Diálogos da Transição

Hidrogênio mais barato no Chile, importação superestimada na Alemanha

Hidrogênio na América Latina - projeto-piloto no Chile
A solar park in Chile's Atacama desert (image: Felipe Cantillana - Imagen de Chile)

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eixos.com.br | 22/11/21
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Editada por Nayara Machado
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Para descarbonizar a mineração nacional, o governo do Chile traçou uma meta ambiciosa: produzir o hidrogênio verde mais barato do mundo em dez anos.

Em entrevista ao jornalista Gabriel Chiapinni, o ministro de Minas e Energia do Chile, Juan Carlos Jobet, conta que o objetivo é ter 5 GW de capacidade de eletrólise em desenvolvimento até 2025, produzir o hidrogênio verde mais barato do planeta até 2030 e estar entre os três maiores exportadores até 2040.

Diferente do Brasil, cujo Plano Nacional do Hidrogênio (PNH2) indica a abertura de múltiplas rotas para produção H2, incluindo de fonte fósseis, como o gás natural, o governo chileno tem sinalizado ao mercado que a aposta é hidrogênio verde, produzido a partir de fontes renováveis, como a geração de energia eólica.

O plano foi consolidado na Estratégia Nacional de Hidrogênio Verde, lançada em 2020. Veja a íntegra (.pdf)

“Nossa estratégia contempla o desenvolvimento desse combustível em diferentes etapas. Na primeira, buscamos que o hidrogênio produzido seja utilizado por nossas indústrias-chave, de forma que elas possam diminuir sua pegada de carbono e ganhar competitividade”, diz Jobet.

“Assim que a indústria estiver consolidada, poderemos exportar o hidrogênio”.

A estratégia se assemelha ao plano de Minas Gerais, o Minas de Hidrogênio, que prevê num primeiro momento a produção de H2V para descarbonização da indústria local do estado.

Isso garantiria o acesso a mercados cada vez mais exigentes, como o europeu, que deverá em breve taxar o carbono sobre produtos importados.

Atualmente, o Chile é o maior produtor global de lítio e de cobre, minerais essenciais para a produção de baterias, cada vez mais importantes num cenário de transição energética — não apenas para a mobilidade, mas também para suporte à geração de energia renovável e intermitente.

Um dos principais destinos para a produção futura de H2V, a Alemanha tem investido pesado no desenvolvimento deste mercado, firmando acordos com países da América Latina onde a oferta e preço da energia renovável favorecem a produção do H2V.

O país europeu tem meta de reduzir as emissões de carbono em 55% nos próximos cinco anos e ser neutra até 2045 — e para isso pretende substituir o carvão por hidrogênio verde.

O esquema de importação H2Global do país pretende lançar as primeiras licitações este ano ou no início de 2022.

Mas a estratégia focada na importação de H2V e amônia verde pode estar superestimando a capacidade de transporte do hidrogênio — um gás volátil e altamente inflamável.

Estudo do instituto de pesquisa Fraunhofer Umsicht afirma que, até 2030, os caminhões são a única opção realista de transporte para importar hidrogênio verde. Mas isso exigiria uma quantidade de viagens tão grande, que reduziria o ganho ambiental da tecnologia.

Os pesquisadores sugerem ao governo alemão que impulsione a produção doméstica e a produção descentralizada perto dos consumidores.

A importação de hidrogênio liquefeito, na forma de amônia, por navio também é improvável antes de 2030, segundo a pesquisa, já que os navios capazes de fazer esse transporte são, em maioria, protótipos até agora.

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Outra opção, os gasodutos devem ganhar mais relevância apenas no pós-2030, de acordo com os pesquisadores, que apontam a necessidade de converter os existentes e construir novos para transportar o H2V importado.

Não é um gargalo exclusivo da Alemanha.

Holanda, por exemplo, encomendou um estudo à PwC para avaliar como a rede de gás natural existente poderia desempenhar um papel na distribuição do H2.

E até mesmo o Brasil, que se pretende exportador, examina se o etanol e o biometano podem se alternativas para distribuição de hidrogênio no mercado interno.

H2V na mobilidade. Um grupo de empresas do Rio de Janeiro formou parceria para fabricar e vender, nos próximos meses, ônibus movidos a hidrogênio verde e eletricidade.

Os protótipos foram desenvolvidos no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a Coppe-UFRJ.

A fabricação de um novo protótipo em escala pré-industrial começará no início do ano que vem. Depois dessa fase, será realizada a produção e a venda. CNN

Armazenamento em Glasgow. O governo do Reino Unido liberou hoje (22) £ 9,4 milhões em financiamento para um projeto pioneiro de armazenamento de hidrogênio perto de Glasgow, onde aconteceu a COP26.

O projeto Whitelee vai desenvolver o maior eletrolisador do Reino Unido, produzir e armazenar hidrogênio para abastecer os fornecedores locais de transporte com combustível zero carbono.

Desenvolvido pela ITM Power e BOC, em conjunto com a divisão de Hidrogênio da ScottishPower, a instalação será capaz de produzir de 2,5 a 4 toneladas de hidrogênio verde por dia, o suficiente para abastecer 225 ônibus que viajam entre Glasgow e Edimburgo.

Curtas

Taxa de carbono. Com o desmatamento atingindo recordes consecutivos, o governo brasileiro está preocupado com as taxas da União Europeia sobre o carbono.

Segundo o Broadcast/Estadão, Joaquim Leite (Meio Ambiente), Tereza Cristina (Agricultura) e Carlos França (Relações Exteriores) criticaram as ações do bloco para barrar de suas importações produtos que não tenham origem comprovada.

Para eles, trata-se apenas de “protecionismo ambiental” porque, no caso brasileiro, muitos artigos já têm certificação de origem.

Avanço do mar. A prefeitura de Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, abriu licitação na semana passada para contratar um estudo de retirada da areia do mar e alargamento de algumas praias.

A medida busca reduzir a erosão costeira e evitar a inundação de ruas, onde o nível do mar tem alcançado trechos da malha urbana. Em algumas ocasiões, a água destruiu ciclovias e chegou a atingir as casas. Exame

Eólicas. O Brasil superou a marca de 20 GW de capacidade instalada em geração eólica. É o suficiente para suprir a demanda de mais de 20 milhões de habitantes.

A eólica é a terceira maior fonte de geração de energia elétrica no país, com destaque para a região Nordeste, que sozinha responde por cerca de 90% da capacidade instalada. MME

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