Energia

Empresas brasileiras precisam exportar energia renovável, diz executivo da Siemens

Companhia trabalha em soluções tecnológicas para produção de hidrogênio verde

Exportação de hidrogênio: Brasil precisa aproveitar energia renovável da matriz, defende VP de Smart Infrastructure da Siemens Brasil, William Pereira (Foto: Siemens Brasil)
Vice-presidente de Smart Infrastructure da Siemens Brasil, William Pereira (Foto: Divulgação)

RIO – Para o vice-presidente de Smart Infrastructure da Siemens Brasil, William Pereira, o Brasil precisa aproveitar sua matriz elétrica predominantemente renovável para exportar energia, via hidrogênio e amônia verde, para países com dificuldade de descarbonizar sua matriz energética.

“Como utilizar a nossa matriz que é totalmente renovável para exportar energia para países que não tem energia renovável ainda. Como alavancar a parte de produção de hidrogênio verde para conseguir exportar isso?”, disse o executivo, em entrevista à agência epbr.

Ele lembrou que a matriz brasileira alcançou em torno de 87% de renovabilidade em 2022, enquanto a produção de eletricidade a carvão cresceu na Europa.

“A política pública sem dúvida vai destravar muita coisa, mas temos outros caminhos (…) Os próprios empresários brasileiros têm que olhar como podemos exportar a energia que é renovável e mandar isso para países que hoje estão sofrendo para conseguir fazer essa transição energética”.

Hubs de hidrogênio verde

A Siemens trabalhou no desenho do sistema elétrico de uma planta de eletrólise da Shell de 200 megawatts para produção de 60 toneladas de hidrogênio verde por dia, no Porto de Roterdã, na Holanda.

Entre os desafios enfrentados pelo projeto estavam a otimização dos investimentos e a redução do tempo de implementação, além da garantia de fornecimento de energia estável.

“Como os nossos sistemas, conseguimos até 20% de redução do investimento e a redução dos estudos pré-engenharia”, diz César Possatto, desenvolvedor de negócios da Siemens.

Por aqui, a companhia acredita que o porto do Açu, no Rio de Janeiro, onde a Shell também possui um projeto piloto de produção de hidrogênio verde, e o porto do Pecém, no Ceará, podem ser hubs para sintetização desse energético.

“O Brasil pode se tornar um grande hub na fabricação e processamento do hidrogênio verde. Os portos de Açu e Pecém são potenciais para trabalhar com essa matéria”, afirma Possatto.

Descarbonização da indústria

Além de tecnologia para produção de hidrogênio verde, a Siemens também aposta em soluções que auxiliem os setores industriais e de transporte para descarbonização das suas atividades.

“Descarbonização não é um custo, é um investimento. É o primeiro paradigma que o CEO de uma companhia precisa quebrar”, defende Pereira.

Ele cita o exemplo da eletrificação da indústria e eficiência energética como fatores de redução de custos ao mesmo tempo em que contribuem com a redução das emissões.

“As empresas estão cada vez mais migrando para uma geração de energia que menos CO2 (…) Como parte da matriz elétrica é fóssil, se há eficiência energética dentro da planta, utiliza-se menos energia e, consequentemente, se está descarbonizando”.

No Brasil, a companhia também atua oferecendo tecnologias de infraestrutura para recarga de veículos elétricos.

“Temos clientes que estão começando a descarbonizar suas frotas administrativas, instalando estações de cargas dentro das empresas para carregar os carros elétricos, e depois indo para frotas operacionais, com os caminhões que rodam fazendo as manutenções”, explica o VP da Siemens.