RIO — A Eletrobras, a alemã SEFE (Securing Energy for Europe) e a EnerTech, empresa soberana do Kuwait, firmaram um acordo para estudar a produção de até 200 mil toneladas de hidrogênio verde no Brasil, com destino ao mercado alemão e europeu a partir de 2030.
O Acordo de Estudo Conjunto (JSA, em inglês), assinado nesta quarta (13/11) em Berlim, na Alemanha, prevê o desenvolvimento de uma planta no Brasil, utilizando energia gerada pelas hidrelétricas da Eletrobras.
Segundo o presidente da Eletrobras, Ivan Monteiro, a parceria está alinhada com a estratégia da empresa de ampliar a oferta de soluções renováveis.
“Esta assinatura simboliza o investimento em uma tecnologia que enxergamos como fundamental para o futuro: o hidrogênio verde”, afirmou Monteiro.
A EnerTech será responsável pela infraestrutura de produção, enquanto a SEFE ficará a cargo da comercialização e transporte do hidrogênio em forma de amônia para a Alemanha — que espera ter sua até 70% da sua demanda por hidrogênio atendida por importações.
De lá, o produto será distribuído para sua base de clientes em toda a Europa através de uma infraestrutura dedicada.
Energia limpa para a Europa
O projeto é a primeira colaboração da SEFE com um parceiro na América do Sul.
“Esta é nossa primeira parceria na região para o desenvolvimento sustentável e o fornecimento de energia. Ao adicionar esses suprimentos ao nosso portfólio, reafirmamos nossa ambição de garantir o abastecimento de energia para a Europa e liderar a transição energética”, declarou Egbert Laege, CEO da empresa alemã.
Já o presidente da EnerTech, Anas Meerza, disse que a colaboração está alinhada com os planos do Kuwait de promover a produção de energia mais sustentável.
Acordos para hidrogênio verde
Uma das maiores geradoras de energia renovável do Brasil, a Eletrobras mais do que fornecer eletricidade para projetos de hidrogênio verde de larga escala, espera se consolidar como parceira na operação de eletrolisadores.
A companhia sui diversos memorandos de entendimento (MoU) para avaliar oportunidades de negócios na cadeia de produção de hidrogênio verde e derivados.
Entre eles, o de fornecimento de eletricidade renovável ao projeto da Green Energy Park, no Piauí.
Em junho, juntamente com a Suzano, maior produtora mundial de celulose, anunciou uma parceria para estudar a produção de e-metanol feito a partir de hidrogênio verde – produzido através da eletrólise da água – e de CO2 biogênico, gerado da biomassa da unidade de produção da Suzano.
Em março de 2024, a Eletrobras assinou um MoU com o braço no Brasil da Paul Wurth, de Luxemburgo, para parceria no mercado de produção e utilização de hidrogênio renovável em processos industriais no Rio de Janeiro. E, em abril, com o governo do Maranhão, para o suprimento de energia renovável na cadeia de H2.
No final do ano passado, a planta de hidrogênio renovável da usina hidrelétrica de Itumbiara, operada pela Eletrobras Furnas, na fronteira de Minas Gerais com Goiás, obteve a primeira certificação brasileira de hidrogênio renovável da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). A produção acumulada chegou ao final de 2023 somando duas toneladas.