RIO – Em visita à China, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, assinou um memorando de entendimento, na última quarta (11/9), com a empresa chinesa Envision Energy, que espera investir US$ 1 bi em uma planta de fabricação de eletrolisadores na no país europeu.
Os eletrolisadores são equipamentos responsáveis por fazer a separação de moléculas de água para a síntese do hidrogênio verde, quando alimentados por energias renováveis.
Com uma capacidade prevista de cinco gigawatts de produção de eletrolisadores, o parque industrial será uma peça central para que a Espanha atinja sua meta de 11 GW de hidrogênio verde até 2030, conforme estipulado em sua estratégia nacional para o energético.
“Vocês estão contribuindo não só para nossa economia, mas nos ajudando a construir um futuro melhor”, disse o primeiro-ministro espanhol em vista à empresa em Xangai.
Também fará parte do projeto uma unidade de separação de ar (ASU) e uma instalação de síntese de amônia verde, com a meta de criar um modelo escalável para a produção de amônia verde – uma alternativa promissora aos combustíveis fósseis.
As obras estão programadas para começar na primeira metade de 2026.
Segundo o anúncio, a Envision também vem negociando com parceiros espanhóis e europeus para entrar na produção de hidrogênio verde e derivados, como e-metanol.
A Espanha vem se destacando no continente europeu como um potencial principal produtor e fornecedor de hidrogênio verde, devido a sua capacidade de geração de energia renovável, em especial solar e eólica.
“Com seus recursos ideais, escala de mercado e experiência, a Espanha está bem posicionada para ser o líder europeu em hidrogênio verde, e a Envision está animada em desempenhar um papel crucial no futuro energético verde do país “, disse Lei Zhang, fundador e presidente da Envision Energy.
Guerra comercial
Por trás da visita do primeiro-ministro espanhol à China, está a tentativa de apaziguar possíveis tensões relacionadas às barreiras da União Europeia aos carros elétricos chineses.
Em junho, o bloco anunciou a taxação em até 38% sobre veículos elétricos importados da China, e notificou montadoras como BYD, Geely e SAIC.
A decisão veio após uma investigação da Comissão Europeia concluir que os carros chineses se beneficiam “fortemente de subsídios injustos”, causando “uma ameaça de prejuízo econômico aos produtores de veículos elétricos da UE”.
Em encontro com o presidente chinês Xi Jinping, na quinta (12/9), ambos os líderes concordaram em manter um diálogo regular no mais alto nível, onde Pedro Sánchez também defendeu que a União Europeia reveja sua decisão.
“Não queremos uma guerra comercial que não beneficiaria ninguém (…) todos nós, não só os Estados-membros, mas também a Comissão Europeia, devemos reconsiderar a nossa decisão”, afirmou Sánchez.
A declaração veio no mesmo dia em que a Comissão Europeia rejeitou propostas feitas pela China para definir preços mínimos ou limites de volume para importações de veículos elétricos na UE.
Para o primeiro-ministro espanhol, apesar das diferenças que possam existir em certas áreas, “os pontos em comum são mais importantes”.
Ele fez um apelo à cooperação, especialmente entre Europa e China, duas regiões que “desempenham um papel central no mundo”, em especial no assunto da transição energética.
E destacou “o enorme potencial de crescimento da relação entre Espanha e China”, especialmente em indústrias verdes e inovadoras”.