Diálogos da Transição

Descarbonização do transporte pede “senso de urgência maior”, diz estudo

Relatório da DNV mostra que participação do transporte nas emissões globais de GEE deve crescer de 25% hoje para 30% até 2050

bp inaugura primeiro corredor de carregamento público para caminhões elétricos na Europa. Na imagem: Caminhão elétrico conectado a carregador em estação da bp com capacidade para atender mais de 20 caminhões, por carregador, por dia (Foto: Divulgação/bp)
bp inaugura primeiro corredor de carregamento público para caminhões elétricos na Europa; estações podem atender mais de 20 veículos, por carregador, a cada dia (Foto: Divulgação/bp)

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Editada por Nayara Machado
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Relatório da DNV lançado esta semana mostra que a participação do transporte – dos caminhões aos aviões e navios – nas emissões globais de gases de efeito estufa (GEE) deve crescer de 25% hoje para 30% até 2050.

Nas próximas três décadas, a frota global de veículos crescerá de 1,2 bilhão para 2 bilhões de veículos, os voos de passageiros em 130% e as toneladas-milhas de carga no mar aumentarão 35%.

Acomodar esse crescimento enquanto reduzimos as emissões é o grande desafio e demanda um senso de urgência maior, observa Remi Eriksen, CEO da DNV, empresa que fornece serviços para vários setores, incluindo marítimo, petróleo e gás, energia renovável e eletrificação.

“Grande parte do transporte será descarbonizado e as emissões reduzirão cerca de 40% até meados do século. Mas até então a contribuição relativa do transporte para as emissões globais terá aumentado para um terço, o que implica que o setor precisa enfrentar a descarbonização com um senso de urgência muito maior”, explica Eriksen.

Eficiência é uma palavra-chave. Apesar do aumento de fluxo de caminhões, aviões e navios, o avanço da demanda geral de energia para o segmento é estimado em 114 EJ/ano em 2050, ante 105 EJ/ano em 2020. O cálculo considera as eficiências associadas à eletrificação do transporte rodoviário.

Por outro lado, uma das dificuldades apontadas no estudo é que uma parte significativa do transporte continuará dependente de combustíveis fósseis, embora a eletrificação prometa alcançar 78% do modal rodoviário até 2050.

E o que antes parecia quase impossível deve começar a ganhar mercado: a DNV aponta que em 2050, 2% da aviação e 4% do transporte marítimo pode estar eletrificada.

“Políticas nacionais de transporte com visão de futuro são essenciais para a competitividade regional e nacional em um mundo descarbonizado e cada vez mais conectado”, defende a DNV.

Para o grupo, o caminho para a descarbonização é claro: eletrificar o que pode ser eletrificado; abastecer o restante com biocombustíveis avançados sustentáveis, como biometano, diesel verde e combustível sustentável de aviação (SAF, em inglês).

E prepare-se para novos combustíveis baseados em hidrogênio a partir de 2035.

No caso do hidrogênio, a expectativa é de uma escalada na demanda para produção dos eletrocombustíveis, como o e-metanol para a navegação, a partir de meados da década de 2030.

A princípio, a geração de energia renovável – solar e eólica, principalmente –, deverá ser priorizada para uso direto de eletricidade no curto prazo até que haja excedente suficiente para a produção de hidrogênio em escala.

Mas até 2050, o uso de e-combustíveis deve alcançar 13% de participação no mix de combustível de aviação, e até 50% no setor marítimo, onde as alternativas de descarbonização para longa distância são limitadas.

“O que eletrifica será mais barato, mas o hidrogênio e os biocombustíveis sustentáveis não podem competir em custo com o petróleo e, portanto, precisam de diferentes alavancas políticas para escalar”, defende o relatório.

Política industrial

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) está traçando projetos para garantir a autonomia na cadeia de suprimentos de energias renováveis, afirmou o secretário adjunto da Secretaria de Desenvolvimento Industrial do MDIC, Felipe Machado.

“A ideia é livrar essa dependência e vulnerabilidade, o que não é diferente do que os países, como os Estados Unidos e a União Europeia, estão fazendo”, explicou o secretário.

Apesar do grande potencial em energias renováveis – cerca de 217 GW em parques solares e eólicos –, o Brasil ainda carece de equipamentos industriais, importando a maior parte dos maquinários voltados à produção, segundo o entendimento da pasta.

