Energia

Fortescue estuda distribuição de hidrogênio verde em rede de gás na Nova Zelândia

FFI e Firstgas assinaram um memorando para avaliação do uso dos ativos de energia existentes

Fortescue estuda distribuição de hidrogênio verde em rede de gás na Nova Zelândia. Na imagem, refinaria de petróleo Marsden Point, na Nova Zelândia, vista do topo do Monte Manaia
Terminal de combustível de Marsden Point, na Nova Zelândia (Foto: Follash/Wikipedia Commons)

BRASÍLIA — A australiana Fortescue Future Industries (FFI) e a distribuidora Firstgas anunciaram na segunda (2/5) uma colaboração para identificar oportunidades para produzir e distribuir hidrogênio verde para residências e empresas na Nova Zelândia.

As empresas assinaram um memorando de entendimento não vinculativo para estudos de viabilidade e avaliação do uso dos ativos de energia existentes.

O hidrogênio verde está entre as grandes apostas para entregar energia limpa para setores difíceis de descarbonizar. Mas ainda há dúvidas sobre como será o transporte e distribuição, dadas sua alta volatilidade.  

Uma das soluções estudadas pelos agentes interessados na tecnologia é o aproveitamento das infraestruturas de gás natural.

A Firstgas controla a maior rede de gás da Nova Zelândia, com mais de 2.500 km de dutos de transmissão de alta pressão e 4.800 km de dutos de distribuição na Ilha do Norte, conectando mais de 300 mil residências e empresas ao gás. 

Em março de 2021, a Firstgas anunciou um plano para descarbonizar a rede de dutos da Nova Zelândia, fazendo a transição do gás natural para o hidrogênio. A partir de 2030, o hidrogênio será misturado à rede de gás natural da Ilha do Norte, com conversão para uma rede 100% de hidrogênio até 2050.

“A produção de hidrogênio verde e seu uso na Nova Zelândia fornecerão segurança energética, criarão empregos locais e permitirão a descarbonização da indústria pesada local”, diz Julie Shuttleworth, CEO da FFI.

A colaboração dá sequência a um acordo assinado no ano passado entre a FFI e a Channel Infrastructure para investigar a viabilidade de produção, armazenamento e distribuição de hidrogênio verde em escala industrial do terminal de combustível de Marsden Point.

Fortescue distribuirá hidrogênio verde na Europa

No final de março, a Fortescue também fechou um acordo com uma das principais distribuidoras de gás da Europa, a alemã E.ON, para entregar até cinco milhões de toneladas por ano de hidrogênio verde para a Europa até 2030.

O volume equivale a aproximadamente um terço da energia térmica que a Alemanha importa da Rússia.

“A energia verde reduzirá drasticamente o consumo de combustível fóssil na Alemanha e ajudará rapidamente a substituir o fornecimento de energia russo, ao mesmo tempo em que criará uma nova e maciça indústria de emprego intensivo na Austrália”, disse Andrew Forrest, presidente e fundador da FFI.

De acordo com o comunicado, ambas as empresas irão colaborar com os governos alemão e australiano para obter o fornecimento o mais rápido possível e ajudar a descarbonizar empresas de médio porte na Alemanha, Holanda e outras regiões europeias atendidas pela E.ON.

A E.ON estima uma demanda crescente por hidrogênio verde, especialmente na sua base de clientes industriais de pequeno e médio porte.

Investimento de R$ 6 bi no Ceará

A FFI também está investindo no Brasil. Com investimento de US$ 6 bilhões, a subsidiária da mineradora australiana, Fortescue Metals Group, vai construir uma usina de hidrogênio verde no Ceará. O memorando de entendimento com o governo do estado foi assinado em julho do ano passado.

A usina vai fazer parte do Hub de Hidrogênio Verde, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém. A meta da FFI é começar as operações em 2025 e produzir 15 milhões de toneladas de H2V até 2030.

“Na FFI, nossa visão é fazer do hidrogênio verde a commodity de energia mais comercializada globalmente no mundo. Queremos impulsionar o uso da energia verde e a indústria de produtos, aproveitando os recursos de energia renovável do mundo para produzir eletricidade verde” afirmou Julie Shuttleworth em julho passado.