A EDP anunciou nesta quarta (1º) a implantação de sua primeira usina de produção de hidrogênio verde (H2V) do Ceará. Expectativa é que a unidade piloto comece a operar no fim de 2022, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP).
Como antecipado pela epbr em julho, o projeto fará parte do hub de hidrogênio verde que vem sendo desenvolvido pelo estado.
De acordo com a companhia, serão investidos R$ 41,9 milhões na planta que contempla uma usina solar com capacidade de 3 MW e um módulo eletrolisador para produção do combustível a partir de energia renovável.
A unidade modular terá capacidade de produzir 250 Nm3/h de H2V.
Além da EDP, o Ceará possui outros quatro memorandos de entendimento com empresas para construção de unidades produtoras de H2V (White Martins, Qair, Fortescue e Enegix), e mais uma dezena em andamento.
Segundo o CEO da EDP no Brasil, João Marques da Cruz, o estado foi escolhido para sediar o projeto por reunir características estratégicas para introdução do hidrogênio verde no Brasil.
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“(…) Seja por seu excepcional potencial solar e eólico – fundamental para a produção do gás – seja por sua localização e pela oferta de excelente infraestrutura para o escoamento desse produto ao mercado internacional”, afirma o executivo, em nota.
A empresa, com atuação em todos os segmentos do setor elétrico brasileiro, pretende desenvolver um mapa com análises de cenários de escala, considerando todos os elos da produção do H2V, além de modelos de negócios, parcerias com indústrias e uso do combustível nos transportes rodoviário, ferroviário, aéreo e marítimo.
“Este projeto posicionará o Ceará de forma pioneira na geração de conhecimento sobre o tema e no centro de uma vasta cadeia produtiva e de aplicação desse combustível”, comenta João Marques.
A usina de hidrogênio verde também é parte da estratégia de descarbonização da companhia e busca viabilizar a continuidade das atividades de sua termelétrica no CIPP, a UTE Pecém – I, hoje abastecida a carvão.
A ideia é futuramente substituir o carvão pelo H2V.
Como meta do seu programa de descarbonização, a EDP já tinha desativado, no início do ano, uma de suas termelétricas a carvão em Portugal.
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Demanda por hidrogênio deve crescer 4% em 2021
Levantamento da S&P Global Platts Analytics aponta que a demanda global por hidrogênio puro (H2) deve crescer 4% em 2021, alcançando 73,8 milhões de toneladas.
O estudo também identificou que haverá um acréscimo de 2,9 milhões toneladas/ano na capacidade de produção de hidrogênio até 2025.
Segundo Roman Kramarchuk, chefe de Análise de Energia do Futuro da S&P Global Platts, esse aumento da demanda e oferta de H2 está sendo impulsionado pelos compromissos de descarbonização assumidos pelas principais nações ao redor do mundo.
“O hidrogênio está entre as soluções mais promissoras para lidar com as emissões de setores de difícil descarbonização — como processos do setor industrial e transporte pesado –, ao mesmo tempo que serve como meio para armazenamento de longa duração”, disse à epbr.
À frente desse movimento está a Alemanha, que pretende ser neutra em carbono até 2045 e anunciou plano de investimento de € 9 bilhões para desenvolver tecnologias ligadas ao hidrogênio.
Desse total, € 2 bi serão para parcerias internacionais com países onde o H2V pode ser produzido com menor custo, a exemplo do Brasil.
A França, que hoje já utiliza cerca de um milhão de toneladas de hidrogênio por ano, também anunciou meta para que 40% desse total seja livre de carbono até 2028.
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