O edital para o Segundo Leilão de Cessão de Certificados de Energia Renovável de Furnas foi disponibilizado ontem (10/1), no site da subsidiária da Eletrobras. Previsto para 17 de fevereiro, oferecerá as certificações às empresas que desejarem comprovar a origem renovável da energia empregada em suas atividades.
“Os certificados possibilitam o rastreamento da energia consumida e permitem que as empresas que os adquirem cumpram suas metas de sustentabilidade, compensando as emissões indiretas de gases de efeito estufa (escopo 2 do Programa Brasileiro GHG Protocol)”, explica o presidente de Furnas, Clovis Torres.
Serão 3 tipos de certificados, todos com geração em 2021:
- O I-REC Standard – Certificados de Energia Elétrica de Fonte Hídrica:
– Para o comercializador (Trader, sem aposentadoria)
– Para o beneficiário final (com aposentadoria) - E o RECFY – Certificados de Energia Elétrica da Plataforma própria de FURNAS, de fonte hídrica, para beneficiário final (com aposentadoria).
O I-REC – Certificado de Energia Renovável emitido pela Plataforma Internacional I-REC Standard, é proveniente dos empreendimentos hídricos de Furnas certificados pelo Instituto Totum – as usinas de Itumbiara e Serra da Mesa, ambas em Goiás.
Já o RECFY é emitido pela Plataforma RECFY, de propriedade da própria subsidiária, que opera por meio da tecnologia blockchain de ponta a ponta.
São os certificados originados da Usina de Mascarenhas de Moraes, localizada entre os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Cada certificado equivale a 1 MWh de energia renovável gerada.
“O Primeiro Leilão de Certificados de Energia Renovável foi realizado em fevereiro de 2021 e demonstra o interesse de Furnas em oferecer soluções de descarbonização, no Brasil e no mundo”, afirmou seu presidente, Clovis Torres.
Segundo Torres, o aumento da comercialização desse tipo de certificados soma-se ao esforço de empresas em compensar (e comprovar) suas emissões de gases de efeito estufa.
As empresas interessadas têm até 10/02 para enviar o termo de adesão e a documentação necessária. O edital pode ser acessado pelo link Eletrobras Furnas – Leilão dos Certificados de Energia Renovável.
Furnas testa hidrogênio combinado com hidroenergia
Recentemente, Furnas inaugurou na usina hidrelétrica (UHE) de Itumbiara, em Goiás, sua primeira planta para produção de hidrogênio verde, parte de um projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D).
O objetivo, segundo a empresa, é estudar o armazenamento e a inserção de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN), a partir da produção do combustível renovável. O investimento no projeto de pesquisa é de quase R$ 45 milhões.
A planta faz parte do projeto de pesquisa com aportes aprovados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). A meta é o “desenvolvimento de sinergia entre as fontes hidrelétrica e solar com armazenamento de energias sazonais e intermitentes em sistemas a hidrogênio e eletroquímico”. Veja como será a produção de hidrogênio verde UHE Itumbiara.
Hidrogênio em alta na transição
A entrada de múltiplas rotas de produção de hidrogênio, com participação de fósseis e renováveis, pode contribuir para a ampliação do uso do gás natural na estratégia brasileira de transição energética.
Notas técnicas da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) deverão ser publicadas nos próximos dias sobre as perspectivas para produção de três cores de hidrogênio no país: o cinza, o azul e o turquesa.
As cores são nomenclaturas para referenciar as diferentes rotas de produção do combustível: o cinza – produzido a partir da reforma a vapor do gás natural com emissão de carbono na atmosfera –, o azul – mesmo processo, porém com captura e armazenamento do CO2 (CCS) emitido – e o turquesa – obtido a partir da pirólise do gás natural, gerando carbono sólido, uma espécie de coque que pode ser reaproveitado em processos industriais.
Os estudos vão levantar a possibilidade de instalação de plantas de produção de hidrogênio azul em plataformas offshore já existentes no pré-sal da Bacia de Santos.
- Dessa forma, o CO2 emitido no processo seria capturado e injetado nos reservatórios, tal qual é feito hoje com o gás natural.
- “Estão sendo feitos estudos ainda para injeção de CO2, porque já temos a tecnologia pronta para injetar o gás natural nos reservatórios”, explica a analista Claudia Bonelli, que participou da elaboração da nota.
Outro estudo de caso demonstrará a produção de hidrogênio azul onshore, em que o CO2 capturado seria transportado até a região do pré-sal para injeção nos reservatórios.
As pesquisas são uma colaboração com o governo britânico e devem contribuir com o desenho da Estratégia Nacional do Hidrogênio, prevista para o início deste ano.
Heloisa Esteves (diretora de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE) reforça que o mercado de hidrogênio só poderá ser consolidado com a complementaridade entre os diversos tipos de hidrogênio.
Essa, inclusive, é uma das diretrizes apresentadas no Plano Nacional do Hidrogênio pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e aponta para uso de diferentes rotas na produção de hidrogênio no país, o que vem sendo chamado de hidrogênio arco-íris.
“É preciso ter uma oferta de hidrogênio de baixo carbono firme e acessível ainda nesta década. Precisamos de escala, não vamos poder abrir mão das várias rotas possíveis do hidrogênio de baixo carbono”, completa.
O Ceará também estuda a viabilidade do uso compartilhado de redes para distribuição do hidrogênio. O estado, por meio do Porto de Pecém — e de olho em uma demanda global — vem tentando atrair projetos, especialmente, de hidrogênio verde.