes laboratoriais. Se os resultados forem promissores, a fase seguinte, já sob contrato de P&D, avançará para testes em motores de grande porte, como os usados nos powerships.

“Os testes de laboratório serão feitos até setembro, para sabermos o comportamento no médio prazo e avaliar a aplicação já em motores dos navios”, explica Vieira.

O sistema visa injetar hidrogênio junto ao gás natural para aumentar a eficiência da combustão, reduzir consumo de combustível e diminuir emissões sem alterar a estrutura dos motores. 

“Acrescentar uma quantidade pequena de hidrogênio já melhora muito o resultado. Faz o motor gerar mais megawatts consumindo menos combustível. E melhora bastante as emissões”. 

Eiciência energética com energia solar

Paralelamente, a Karpowership iniciou um projeto de eficiência energética conduzido com a UFRJ e o Instituto de Desenvolvimento Energético (Idem). 

O plano inclui na sua segunda fase a instalação de painéis solares fotovoltaicos e híbridos, que geram eletricidade e calor, além de bombas de calor para pré-aquecimento dos motores e sistemas auxiliares. 

A instalação piloto, prevista para entrar em operação em 2026, busca reduzir em até 1.290 MWh/ano o consumo interno das powerships.

Segundo João Vieira essa eficiência energética pode ser replicada a qualquer termoelétrica ou setor industrial, não apenas ao setor elétrico.

“Com os projetos dando certo, não só as embarcações da Kapowership do Brasil, mas as embarcações no exterior podem se beneficiar. E também a indústria como um todo”, afirma o gerente de projetos. 

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