Enquanto isso, o cenário internacional é de desenvolvimento e, principalmente, disputa pelo domínio da tecnologia com foco na transição energética.

Com incentivos próprios, a China lidera a produção mundial de turbinas, baterias para eólicas, entre outros componentes para painéis solares, por exemplo. Leia na matéria de Millena Brasil

Na indústria de eólicas offshore, o mercado aguarda ainda uma definição sobre os primeiros leilões de áreas. Os projetos com pedidos de licenciamento registrados no Ibama já somam quase 183 GW de potência.

Petrobras e TotalEnergies esperam que o governo federal faça a primeira licitação em 2024. A expectativa é compartilhada pelo IBP, que representa as produtoras de petróleo.

“Temos expectativa de um leilão no segundo semestre do ano que vem e estamos nos preparando para isso”, disse Fernanda Scoponi, gerente sênior responsável pelo desenvolvimento de negócios de energia eólica offshore da TotalEnergies no Brasil.

Cobrimos por aqui:

 

Curtas

De olho em novas energias

A vice-presidente da EDF Renewables Brasil, Raíssa Cafure Lafranque, foi eleita membro do Conselho de Administração da ABEEólica, para o biênio 2023/2025, na categoria “Desenvolvedores e Investidores”. No setor de energia há mais de dez anos, a executiva atua diretamente na viabilização de projetos, além de liderar a estruturação de novas tecnologias, como a eólica offshore e o hidrogênio verde.

“O Brasil tem um enorme potencial energético e tudo para tornar-se um líder global na transição energética. No conselho, espero trazer a visão e expertise da EDF Renewables para ajudar no crescimento sustentável das cadeias onshore e offshore, além de contribuir para um ambiente mais diverso, aumentando a presença feminina”, afirma Raíssa.

Fundo de US$ 12 milhões procura oportunidades de investimento

O Catalytic Climate Finance Facility (CC Facility) está com uma chamada aberta para veículos de financiamento climático misto em estágio inicial e prontos para o mercado que buscam doações e suporte técnico para expansão. Com um tamanho inicial de US$ 12 milhões, o CC Facility planeja aumentar seu financiamento para US$ 100 milhões.

Serão selecionadas soluções promissoras para lançar e escalar projetos em setores que são gravemente subfinanciados nos países em desenvolvimento. Há uma chamada especial para ideias voltadas para a adaptação climática para a agricultura na África Subsaariana e no Sul da Ásia. As inscrições devem ser enviadas no site da Convergence até 26 de maio e serão revisadas continuamente.

Títulos verdes

Nos EUA, o financiamento sustentável está afundando sob o peso da politização da extrema-direita, mas em todos os outros lugares o setor está crescendo. As vendas globais de títulos sustentáveis ​​tiveram o mês de abril mais movimentado já registrado, totalizando US$ 83,4 bilhões no mês passado, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Geração própria

A EDP Renováveis instala na China o maior projeto solar de geração distribuída do grupo, com para autoconsumo de 19 Megawatts-pico (MWp) na província chinesa de Anhui. Os 35 mil painéis foram instalados no telhado de uma fábrica de eletrônicos e tem um contrato de longo prazo de 20 anos. A construção começou no início deste ano e demorou menos de 5 meses para ser concluída. O sistema vai gerar mais de 22 GWh de energia por ano, o que equivale à compensação de cerca de 19 mil toneladas de emissões de carbono.

Vagas de estágio

A Aker Solutions lançou nesta quarta (10) um programa de estágio em engenharia com foco em mulheres. A oportunidade é para atuar na unidade de São José dos Pinhais, no Paraná, em regime híbrido. As inscrições podem ser feitas até o dia 9 de junho. Informações e inscrições clique aqui

Já o Grupo Safira, que atua no segmento de geração distribuída, está com cinco vagas abertas no seu programa de estágio de 2023, nas áreas de Compliance, Comunicação e Marketing, Exatas, Humanas e Infraestrutura. A carga horária é de 6 horas diárias. Inscrições pelo site estagiogruposafira.gupy.io até o dia 31 de maio.

E na Vibra, oportunidades para estudantes dos níveis técnico e superior, distribuídas em 17 cidades e 11 estados. Os cursos variam: Administração, Arquitetura e Urbanismo, Comércio Exterior, Comunicação Social, Ciências Contábeis, Direito, Design Gráfico, Engenharia, Psicologia e Sistemas da Informação, entre outros. Informações e inscrições clique aqui