A francesa Engie e a portuguesa EDP planejam investir na produção de hidrogênio verde (H2V) no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP).
Nos próximos dias, as companhias devem assinar um memorando de entendimento com o governo do Ceará para fazer parte do hub de hidrogênio do CIPP, que já conta com quatro memorandos assinados até agora: Enegix, White Martins, Qair e Fortescue.
A Engie e a EDP são sócias na Ocean Winds (OW Offshore), join venture 50%-50% criada em 2019, com sede na Espanha.
Segundo a OW Offshore, a empresa não participa das tratativas com o governo do Ceará.
Atualmente, a OW Offshore está licenciando cinco parques eólicos offshore no Brasil, com 15 GW de capacidade — a maioria de grande porte. Projetos no Rio Grande do Sul (700 MW e 6,5 GW); Rio de Janeiro (5 GW); Rio Grande do Norte (2 GW); e Piauí (999 MW).
A combinação dos portos com os novos parques eólicos offshore atrai investidores interessados no hidrogênio verde.
A expectativa é que a nova fonte de energia renovável seja capaz de suprir uma parte relevante da enorme demanda de eletricidade necessária na eletrólise para sintetização do H2V.
EDP e Engie já operam no Ceará. A EDP com a termelétrica a carvão UTE Pecém – I, localizada no CIPP, e a Engie com o Conjunto Eólico Trairi.
O parque eólico onshore da francesa possui um total de 212,6 MW de capacidade instalada e 102,3 MW de garantia física para comercialização.
Na semana passada, representantes da Engie se reuniram com o Ministério de Minas e Energia e a Empresa de Pesquisa Energética para discutir hidrogênio.
A companhia espera desenvolver 4 GW de capacidade de H2V no mundo até 2030.
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Hidrogênio para substituir carvão em térmicas
No caso da EDP, o hidrogênio verde é considerado essencial para viabilizar a continuidade das operações da companhia no Ceará.
Como meta do seu programa de descarbonização, em janeiro a companhia desativou sua termelétrica em Sines, Portugal, também abastecida a carvão.
A EDP fazia parte de um consórcio ao lado da Galp, REN, Martifer, Vestas e Engie, que pretendia criar um hub de H2V na região onde está a usina e com isso convertê-la para a utilização de hidrogênio verde como combustível, já até o fim de 2022. Porém, em maio deste ano, EDP e Galp abandonaram o projeto.
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Eólicas offshore no Pecém
A francesa Qair prevê uma planta de geração eólica offshore com capacidade instalada de 1.216 GW, na plataforma de Acaraú-Ceará e uma planta de eletrólise com capacidade de 2.240 MW, para produção de aproximadamente 296 mil toneladas hidrogênio verde por ano.
O investimento total previsto é de US$ 6,95 bilhões, com geração de dois mil empregos durante a construção das plantas e 600 empregos diretos na operação dos projetos.
A expectativa da empresa, com sede no Ceará, é produzir, armazenar, transportar e comercializar o combustível renovável já a partir de 2023.
A fabricante chinesa Mingyang também pretende instalar uma torre eólica piloto com 15 MW de potência – voltada para o offshore – próximo de Pecém.
Previsto para 2022, o projeto contará com uma turbina de alta capacidade nos padrões atuais, mercado em disputa pelos fornecedores globais.
A empresa avalia a instalação de uma fábrica no porto para atender ao mercado eólico brasileiro, tanto em terra quanto para os futuros parques marítimos.
Representantes da Mingyang, Saipem e BI Participações e Investimentos se reuniram com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet) do Ceará na semana passada. A BI desenvolve campos offshore no Nordeste.
Atualização: ao contrário do informado inicialmente, a OW Offshore diz não participar das tratativas envolvendo o governo do Ceará.
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