BRASÍLIA — A Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, na sigla em inglês) calcula que, até meados do século, a descarbonização do transporte marítimo demandará 50 milhões de toneladas de hidrogênio verde por ano para o fornecimento de amônia e metanol como combustível.
O que vai exigir ações urgentes, coordenadas e globais, envolvendo indústria, governos e órgãos internacionais, observa o diretor-geral da Irena, Francesco La Camera.
“A hora de agir é agora”, disse no último sábado (14/1) durante uma mesa redonda ministerial de alto nível para facilitar a conversa entre a indústria de transporte marítimo e os governos.
Hoje, o transporte marítimo contribui com 3% das emissões totais de gases de efeito estufa (GEE), sendo responsável por 90% do volume do comércio mundial. Por ser dependente de combustíveis fósseis, as indústrias marítimas fazem parte de um dos setores mais difíceis de alcançar as metas de descarbonização.
No fim de semana, a Irena reuniu chefes de Estado, ministros e atores privados em Abu Dhabi para a discussão de estratégias prioritárias de redução de emissões de CO2 no setor, como a garantia do fornecimento de combustíveis marítimos renováveis.
Os agentes querem estabelecer estruturas que facilitem o comércio e o transporte dos combustíveis.
A ministra de Energia da Espanha, Teresa Ribera, reiterou os planos do país para o desenvolvimento de combustíveis marítimos renováveis.
“Temos trabalhado em projetos no sul da Espanha para produzir hidrogênio verde, metanol e amônia. Estabelecer uma estrutura abrangente será crucial para o desenvolvimento de hidrogênio verde”, disse.
Os portos também necessitarão de adaptações para atender o crescimento da demanda por combustíveis. Segundo o diretor comercial do Porto de Antuérpia-Bruges, Tom HauteKiet, cerca de 80% dos investimentos exigidos para realizar a transição energética no transporte marítimo serão destinados à parte terrestre.
“Uma maneira pela qual os portos podem impactar o movimento de transporte marítimo verde é investindo na descarbonização de sua própria frota de serviços e embarcações operacionais”, sugeriu.
De acordo com o secretário de Estado Adjunto e Recursos Energéticos dos Estados Unidos, Geoffrey R. Pyatt, o país, com o apoio de agências federais, está comprometido com metas mais ambiciosas para a redução das emissões marítimas.
“A lei de infraestrutura bipartidária inclui US$ 17 bilhões para ajudar a eletrificar e descarbonizar os portos dos EUA e aumentar a pesquisa e o desenvolvimento de baterias avançadas para aplicações marítimas e combustíveis de emissão zero”, afirmou.
Metanol verde nos EUA
Agência responsável pelas medidas de segurança e prevenção de poluição provenientes de navios, a Organização Internacional Marítima (IMO, em inglês) estabeleceu como meta a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) do setor naval em, pelo menos, 50% até 2050.
Com isso, algumas companhias passaram a investir na produção de combustíveis renováveis para o uso marítimo.
Um exemplo disso é a instalação da primeira planta de metanol verde das empresas Maersk e SunGas Renewables, com operação prevista para 2026. As unidades, localizadas nos Estados Unidos, terão capacidade produtiva de 390 mil toneladas de combustível por ano.
A Maersk também acumula acordos com as empresas Carbon Sink, Cimc Enric, Debo, European Energy, Green Technology Bank, Orsted, Proman e Wastefuel, para a produção do metanol renovável.