BRASÍLIA — A Engie Brasil Energia firmou nesta quinta (6/4) um protocolo de intenções com a agência privada de atração de investimentos Invest Paraná, para desenvolver projetos de grande escala de produção de hidrogênio verde no estado. O documento é um instrumento de cooperação que, geralmente, antecede um acordo com atribuições mais definidas.
Segundo, Eduardo Sattamini, diretor-presidente e de Relações com Investidores da Engie, a estratégia global da companhia é criar uma posição forte em hidrogênio e o Brasil será fundamental para isso. Globalmente, o grupo pretende implementar a produção de 4 GW de hidrogênio verde até 2030.
No Brasil, a companhia tem um portfólio de cerca de 10 GW em energia renovável, além de parcerias firmadas no hub de hidrogênio de Ceará.
No Porto do Pecém, a empresa pretende começar com 100 MW a 150 MW de capacidade instalada de eletrólise, em até cinco anos, com potencial de potencial de expansão até o final da década. O foco é a exportação da molécula de hidrogênio verde ou seus derivados.
“Entendemos que essas parcerias são fundamentais para fomentar e acelerar a agenda de transição energética. Queremos ser protagonistas nas soluções para a descarbonização de diferentes setores industriais e suas cadeias de suprimentos”, explica Sattamini.
Hidrogênio natural no São Francisco
Além do verde, a Engie está estudando o potencial brasileiro de hidrogênio branco, produzido direto da exploração de reservas naturais do gás.
Estudos feitos em parceria, que envolveram as consultorias Georisk e Geo4u, pesquisadores no Brasil e na França, identificaram a presença de hidrogênio no solo e poços profundos da Bacia do São Francisco, e altas concentrações de hidrogênio em reservatórios.
A pesquisa indica a “existência de sistemas ativos desse gás em pelo menos três pontos da região”.
Apesar desses estudos iniciais, o potencial de produção comercial ainda é desconhecido.
Pesquisas lideradas pela Engie desde 2018 apontam que o país pode dispor de potencial de hidrogênio natural em pelo menos mais três estados: Ceará, Roraima e Tocantins.
Os artigos de 2019 e 2021 foram assinados por Isabelle Moretti, Chief Scientific Officer da Engie, e são citados no capítulo do Plano Decenal de Energia (PDE) 2031.
Saída do carvão
Em setembro de 2022, a Engie assinou contrato para venda de Pampa Sul, para os fundos de investimento Grafito e Perfin Space X, geridos pela Starboard e Perfin, respectivamente. O valor da transação é de R$ 2,2 bilhões, incluindo dívidas de R$ 1,8 bilhão.
Marca a saída do grupo francês da geração a carvão no Brasil, como parte de sua estratégia de descarbonização. No ano passado, vendeu o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, em Santa Catarina, para a Diamante Energia, que, portanto, seguirá em operação — Mais em Projeto que beneficia térmicas a carvão de Santa Catarina vai à sanção.
A Engie já havia descomissionado duas usinas, Alegrete e Charqueadas, ambas no Rio Grande do Sul.