EUA e China anunciam cooperação para reduzir emissões de carbono

EUA e China anunciam cooperação para reduzir emissões de carbono

Os Estados Unidos e a China divulgaram uma carta conjunta, no último sábado (17), em que ambos os países se comprometem a cooperar no combate às mudanças climáticas, com metas de curto prazo para redução das emissões de carbono.

“Estados Unidos e a China estão empenhados em cooperar entre si e com outros países para enfrentar a crise climática, que deve ser encarada com a seriedade e a urgência que exige”, afirma o compromisso divulgado após reunião entre os conselheiros climáticos dos EUA, John Kerry, e da China, Xie Zhenhua, em Xangai.

O documento cita a necessidade de aprimoramento em processos multilaterais, em direção ao alcance das metas estabelecidas no Acordo de Paris, de limitar o aumento da temperatura média global a 1,5 graus Celsius.

Em entrevista ao jornal New York Times no domingo, Kerry afirmou que “o clima é uma questão de vida ou morte” em várias partes do mundo.

“O que precisamos fazer é provar que podemos realmente nos reunir, sentar e trabalhar em algumas coisas de forma construtiva”, afirmou o conselheiro da Casa Branca.

O anúncio vem pouco mais de seis meses após a promessa do presidente chinês Xi Jinping de tornar o país neutro em carbono antes de 2060, e dois meses depois de Joe Biden confirmar o retorno dos EUA ao Acordo de Paris.

Na sexta-feira, o vice-primeiro ministro da China Han Zheng, disse que a China espera que os EUA “assumam suas devidas responsabilidades e façam as devidas contribuições” ao Acordo.

“A China considera importante o diálogo e a cooperação sobre mudança climática com os EUA”, afirmou.

A cooperação entre os países é uma prévia das discussões que vão acontecer na Cúpula do Clima, que reunirá 40 líderes mundiais nos dias 22 e 23 de abril, nos Estados Unidos.

Segundo o documento, China e EUA esperam “aumentar a ambição climática global na mitigação, adaptação e apoio no caminho para a COP 26 em Glasgow”.

Entre as medidas de curto prazo anunciadas para redução das emissões estão:

  • Ações para maximizar o investimento e financiamento em apoio à transição energética nos países em desenvolvimento;
  • Medidas para redução das emissões de carvão, petróleo e gás;
  • Redução gradual da produção e do consumo combustíveis fósseis;
  • Políticas para descarbonizar a indústria e a energia, por meio da economia circular, armazenamento de energia, CCUS e hidrogênio verde.

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Fim do financiamento público ao carvão

Segundo o site politico.com há rumores em Washington de que, além de uma meta de redução das emissões de carbono, os EUA também podem pedir formalmente o fim do financiamento público para projetos de carvão no exterior e restringir o apoio público ao gás natural, além medidas domésticas voltadas ao sistema financeiro.

“Além desses anúncios dos EUA, a cúpula de Biden pode ter poucas outras realizações substantivas”, diz a reportagem.

Notícias indicam que a Coreia e o Japão podem emitir novas declarações sobre o fim do financiamento público para projetos de carvão e aumentar suas metas de redução de emissões, enquanto o Canadá disse, em fevereiro, que aumentaria sua meta climática ao lado dos EUA.

“Esses anúncios do Japão, Coréia e Estados Unidos seriam um golpe significativo para o carvão, o combustível fóssil com maior intensidade de carbono. Isso também isolaria a China e a tornaria o último grande credor do mundo para projetos de financiamento de carvão”, observou David Sandalow, um ex-funcionário do governo Obama e Clinton que agora está no Centro de Política Energética Global da Universidade de Columbia.

Apesar do plano de neutralizar emissões de dióxido de carbono até 2060, a China — principal emissora de CO2, com 28% das emissões mundiais — continua, por exemplo, a aprovar novas usinas de carvão e seu plano não detalha quais serão as ações para atingir sua meta.

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